Este blog veicula reflexões bíblicas feitas pelo Reverendo Eudes Lopes Cavalcanti
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
A Igreja de Sardes
Sardes, atual Sart na
Turquia, era na época duas cidades daí o nome Sardes (plural), sendo uma localizada
num monte com uma encosta íngreme onde estava a fortaleza e a outra ao pé desse
monte numa planície, sendo esta mais desenvolvida e rica devido estar
localizada também na rota comercial daquela parte da Ásia Menor. O personagem
Cresus, famoso pela sua fortuna, estava associado a essa importante cidade.
A Igreja nessa cidade estava praticamente
envolvida com a cultura pecaminosa da cidade, só umas poucas pessoas dentro
dela vivia realmente o evangelho na sua plenitude, o restante tinha contaminado
as suas vestes.
O Senhor Jesus se apresenta a essa igreja
como aquele que tinha os sete Espíritos e as sete estrelas. “E ao anjo da igreja que está em Sardes
escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas”
Ap 3.1a. Nessa apresentação de Jesus, os sete Espirito quer dizer o Espirito de
Deus em sua plenitude, pois o número sete no Apocalipse significa a coisa
completa, em sua plenitude, ou ainda, em sua sete manifestações, como
explicitado em Isaías 11.2. As sete estrelas que estão nas mãos de Jesus são os
pastores da Igreja (pastores e presbíteros), responsáveis por ela diante do
Senhor. (Veja Ap 1.20; At 20.28; 1 Pe 5.1-4).
O resultado da análise que Jesus fez da
igreja de Sardes não é muito positivo. Ele disse que ela tinha nome de quem vivia,
mas estava morta. Só umas poucas pessoas da Igreja não tinham se comprometido
com o mundo da época. “Eu sei as tuas
obras, que tens nome de que vives e estás morto” Ap 3.1b. “Mas
também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes e comigo
andarão de branco, porquanto são dignas disso” Ap 3.4. O mundo tinha
entrado na igreja e o testemunho dos crentes não era eficaz, é por isso que
Jesus fala sobre o Espírito Santo, pois é Ele quem dá vida a Igreja, renova,
rejuvenesce.
Depois da identificação
de pontos positivos e negativos da Igreja, Jesus faz uma gravíssima advertência
a ela e a chama ao arrependimento sob pena de vir contra ela numa hora que ela
não espera para puni-la pelos seus pecados. “Sê vigilante e confirma o restante que estava para morrer, porque não
achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do que tens
recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre
ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei” Ap 3.2,3. Nessa
advertência o Senhor Jesus fala sobre vigilância,
confirmar o restante, lembrar-se do que tem recebido e ouvido e
procurar guardar os ensinamentos da Palavra de Deus. Ele fala também do arrependimento, do retorno a Deus.
Depois, o Senhor Jesus faz uma promessa ao
vencedor: “O que vencer será vestido de
vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” Ap 3.5. O vencedor será vestido de vestes brancas,
símbolo da pureza produzida pelo poder do sangue do Cordeiro, e terá o seu nome
confirmado no livro da vida, e diante do Pai e dos anjos o nome dele será pronunciado.
Aparentemente a expressão “e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do
livro da vida”, pode dar a impressão de que o crente pode perder a
salvação, mas o texto não quer dizer isso, pois iria entrar em contradição (a
Bíblia não se contradiz) com inúmeros
outros textos que asseguram a salvação eterna para quem a possui, como por
exemplo: “Tudo o que o Pai me dá virá a
mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” Jo 6.37. “Portanto,
agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em
Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” Rm 8.1,2. A salvação
não depende de nós e sim do Senhor. “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie” Ef 2.8,9.
