Este blog veicula reflexões bíblicas feitas pelo Reverendo Eudes Lopes Cavalcanti
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
A imortalidade da alma
Estudando a Antropologia, um dos
temas enfocados pela Teologia Sistemática, encontramos uma parte que trata da
natureza constitucional do homem, as partes que o compõe. É-nos dito pela
Antropologia, que é o estudo do ser humano a luz das Escrituras, que o mesmo é
composto de duas partes, a saber: uma parte material, aparente, o corpo e uma
parte espiritual, invisível, a alma chamada também de espírito.
Faz-se necessário que voltemos ao início da
Bíblia para compreendermos que, quando Deus criou o homem, o criou com uma
parte mortal, visível, o seu corpo e com uma parte imaterial que é a alma. “E
formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego
da vida; e o homem foi feito alma vivente” Gn 2.7. Aquele sopro de Deus (a transmissão da alma)
foi quem animou o corpo inerte, dando-lhe vida.
Essa substância espiritual, imaterial,
invisível que animou o corpo humano que fora feito por Deus é de natureza
imortal, ou seja, não experimenta a morte e nem se extingue.
Quando falamos de morte física, o que foi
visto no boletim anterior, falamos de uma separação das partes constitutivas da
natureza constitucional do ser humano. Quando da morte, o que irá se desfazer é o corpo mortal, que se tornará em pó, e a
parte imaterial se projetará na eternidade viva, consciente para um dos lugares
determinados por Deus (Céu para a alma redimida por Cristo e inferno para a
alma que não foi redimida), a fim de aguardar a consumação do programa divino
para a humanidade que é a ressurreição geral e o consequente julgamento
final, seguido do estado eterno.
Que a alma é imortal podemos constatar
isso através da parábola do Rico e Lázaro encontrada em Lucas 16.19-31. Nessa
parábola, onde é revelado por Jesus o outro lado da vida, é contada uma
brevíssima história de dois homens deste lado da vida. Um era rico e não se
preocupava com Deus; o outro era pobre, mas rico espiritualmente porque cria em
Deus. Ambos morreram fisicamente, e aí a santa Palavra de Deus nos revela a
imortalidade da alma. Diz-se do pobre, que
quando ele morreu (a sua a alma) foi levado pelos anjos para o seio de
Abraão (que representa Deus). Lá, na presença de Deus, Lázaro foi visto
consciente e sendo consolado no Céu. Quanto ao rico, assim que morreu foi
levado (a sua alma) pela força do decreto divino para um lugar de sofrimento,
longe da presença de Deus, que no Novo Testamento chama-se Hades.
Observem que quando se morre ninguém é
extinto. O rico estava sentindo tormento, viu a Lázaro de longe no seio de
Abraão, fez uma prece, um pedido a Deus, lembrou-se de que tinha cinco irmãos
em sua casa que ainda estavam vivos, pede a Deus que Lázaro volte à vida para
testificar para seus irmãos sobre a terrível realidade do inferno. Observem
ainda nessa revelação que todas as faculdades da alma daquele homem (vontade,
inteligência e emoções) estavam presentes e ativas.
Ainda outro texto que nos fala sobre a
imortalidade da alma é visto em Apocalipse 6.9-11. Ali são encontradas as almas daquelas crentes
que morreram pela fé em Cristo. Observem que elas estavam vivas, ativas, pois fizeram
uma prece a Deus pedindo-Lhe que abreviasse o juízo sobre os perseguidores da
Igreja. Observem ainda que foram vestidas de vestes brancas e foram consoladas
por uma palavra de Deus.
Outros textos são encontrados nas
Escrituras sobre a imortalidade da alma, principalmente aqueles que tratam do juízo
de Deus sobre os incrédulos quando é dito que o fogo do juízo nunca se apagará,
e que os ímpios serão atormentados para sempre (Mc 9.42-48; Mt 18.6-9; Ap 20.10-15).
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Escatologia Individual – a morte física
O estudo da Teologia Sistemática
contempla dez temas, a saber: Bibliologia, Teontologia, Antropologia,
Hamartiologia, Cristologia, Soteriologia, Angelologia, Pneumatologia,
Eclesiologia e Escatologia.
A palavra Escatologia é de origem grega e
compõe-se de dois vocábulos: escatos (últimas coisas) logia (estudo). Assim
sendo podemos conceituar de uma maneira simplificada Escatologia como o estudo
das últimas coisas ou a doutrina das últimas coisas.
A Escatologia divide-se em duas partes: a
Escatologia Individual que contempla os temas a Morte, a Imortalidade da Alma e
o Estado Intermediário, e a Escatologia Geral que contempla os temas a Segunda
Vinda do Senhor, a Grande Tribulação, o Arrebatamento da Igreja, o Milênio, a
Ressurreição Corporal, o Julgamento Final e o Estado Eterno.
Tratando-se da morte, a mesma à luz das
Escrituras, divide-se em três áreas, a saber: morte espiritual (separação do
homem de Deus), morte física (separação da alma, chamada também de espírito, do
corpo) e morte eterna (eterna separação do homem de Deus). Do ponto de vista da
Escatologia o interesse do estudo é voltado para a morte física e para a morte
eterna.
No que se refere a morte física, a mais
comum do ponto de vista humano, ocorre quando a alma se separa do corpo e
quando isso ocorre o corpo é depositado na sepultura para se decompor e a alma
se projeta para a eternidade. A morte física põe fim a existência do ser humano
na face da terra. Ela é consequência do pecado de nossos primeiros pais Adão e
Eva, e alcançou toda a descendência
humana. “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a
morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos
pecaram” Rm 5.12.
