terça-feira, 8 de julho de 2008

Reflexões sobre a Escatologia

Escatologia Individual (I) – A Morte

No estudo da Teologia Sistemática encontramos, dentre outros temas, a Escatologia, ou seja, o estudo das Últimas Coisas ou a Doutrina das Últimas Coisas. Dentro do estudo da Escatologia encontramos diversos temas, como por exemplo: A Morte e o Estado Intermediário (Escatologia Individual), a Segunda Vinda do Senhor, a Grande Tribulação, o Arrebatamento da Igreja, o Reino Milenial, a Ressurreição Corporal, o Julgamento Final e o Estado Eterno (Escatologia Geral).
Começaremos nesses artigos a falar sobre a morte que é o primeiro tema da Escatologia Individual.
Deus, ao criar o homem, deu-lhe uma ordem de que poderia comer de todos os frutos das árvores do Jardim do Édem menos o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Disse ainda Deus que se o homem comesse desse fruto certamente morreria (Gn 2.15-17). Enganado pelo diabo o homem comeu do fruto proibido, pecando contra Deus, desobedecendo a Sua ordem e atraindo sobre si e sobre todos os seus descendentes a morte como conseqüência do seu pecado (Gn 3.1-24). Mais tarde escrevendo aos Romanos o apóstolo Paulo disse que por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte e que essa morte passou a todos os homens porque todos pecaram em Adão. (Rm 5.12). Disse ainda Paulo que “O salário do pecado é a morte” Rm 6.23.
A morte na perspectiva bíblica tem três dimensões, a saber: a morte espiritual – a separação do homem de Deus (Romanos 3.23; Efésios 2.1;...); a morte física – a separação da alma ou espírito do corpo (Eclesiastes 12.7; Tiago 2.26,...); e a morte eterna – a eterna separação do homem de Deus (2 Tessalonicenses 1.9, Salmo 9.17,...). Todas as pessoas que nascem, por causa do pecado, já nascem mortas espiritualmente. Veja Romanos 5.12. A morte física é uma experiência que dispensa comentários, porque está no cotidiano da vida do homem. A morte eterna dar-se-á quando o homem morre fisicamente estando afastado espiritualmente de Deus.

Escatologia Individual (II) – O Estado Intermediário

O Estado Intermediário é o segundo e último tema tratado pela Escatologia Individual, e é o estado que o individuo experimentará no período de tempo entre a sua morte física e a sua ressurreição corporal.
Por causa da escassez de material bíblico surgiram diversas heresias quanto ao assunto: o sono da alma, o purgatório, a teoria do aniquilamento, etc, mas o material bíblico existente nos dá uma idéia clara desse assunto.
Por ocasião da morte física, a parte espiritual do homem (alma ou espírito) se projetará na eternidade e será recolhida em um dos dois lugares distintos no outro lado da vida onde subsistirão até o dia da ressurreição dos seus corpos: uns descansarão no paraíso na presença de Deus e outros sofrerão num lugar afastado de Deus.
Na parábola do rico e Lázaro proferida pelo Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, (Lucas 16.19-31), encontramos a revelação do estado das almas no Estado Intermediário, e que essas almas em estado de consciência, estão sofrendo (o ímpio ou o descrente) (Lc 16.23,24,27,28,30) ou gozando (o justo ou o crente em Cristo) (Lc 16.25). (Em relação ao estado intermediário dos salvos leia ainda Hb 12.23 e Ap 6.9—11), aguardando o grande dia da Segunda Vinda do Senhor quando ressuscitarão para comparecem diante de Deus (os salvos para serem galardoados e os ímpios para serem julgados e definitivamente condenados) e definidamente irem para o lugar reservado para elas (Céu ou Inferno). Diz ainda a Bíblia que esses estados no Estado Intermediário são definidos não havendo possibilidade de ser alterados. Isto quer dizem que quem partir deste mundo salvo, salvo continuará nele. Quem partir perdido, perdido continuará até o julgamento final.