A carta à igreja de Sardes termina com o
solene apelo para que se dê ouvido à voz do Espirito que está no meio da
Igreja.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
sábado, 20 de setembro de 2014
A Igreja de Tiatira (Ap 2.18-29)
A
cidade de Tiatira era um importante centro comercial da Ásia Menor. Ela estava
localizada numa posição estratégica, numa rota comercial entre outras
importantes cidades da época. Nela havia uma fortíssima associação comercial
que para fazer parte dela as empresas comerciais e industriais tinham que se
comprometer com a religião dominante na cidade, que era a do culto aos deuses
gregos.
Nessa cidade, a Igreja que talvez tenha
sido fundada por Lídia, vendedora de purpura, convertida através do ministério
de Paulo, era muito forte e foi elogiada por Jesus, por causa do seu amor por
Ele e pelos irmãos na fé, pelo seu serviço, pela sua fé e pela sua paciência,
virtudes essas abundantes naquele ministério.
O Senhor Jesus se apresenta aquela igreja como
o Filho de Deus, como aquele que tinha os olhos como chamas de fogo e os pés
semelhantes ao latão polido. “E ao anjo
da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como
chama de fogo e os pés semelhantes ao latão reluzente” Ap 2.18. Tudo indica que naquela igreja, apesar de
suas virtudes, tinha um segmento de pessoas que não acreditava que Jesus fosse
o Filho de Deus, e como consequência não tinha consciência de que Jesus, com o
seu olhar penetrante, conhecia tudo o que se passava dentro dela. Os seus pés
semelhantes ao latão reluzente fala sobre a sua autoridade, o seu domínio, onde
tudo se encontra aos seus pés, fala também de sua autoridade para julgar.
Na
análise da vida interna da Igreja, depois de falar das suas grandes virtudes, o
Senhor Jesus revela que na Igreja havia uma mulher que Ele chamou de Jezabel, que
se dizia profetisa, e que era tolerada, e que ensinava e enganava aos crentes
que contextualizar-se com a sociedade da época, ou seja, praticar a imoralidade
sexual e comer das coisas sacrificadas aos ídolos, não era nenhum mal aos olhos
de Deus.
Em seguida, o Senhor
Jesus faz uma pesada advertência a Igreja, chamando a profetisa Jezabel e aos
crentes faltosos ao arrependimento sob pena de feri-los com enfermidade e
morte. “E dei-lhe tempo para que se
arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu. Eis que a porei numa
cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se
arrependerem das suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as
igrejas saberão que eu sou aquele que sonda as mentes e os corações. E darei a
cada um de vós segundo as vossas obras” Ap 2.21-23. A punição aos crentes
faltosos serviria para mostrar que Deus é o justo Juiz e que retribui a cada um
segundo as suas obras. Jesus ainda censura outro ensinamento de Jezabel que era
que os irmãos deveriam conhecer as profundezas de Satanás para poder
combatê-lo. “Mas eu vos digo a vós e aos
restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina e não
conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga vos não
porei” Ap 2.24.
Quanto à promessa que é
feita a Igreja, Jesus disse que ao vencedor seria dado poder sobre as nações e
que ele a governaria com vara de ferro e que também lhe daria a brilhante
estrela da manhã. “E ao que vencer e
guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e com
vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também
recebi de meu Pai, dar-lhe-ei a estrela da manhã” Ap 2.26-28. Com essa
linguagem simbólica Jesus queria dizer que os crentes vencedores teriam
autoridade para subjugar as cidadelas do mal e que tudo estaria sob os seus pés,
através da autoridade delegada por Cristo a Igreja. Quanto a brilhante estrela
da manhã, essa expressão simbólica refere-se a Cristo “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas
igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a resplandecente Estrela da manhã”
Ap 22.16, e a glória real comunicada por Ele à Igreja, considerando que ela é a
comunidade composta de reis e sacerdotes. “e
nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, glória e poder para todo
o sempre. Amém!” Ap 1.6.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
A Igreja de Pérgamo (Ap 2.12-17)
A
cidade de Pérgamo, atual Bergama, na Turquia, Ásia Menor, na época era um
importante centro religioso e cultural. O nome Pérgamo deriva-se de um material
para escrita utilizado por ela devido à escassez de papel oriundo do papiro
egípcio. Eles utilizavam o pergaminho (pele de animal curtida) para a escrita,
dai o nome Pérgamo. Nessa cidade tinha os templos dos deuses gregos Zeus, Atena, Dionísio e Asclépio cujo símbolo era
uma serpente, o deus da cura. Tinha também templos destinados ao culto dos
imperadores romanos Augusto, Trajano e Severo.