No Édem, Deus alertou ao homem que não
comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois se isso acorresse
o homem morreria como consequência da desobediência, e esse castigo não
contemplou somente o casal Adão e Eva, mas também toda a sua descendência, pois
Adão era o representante federal de todos os homens diante de Deus. “E ordenou
o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente,
mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em
que dela comeres, certamente morrerás” Gn 2.16,17. Por ocasião da queda do
homem no Édem, o Senhor Deus lavrou a sentença sobre o casal e sobre todos os
outros seres humanos. “No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te
tornes a terra; porque dela foste tomado, porquanto
és pó e em pó te tornarás” Gn 3.19.
Que a morte física é a separação das duas
substâncias que fazem parte da natureza constitucional do homem (alma ou
espirito e corpo) pode-se constatar isso pelas Sagradas Escrituras. “E
aconteceu que, tendo ela trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: Não
temas, porque também este filho terás. E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou o seu nome Benoni;...”
Gn 35.17,18. “e o pó volte a terra, como
o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” Ec 12.7. “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto,
assim também a fé sem obras é morta” Tg 2.26. “E apedrejaram a Estêvão, que em
invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o
meu espírito... E, tendo dito isto, adormeceu” At 7.59,60. “E, clamando
Jesus com grande voz, disse: Pai, nas
tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou” Lc 23.46.
No próximo domingo, se Deus permitir, daremos
continuidade ao estudo da Escatologia conforme combinado com a Igreja.
Pastor Eudes Lopes Cavalcanti
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
A prosperidade segundo a Bíblia
Hoje mais
do que em qualquer outra época da vida da Igreja o assunto prosperidade tem
invadido o arraial evangélico, despertando nele uma sofreguidão pelo que é
material. As Igrejas que tem optado como diretriz básica do seu ministério
a ênfase nesse assunto, numa ânsia de um crescimento numérico rápido, têm
muitas delas, explorado esse tema até as últimas consequências, inclusive
comprometendo a pureza do Evangelho.
Mas o que
é prosperidade? Entendendo o assunto conforme o significado da palavra,
vemos que prosperar é “melhorar de condição; progredir; crescer,
desenvolver-se; enriquecer”.
Muitos evangélicos acham que pelo fato de serem filhos de Deus (por
adoção) deve ser necessariamente rico financeiramente e o argumento que usam
é que se a Deus pertence à riqueza (Ag 2.8), então os seus filhos têm
que ser ricos também. E o pior de tudo é quando se ensina que se o crente não
é próspero (rico) tem problema na sua vida espiritual, ou falta de fé, ou
algum pecado que impede a sua prosperidade.
Mas será que no Novo Testamento é isso que é enfatizado? (Lembramos
aos irmãos que um determinado assunto para ser normativo na vida da Igreja
tem que ter necessariamente o respaldo do Novo Testamento, pois a revelação
foi dada de forma progressiva. Se não há confirmação do Novo Testamento
para um assunto do Antigo Testamento, o mesmo teve o seu valor circunstancial,
mas não é normativo para a Igreja - isto é uma regra básica da Hermenêutica
Bíblica, que é a ciência de interpretação dos textos bíblicos).
Não restam dúvidas de que o Novo Testamento enfatiza a prosperidade
do ponto de vista espiritual. Em Efésios 1.3 nos é dito que Deus já abençoou a Sua
Igreja com toda a sorte de bênçãos espirituais. Pedro disse sobre o assunto,
que Deus nos deu grandes e preciosas promessas pelas quais nos tornamos participantes
da natureza divina (2 Pe 1.3,4).
João também tratou do assunto quando se dirigiu a Gaio, o destinatário da
sua 3ª
carta, dizendo que ele era um homem próspero espiritualmente (3 Jo 1,2).
A luz da Bíblia, Deus é soberano e tem gerência direta na vida
de todos os seres humanos. A uns Ele dá riquezas, a outros não. “O rico e o
pobre se encontraram; a todos os fez o Senhor” Pv 22.2. “Mas o nosso Deus está nos céus e faz tudo o que lhe
apraz” Sl 115.3. (Veja
ainda o Salmo 103.19). Ainda sobre a questão
da soberania de Deus é bom que todos saibam que ninguém pode ter coisa alguma se
não lhe for dada do Céu (Jo 3.27).
Tiago também via o assunto dessa maneira quando disse que toda a boa dádiva e
todo dom perfeito vinha do alto, descendo do Pai das luzes (Tg 1.17).
Se você irmão tem alguma coisa, algum recurso, prosperou, tem um
bom emprego, uma boa casa para morar, um automóvel para se locomover, tem
influência, o seu futuro e o dos seus filhos estão garantidos (?) não se
ensoberbeça, mas adore a Deus que graciosamente lhe deu essas coisas. Se
você querido irmão não tem as coisas citadas acima ou as tem em menor escala
não se entristeça, pois Deus não lhe deu isso ou lhe deu pouco, mas por outro
lado Ele cuida de você com um cuidado todo especial. Observe os textos a
seguir: “Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a
sua descendência a mendigar o pão” Sl 37.25. “Sejam vossos costumes sem
avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei,
nem te desampararei. E, assim, com confiança, ousemos dizer: O Senhor é o meu
ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem” Hb 13.5,6. Dê graças a
Deus por isso em obediência ao que Ele disse em 1 Ts 5.18: “Em tudo dai graças,
porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
Não estou com isso pregando um determinismo, nem sou adepto da
“síndrome da Gabriela” (eu nasci assim, vou viver assim e vou morrer assim).
Esforce-se, estude, trabalhe, progrida, mas não venda a sua alma por causa
disso. Lembre-se de que o Senhor censurou aquelas pessoas que eram ricas
materialmente, mas que eram pobres para com Deus (veja a parábola do rico
insensato em Lucas 12.13−21).
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
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