Escatologia Geral (I) - A Segunda Vinda do Senhor

Dando continuidade ao estudo da Escatologia trataremos nos itens seguintes os temas identificados na Escatologia Geral (a Segunda Vinda do Senhor, o Arrebatamento da Igreja, a Grande Tribulação, o Reino Milenial, a Ressurreição Corporal, o Julgamento Final e o Estado Eterno).
Neste artigo, abordaremos a Segunda Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo que é o primeiro evento estudado pela Escatologia Geral. A Segunda Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo é, dentro dos eventos escatológicos, o mais bem documentado do Novo Testamento. Em quase todos os livros dessa porção das Escrituras temos pelos menos um registro desse glorioso evento. Três palavras foram usadas pelos escritores do Novo Testamento quando faziam referência a Segunda Vinda do Senhor: Parousia (1 Ts 3.13; 4.15; ...) que tem o sentido transliterado de presença, vinda, chegada; Apocalipse (1 Co 1.7; 2 Ts 1.6,7; 1 Pe 4.13; ...) que significa revelar, trazer à luz aquilo que estava oculto; e Epifania (1 Tm 6.14; 2 Tm 4.8; Tt 2.13,14; ...) que significa aparecimento.
O Senhor Jesus, ao longo de seu ministério terreno, já vinha profetizando que depois que realizasse a obra redentora e voltasse ao Pai, aos Céus, voltaria a este mundo para buscar a Sua Igreja, que resgatara com o Seu precioso sangue. Em João 14.2, encontramos uma dessas profecias: "E, quando eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também".
A segunda vinda do Senhor é o próximo grande evento escatológico tendo como conseqüência imediata o Arrebatamento da Igreja. O apóstolo Paulo escrevendo aos Tessalonicenses explica como acontecerá esse tão esperado evento: "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor" 1 Ts 4.16,17.
A segunda vinda do Senhor Jesus tem algumas características que precisam ser conhecidas de todos: A primeira delas, é que será uma vinda pessoal. O texto de Tessalonicenses diz que o Senhor mesmo descerá dos céus. Em Atos 1.11 encontramos dois anjos dizendo aos discípulos do Senhor: "Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir". A segunda característica é que será uma vinda física e, conseqüentemente, visível, ou seja, o Senhor Jesus voltará com o corpo que ressuscitou dos mortos, dando ensejo para que todos O possam ver: "Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o transpassaram; ..." Ap 1.7. "Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu,..." Mt 24.30. A terceira característica é que será uma vinda gloriosa. Jesus veio a primeira vez em humilhação, mas virá a segunda vez com poder e grande glória. "... e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" Mt 24.30. " E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória" Mt 25.31.
Quanto à data da Segunda Vinda não nos foi revelado nem pelo Senhor nem pelos Seus apóstolos. O Senhor Jesus disse que daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos nem o próprio Filho como homem sabia (Mt 24.36; 25.13; ...). É uma data da exclusiva competência de Deus. A Igreja não está autorizada a marcar a data da Segunda Vinda do Senhor. Todos que se aventuraram a datar esse grandioso evento ficaram decepcionados, pois entraram numa área que não lhes competia e sim a Deus.
Quando a época da Segunda Vinda, em relação ao período tribulacional, existem pelos menos três posições escatológicas: O Pré-Tribulacionismo que ensina que a Segunda Vinda do Senhor, e o conseqüente Arrebatamento da Igreja, ocorrerão antes do estabelecimento da Grande Tribulação. O Meso -Tribulacionalismo que prega que a Segunda Vinda do Senhor e o conseqüente Arrebatamento, ocorrerão no meio do período tribulacional e o Pós – Tribulacionismo que ensina que a Segunda Vinda do Senhor ocorrerá logo após a Grande Tribulação.
Amados irmãos, a segunda vinda do Senhor Jesus é certa, preparemo-nos, portanto, para esse grande evento a fim de sermos achados por Ele em paz e em santidade.

Escatologia Geral (II) – O Arrebatamento da Igreja

Dando continuidade ao estudo da Escatologia Geral, trataremos neste artigo sobre o Arrebatamento da Igreja que é a segunda coisa que deve acontecer no plano escatológico de Deus.
O Arrebatamento da Igreja foi profetizado pelo Senhor Jesus Cristo em Jo 14.3: “E quando eu for e vos preparar lugar virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”. Paulo tratou também do assunto em 1 Ts 4.17: “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”. Em 2 Ts 2.1, Paulo falou da nossa reunião com Cristo na sua segunda vinda. “Ora, irmãos, rogamos-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele”.
No arrebatamento da Igreja, três coisas irão acontecer seqüencialmente: a) A ressurreição dos crentes falecidos – “Os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” 1 Ts 4.16; b) A transformação dos crentes vivos – “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” 1 Co 15.51,52; c) O encontro da Igreja com Cristo no céu atmosférico – “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares,...” 1 Ts 4.17.
Observemos amados que o arrebatamento da Igreja está intimamente ligado à segunda vinda de Jesus Cristo. No devido momento os céus se abrirão e o Senhor Jesus descerá em glória para buscar a sua Igreja, que Ele resgatou com o seu precioso sangue. Preparemo-nos, portanto, para esse glorioso evento.