Devido a essa atmosfera espiritual derivada
desses cultos, o Senhor Jesus identifica a cidade como o lugar onde Satanás
habitava, tinha feito o seu domicilio, ou seja, tinha uma influência poderosa a
ponto de controlar quase todos os segmentos dessa importante cidade. A
perseguição ao Cristianismo era muito forte na cidade, inclusive já tinha
levado um irmão da igreja ao martírio, Antipas, uma fiel testemunha de Jesus.
O Senhor Jesus se apresenta a essa Igreja
como aquele que tinha a espada aguda de dois gumes. “E ao anjo da igreja que está em Pérgamo escreve: Isto diz aquele que
tem a espada aguda de dois fios” Ap 2.12. Essa espada representa o poder
destruidor de sua palavra para vingar o seu povo pelo sofrimento que estava
enfrentando da parte dos idólatras, bem como para punir aqueles crentes da Igreja que
estavam sendo seduzidos pela doutrina de Balaão e pelos ensinos dos Nicolaítas.
Ao analisar a vida interna da Igreja de Pérgamo,
o Senhor a elogia por permanecer fiel aos ensinamentos de Jesus a despeito da
perseguição que vinha sofrendo. “Eu sei
as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o
meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel
testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita” Ap 2.13.
Nessa análise o Senhor ainda identifica as
fraquezas da Igreja, que era ter dentro dela, inclusive sendo tolerado, um
grupo de irmãos que seguiam a doutrina de Balaão e a dos Nicolaítas. “Mas umas poucas coisas tenho contra ti,
porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a
lançar tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos sacrifícios
da idolatria e se prostituíssem. Assim, tens também os que seguem a doutrina
dos nicolaítas, o que eu aborreço” Ap 2.14,15. Esse grupo praticava aquilo
que era proibido por Deus em sua Palavra: a idolatria e a imoralidade sexual.
Esclarecendo melhor a questão, eles se identificavam como seguidores de Cristo,
mas participavam das festividades onde eram oferecidas comidas e bebidas aos
ídolos bem como onde a prostituição cultual era comum. Esse ensino era, em
tese, o mesmo que o profeta Balaão no seu tempo usou para enganar o povo de
Deus (Veja Nm 25.1-18; 31.16). Os Nicolaítas esposavam o mesmo ponto de vista
dos da doutrina de Balaão, inclusive o uso da fralde para seduzir os irmãos da
Igreja.
Em seguida a análise na vida interna da
Igreja, o Senhor Jesus convoca os prevaricadores a se arrependerem dessa prática
pecaminosa sob pena de sofrerem a disciplina imposta pelo poder de Sua Palavra.
“Arrepende-te, pois; quando não, em breve
virei a ti e contra eles batalharei com a espada da minha boca” Ap 2.16.
Finalmente o Senhor faz uma promessa ao
vencedor, como é feita nas outras cartas. “Quem
tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a
comer do maná escondido e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome
escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” Ap 2.17. O maná
escondido se reporta a Cristo como o alimento espiritual verdadeiro que só o que
o experimenta são aqueles que são escolhidos por Deus. (Veja Jo 6.48-51).
Quanto à pedra branca com um nome desconhecido que só os crentes o conhecem é o
precioso nome de Jesus. Essa pedra será entregue somente aos eleitos de Deus,
vencedores.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
A Igreja de Esmirna (Ap 2.8-11)
Não
sabemos quem fundou a Igreja de Esmirna, talvez ela tenha sido fundada por algum
dos convertidos no dia de Pentecostes, quando o Espirito Santo foi derramado
sobre a Igreja nascente. O livro de Atos nos diz que naquele dia estavam em
Jerusalém judeus e prosélitos de diversas
nações. “E em Jerusalém estavam
habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do
céu” At 2.5. “Partos e medos,
elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, e Ponto, e
Ásia, e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros
romanos (tanto judeus como prosélitos), e cretenses, e árabes, todos os temos
ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” At 2.9,11.
O
nome Esmirna advém de uma resina aromática de uma árvore abundante na cidade,
chamada de mirra, em grego smyrna. Aquela
cidade tornou-se muito importante na época do império romano porque tinha dois
templos, um dedicado a deusa Roma (Dea
Roma) e o outro a Tibério, imperador romano, que era adorado como um deus, além
dos templos de Zeus e Ártemis.
No Apocalipse, a essa Igreja foi destinada
a segunda das sete cartas. A Igreja de Esmirna compunha-se de crentes sem muita
expressão social, eram pobres, mas ricos espiritualmente, conforme informação
contida na própria carta. “Eu sei as tuas
obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem
judeus e não o são, mas são a sinagoga de Satanás” Ap 2.9.
Jesus se apresenta àquela Igreja como o Primeiro
e o Último, o que morreu, mas que ressuscitou dos mortos. “E ao anjo da igreja que está em Esmirna escreve: Isto diz o Primeiro e
o Último, que foi morto e reviveu” Ap 2.8. Ao se apresentar àquela
Igreja dessa forma o Senhor queria dizer para ela que Ele é Deus, o inicio e o
fim de todas as coisas, tudo foi feito por Ele, por causa dEle e para Ele. Também nessa apresentação o Senhor lembra a
Igreja que mesmo sendo Deus Ele se fizera homem, encarnara (Veja Jo 1.14), para
morrer pelos pecados do seu povo, mas que ressuscitara dos mortos e estava vivo
para todo o sempre.
Na análise que o
Senhor fez daquela Igreja não foi identificado ponto negativo e sim positivo. “Eu sei as tuas obras, e tribulação, e
pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são,
mas são a sinagoga de Satanás” Ap 2.9. Nessa analise Jesus informa a Igreja
que estava acompanhando o seu bom ministério apesar de seus parcos recursos
econômicos, bem como as dificuldades que a mesma enfrentava especialmente por
parte dos judeus ortodoxos, inimigos ferrenhos da Igreja do Senhor. Essa
blasfêmia de que Ele fala certamente se refere ao ensino judeu de que Jesus não
era Deus, consequentemente não poderia ser adorado.
A advertência que o
Senhor faz a Igreja é para que ela permaneça firme nas tribulações por causa do
Evangelho, que não temesse diante do que viria padecer. “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará
alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de
dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”. Ap 2.10. Ainda
o Senhor adverte que o grande opositor da Igreja, o diabo, estava furioso
contra ela e que alguns irmãos iriam ser aprisionados por causa do Evangelho. Essa tribulação de dez dias quer dizer que
seria intensa, mas de curta duração.
Quanto à promessa que
o Senhor fez aquela Igreja é a mesma que Ele faz aos crentes hodiernos - a
coroa da vida e não sofrer o dano da segunda morte. “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não
receberá o dano da segunda morte” Ap 2.11. A Bíblia ensina que o crente em
Cristo já nasceu de novo, ressuscitou espiritualmente, e sobre ele a segunda
morte, que é a morte eterna, não tem nenhum poder. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do
Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”. Rm
8.1,2.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
A Igreja de Éfeso (Ap 2.1-7)
O
trabalho evangélico na cidade de Éfeso foi fundado por Paulo em sua terceira
viagem missionária. Esse trabalho também
recebeu a colaboração, em seu inicio, de um obreiro chamado Apolo.