Escatologia Geral (III) – A Grande Tribulação

Dando continuidade aos assuntos baseados no tema geral da Escatologia Geral, trataremos neste artigo do terceiro acontecimento previsto no programa escatológico de Deus que é a Grande Tribulação ou o Período Tribulacional.
Antes mesmo de o assunto ser tratado no Novo Testamento, os profetas antigos já fazia menção ao “grande e terrível dia do Senhor”, dia esse ou período de tempo em que a humanidade sofreria os terríveis castigos de Deus (Jl 2.31; Ml 4.5;...).
O Senhor Jesus em seu sermão escatológico registrado nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, falou sobre um período de tribulação para todos, o qual nunca aconteceu antes nem acontecerá depois dele e que se não fora abreviado por causa dos eleitos, ninguém escaparia. “Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tão pouco há de haver”. Mt 24.21. Falando a Igreja de Filadélfia (Ap 3.10) o Senhor Jesus disse que guardaria a Igreja da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro para provar os que habitam na face da terra.
Esse Período Tribulacional corresponde aos juízos de Deus que serão derramados no mundo através dos sete selos, das sete trombetas e das sete taças previstos no livro de Apocalipse, como manifestação da ira de Deus sobre o mundo iníquo (Apocalipse 6 a 18).
No estudo da Escatologia discute-se se a Igreja irá passar pela Grande Tribulação ou não. Um grupo de teólogos acha que ela não irá passar pela Grande Tribulação, sendo arrebatada antes da sua instalação – são os Pré-Tribulacionistas. Outros admitem que a Igreja seja arrebatada no meio da Grande Tribulação – são os Meso-Tribulacionistas, e ainda outros pensam que a Igreja irá passar por esse Período, mas que será preservada por Deus dos juízos que serão derramados sobre todos – esses são os Pós-Tribulacionistas. Ainda se discute quando será a Grande Tribulação. Uns acham que ela já aconteceu no primeiro século – são os Preteristas. Outros acham que ela aconteceu ao longo da história – são os Historicistas e outros acham que ela será um acontecimento futuro – são os Futuristas.
É melhor pensar que o período tribulacional é um período de tempo concentrado de juízo sobre um mundo incrédulo e perverso e que não aconteceu ainda, apesar de Deus sempre ter tratado os pecados dos homens através de seus justos juízos ao longo da História, pois o Senhor Jesus disse que nunca aconteceu algo similar a esse período nem antes dele nem depois.
Quanto ao arrebatamento da Igreja em relação ao período tribulacional é melhor pensar, já que o mesmo ocorrerá concomitantemente com a segunda vinda do Senhor, que ele acontecerá após a Grande Tribulação, pois Paulo escrevendo aos tessalonicenses disse que a segunda vinda não ocorrerá antes de vir a apostasia e a manifestação do anticristo, coisas essas previstas no período tribulacional (2 Ts 2.1-12).