A Igreja de Éfeso era tão importante aos
olhos de Deus que a ela foram destinadas duas cartas canônicas, uma escrita por
Paulo e a outra do próprio Jesus, Senhor da Igreja, usando a instrumentalidade
de João.
Como já foi dito no boletim anterior, as
cartas do Apocalipse tem quatro partes em comum, que são: Uma apresentação do
Senhor Jesus a Igreja, tirada da visão do capitulo primeiro; 2) Uma análise da
vida espiritual da Igreja, identificando pontos positivos e negativos; 3) Uma
advertência feita a Igreja pelo seu Senhor sobre a necessidade de abandonar o
pecado e voltar-se para Ele; 4) Uma promessa do Senhor ao vencedor.
Para essa Igreja, o Senhor Jesus se apresentou
como aquele que tem em sua mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos
sete castiçais de ouro. “Escreve ao anjo
da igreja que está em Éfeso: Isto diz aquele que tem na sua destra as sete
estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro” Ap 2.1. (Os dois
símbolos desse texto são interpretados pelo próprio Jesus que disse que as
estrelas são os sete anjos das sete Igrejas, e que os sete castiçais são as
sete Igrejas). Essa apresentação de Jesus a Igreja de Éfeso revela que Ele é o
Senhor da mesma e que os pastores e presbíteros que governam a Igreja estão em
suas mãos. Quer dizer também que Jesus, como Deus onipresente que é, vive também
no meio das Igrejas locais, observando a sua boa ordem como revelado no
versículo seguinte.
Na parte seguinte
Jesus revelou que conhecia a vida íntima daquela Igreja bem como a dos seus
membros em particular. “Eu sei as tuas
obras”. Nesse texto é revelado
outro atributo de Deus que é a sua onisciência, que é aquela capacidade peculiar que Deus tem de conhecer profundamente
tudo e todos.
São ainda revelados
os pontos positivos daquela Igreja que são: trabalho, paciência na tribulação,
discernimento espiritual, pureza moral e
doutrinal. “Eu sei as tuas obras, e o teu
trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova
os que dizem ser apóstolos e o não são e tu os achaste mentirosos; e sofreste e
tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome e não te cansaste” Ap 2.2,3. “Tens, porém, isto: que aborreces as obras
dos nicolaítas, as quais eu também aborreço” Ap 2.6 .
O Senhor Jesus também
revelou aquela Igreja o seu ponto negativo que era a perda de sua devoção a Ele. “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor” Ap 2.4. A
Igreja já não amava a Cristo como no início de sua organização. Já não era
aquela Igreja revelada na carta que Paulo escrevera para ela, e isso era um pecado grave diante de Deus.
Em seguida, Jesus fez
uma solene advertência a Igreja que voltasse a praticar as primeiras obras, ou
seja, a ter uma vida espiritual sadia onde a devoção a Cristo ocupasse o
primeiro lugar. “Lembra-te, pois, de onde
caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a
ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” Ap
2.5. O perigo que essa Igreja corria, caso não se arrependesse, era o da sua
descaracterização como Igreja evangélica. O Senhor ameaçou retirar dela o seu
castiçal (remover o seu brilho, a sua luz). Seria uma comunidade dirigida
apenas pelos homens e não pelo Espírito do Senhor como é o propósito de Deus.
Por fim, Jesus faz
uma promessa ao vencedor, aquele que permanecesse fiel, que ouvisse a voz do
Espirito que fora dado para viver dentro
dos crentes individuais e no meio da Igreja, que seria a plenitude da
benção do Evangelho: “Quem tem ouvidos
ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da
árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus” Ap 2.7.
Irmãos, aprendamos as
lições extraídas da carta à Igreja de Éfeso e procuremos manter vivo o primeiro
amor, ou seja, priorizando em tudo o
Senhor e o Seu Reino (Mt 6.33).