Escatologia Geral (IV) – O Reino Milenar

O quarto tema a ser tratado no programa escatológico de Deus, segundo as Escrituras, é o Reino Milenar ou o Milênio.
Os profetas antigos previram um tempo em que Deus iria implantar um reino, através de um representante seu onde imperasse a paz, a justiça e a prosperidade (Isaías 11; ...). Esse representante seria da casa real de Davi – o Messias. “Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre” 2 Sm 7.16. Esse reino iria submeter todos os reinos do mundo, que passariam para o seu controle. “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu, levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo, esmiuçará e consumirá todos estes reinos, e será estabelecido para sempre” Dn 2.44 (Veja ainda Dn 7.13,14, 27).
Devido à reiterada ênfase nesse reino nos escritos do Antigo Testamento, na época em que Jesus viveu neste mundo havia uma expectativa muito grande, por parte dos judeus, quanto à sua implantação. “Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?” Atos 1.6.
A expressão milênio foi tirada do texto de Apocalipse 20.1-4, onde há uma referência a um reino de mil anos, onde são mencionados os salvos ou a Igreja e Cristo, o Rei.
Os estudiosos bíblicos se dividem quanto à interpretação do Milênio, havendo três escolas de interpretação: 1) Existem aqueles que interpretam o Milênio como um reino literal, cuja capital será Jerusalém e que o rei Jesus governará o mundo com a Igreja e que esse reino durará mil anos. Acreditam, eles, que a segunda vinda de Cristo inaugurará o Reino Milenial – são os pré-milenistas; 2) Outros entendem que o Milênio não é necessariamente um período de mil anos e sim um período de tempo indeterminado em que as instituições sociais do mundo inteiro serão melhoradas, graças à poderosa ação do Evangelho, trazendo para o mundo um período de paz, justiça e prosperidade nunca visto, e que a segunda vinda do Senhor dar-se-á logo após esse período – são os pós-milenistas; Outros entendem que a mensagem do livro de Apocalipse é apresentada de forma simbólica, portanto, não se pode entender o Milênio como um reino literal e sim de natureza espiritual, símbolo da vida perfeita dos crentes nos céus. Esse grupo diz ainda que o Milênio seja o símbolo do reino de Cristo no coração dos crentes, fazendo-os gozar de paz com Deus, alegria e felicidade plena – são os amilenistas.
Considerando que a mensagem do livro de Apocalipse nos é apresentada de forma simbólica, e que a única referência a um reino de mil anos se encontra nele, é melhor optar pela linha amilenista por uma questão básica de coerência na interpretação desse precioso livro. Com isso descartamos a idéia de um milênio literal bem como a idéia de um milênio produzido pela pregação do Evangelho, tendo em vista que a Bíblia nos diz que, na medida em que se aproxima o fim de todas as coisas, o mundo piorará. Deve-se considerar, também, que uma opção literal do Milênio tem que se pensar nesse reino também para o estado israelita da atualidade, o que é incoerente dentro do esquema geral das Escrituras, que contempla os remanescentes judeus com as bênçãos celestiais no programa geral da Igreja, que é formada de judeus e gentios.

Escatologia Geral (V) - A Ressurreição dos Mortos

No programa divino está previsto que os mortos, tanto os salvos como os perdidos, ressuscitarão, os primeiros com corpos glorificados e os outros com corpos especiais, para puderem usufruir plenamente do gozo eterno ou suportar o juízo eterno, respectivamente.
O ser humano foi constituído por Deus de uma parte material (o seu corpo) e uma parte imaterial (a sua alma chamada também de espírito). “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” Gn 2.7. O pecado de nossos primeiros pais atingiu a alma e o corpo do ser humano. Tanto um como o outro sofreram as conseqüências do pecado de Adão. “Por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte; e a morte passou a todos os homens porque todos pecaram” Rm 5.12.
Ainda segundo o plano eterno de Deus, o homem integral (corpo e alma ou espírito) é responsável pelos seus atos morais praticados durante a sua existência neste mundo, gozando plenamente das bênçãos do Evangelho ou padecendo plenamente longe de Deus, no Estado Eterno, dependendo de sua decisão neste mundo de aceitar a Cristo como Salvador e Senhor de sua vida.
O Evangelho promete para o homem além da salvação de sua alma a ressurreição do seu corpo, glorificado, quando do segundo advento de Cristo. “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” 1 Ts 4.16. Escrevendo aos coríntios em sua primeira carta, o apóstolo Paulo discorreu num longo capítulo sobre a ressurreição dos crentes falecidos com corpos glorificados (1 Co 15.1-58). Escrevendo aos filipenses Paulo disse que o corpo dos crentes será transformado num corpo semelhante ao corpo de Cristo quando ressuscitou dos mortos, com as mesmas propriedades (Fp 3.20,21).
A doutrina da ressurreição tem respaldo tanto no antigo como no Novo Testamento. No Antigo Testamento encontramos o profeta Daniel dizendo sobre o assunto: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno” Dn 12.2. No Novo Testamento o Salvador disse, num de seus sermões o seguinte: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” Jo 5.28,29. Paulo explora profundamente o tema na sua primeira carta aos Coríntios, inclusive, dizendo que os crentes que estiverem vivos no dia da Segunda Vinda do Senhor, terão os seus corpos mortais revestidos de imortalidade, ou glorificados. Isto quer dizer que tanto os mortos salvos ressuscitados como os salvos que estiverem vivos terão corpos glorificados, semelhantes.
Quanto aos mortos que não são salvos, ressuscitarão também com corpos especiais, capazes de suportar o juízo divino, e com esses corpos sofrerão eternamente. Falando sobre o juízo final, o autor de Apocalipse assim se expressou: “O restante dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos... ” Ap 20.5. Veja ainda o que Daniel falou e o que também falou o Senhor Jesus no parágrafo anterior.

Escatologia Geral (VI) – O Juízo Final

O Juízo Final é o sexto tema a ser tratado no programa escatológico de Deus, segundo as Sagradas Escrituras.
A Bíblia Sagrada nos revela que na consumação de todas as coisas o ser humano, todos eles, exceto a Igreja, irão se apresentar diante de Deus para dar conta de sua mordomia (suas ações, suas palavras, seus bens, enfim, de sua vida). “E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras” Ap 20.11,12. (Veja ainda At 17.30,31).
A primeira coisa a ser considerada no estudo deste tema é que Deus, por ser o criador do homem, tem o direito de exigir dele a responsabilidade pelos seus atos praticados nesta vida. A segunda coisa é que o ser humano, como criatura que é, é moralmente responsável pelos seus atos diante de Deus e deles dará contas no dia do Juízo Final.
A doutrina do juízo final é embasada tanto pelas Escrituras do Antigo como do Novo Testamento (Sl 96.13; 98.9; Ec 3.17;...; At 17.31; Rm 2.16; 2 Ts 2.12; 1 Pe 4.5; Ap 11.18;...), sendo, portanto, uma doutrina bastante consolidada, dada à abundância de material bíblico.
No Juízo Final todos os seres humanos que serão julgados terão corpos especiais capazes de suportar o castigo ou punição que será distribuído por Deus. “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” Dn 12.2. “porque vêm à hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” Jo 5.28,29.
No Julgamento Final o Juiz será o Senhor Jesus Cristo. “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos” At 17.31. A Igreja glorificada nos céus também tomará parte nesse julgamento. “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo”?... Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?... 1 Co 6.2,3.
Os julgados serão condenados e banidos para sempre da presença de Deus, indo sofrer a punição eterna por causa do pecado, no inferno, lugar de sofrimento e dor. “Os quais por castigo padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder” 2 Ts 1.9. “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as gentes que se esquecem de Deus” Sl 9.17.
Satanás e seus anjos serão, também, julgados no dia do Juízo Final, e serão lançados no inferno, que foi preparado para eles. “Então dirá também aos que estiverem a sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” Mt 25.41.
Tratando-se dos salvos, os seus pecados já foram julgados em Cristo na cruz do Calvário, sendo os mesmos perdoados e justificados pelos méritos do Salvador, não havendo mais condenação para eles. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” Rm 8.1. Segundo a Bíblia, o único julgamento dos crentes é o referente à distribuição de galardões pelo serviço prestado ao Senhor (Rm 14.10; 1 Co 3.13,14; 15.58; 2 Co 5.10).

Escatologia Geral (VII) – O Estado Eterno

O último tema a ser tratado na Escatologia Geral é o Estado Eterno, ou seja, a consumação de todas as coisas, quando tudo será definido e continuará permanentemente sem alteração. O plano eterno de Deus em relação as suas criaturas morais tem início meio e fim. A execução do plano começou quando da criação dos seres morais - anjos e homens, e continuará até a consumação no futuro, numa época já definida pelo Todo-poderoso. Esse Estado Eterno envolve os seres morais (anjos e homens) e, evidentemente, a santíssima Trindade. Esse período se instalará logo após o Juízo Final, depois que o Senhor julgar os seres humanos e os anjos.
A Bíblia Sagrada nos fala deste assunto nestes termos: “Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora o último inimigo que a de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará aquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” 1 Co 15.24-28.
A Bíblia diz que quando da consumação de todas as coisas os crentes com seus corpos glorificados estarão para sempre com o Senhor (1 Ts 4.17), gozando plenamente da beatitude eterna, daquelas coisas preparadas por Deus para eles antes da fundação do mundo (1 Co 2.9). Diz ainda a Bíblia Sagrada que os descrentes padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e da glória do seu poder (2 Ts 1.9). Dos anjos diz a Bíblia que após o julgamento final o Diabo e seus anjos serão lançados no inferno quando, junto com os ímpios, e serão atormentados para todo o sempre (Ap 20.10).
Este mundo como nós o conhecemos será destruído (purificado) por fogo e Deus reorganizará as coisas criando novos céus e nova terra. “Mas o céu e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios... Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há, se queimarão... Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão. Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra em que habita a justiça” 2 Pe 3.7-13.
No livro de Apocalipse (21.1-4) nos é dito o seguinte: “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem prato, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”.

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