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
As Sete Igrejas do Apocalipse
Estamos iniciando no boletim dominical da
Igreja uma série de estudos sobre as sete cartas do livro de Apocalipse,
destinadas às sete igrejas da Ásia Menor, existentes na época (Éfeso, Esmirna, Pérgamo,
Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia). Mas antes de falarmos sobre cada uma
delas, daremos uma visão panorâmica sobre o livro citado para facilitar a
compreensão das cartas bem como a sua mensagem para os nossos dias.
O livro de Apocalipse em seu estilo
literário é totalmente diferente dos outros livros do Novo Testamento, tendo
semelhança com alguns livros do Antigo Testamento em algumas das partes deles
como, por exemplo, Daniel, Zacarias, Isaías e Ezequiel.
O estilo literário em que foi escrito Apocalipse
chama-se de literatura apocalíptica, estilo literário utilizado intensamente na
segunda metade do período inter-biblico e o primeiro século da era cristã. Esse
estilo literário apresenta a sua mensagem através de figuras de linguagem,
símbolos, numerologia, etc. A mensagem geral dos livros escritos em linguagem apocalíptica
era para consolar o povo de Deus que sofria perseguição por parte do estado e
de outras religiões. Basicamente a mensagem era esta: vocês estão sofrendo por
causa da fé, tenham paciência por que Deus há de intervir, punir os seus
opressores e dá um final feliz a vocês.
Devido à dificuldade de interpretar o livro
de Apocalipse surgiram, ao longo da história da Igreja, quatro linhas de
pensamento ou escolas: a) a Escola Preterista,
que ensina que o livro de Apocalipse refere-se a Igreja do primeiro século
estando pendente apenas a segunda vinda do Senhor e a consequente consumação de
todas as coisas; b) a Escola Historicista que ensina que o livro refere-se a
Igreja ao longo de sua trajetória na terra desde o seu inicio até a segunda
vinda do Senhor; a Escola Futurista, que ensina que apenas se cumpriu
no primeiro século da era cristã os três primeiros capítulos do livro, o restante é escatologia
ou seja refere-se as últimas coisas; e a quarta escola que é a Idealista, ensina
que o livro não deve ser interpretado literalmente e sim que nele se encontram
princípios espirituais que contemplam a luta espiritual da Igreja e a sua
vitória final através do Senhor Jesus Cristo.
Há ainda um ponto de
vista esposado por um grande grupo de renomados teólogos dentre eles os
doutores Martyn Lloyd-Jones e William Hendricksen que é o Histórico Espiritual,
que se assemelha a Escola Idealista, mas que não descarta o contexto histórico
do livro. Nesse ponto de vista esses estudiosos veem no livro uma simetria
maravilhosa. Dividem o livro em duas partes: Uma trata do conflito da Igreja
contra as forças espirituais (1-11), e a outra revela a profundidade desse
conflito no reino espiritual (12-22). Esses teólogos identificam sete seções nessas duas divisões. Essas secões são
paralelas, uma trazendo mais luz sobre a outra, ou seja, uma esclarecendo e
enriquecendo a outra. A primeira divisão
contém três seções: (a) Cristo no meio dos sete candeeiros de ouro (1-3); b) O
livro com sete selos (4-7); c) As sete trombetas do juízo (8-11); A segunda divisão contém quatro
seções: d) A Mulher e o filho varão perseguidos pelo dragão e seus auxiliares
(as duas bestas e a grande prostituta) (12-14); e) As sete taças da ira divina (15,16);
f) A queda da grande prostituta e das bestas (17-19); g) O juízo sobre o dragão
(Satanás) seguido da revelação do novo céu e nova terra, a Nova Jerusalém
(20-22).
Olhando para as cartas
do livro de Apocalipse de uma forma panorâmica, podemos observar nelas quatro
coisas comuns a cada uma delas, que são: 1) Uma apresentação do Senhor Jesus tirada
da visão do capitulo primeiro; 2) Uma análise da vida espiritual da Igreja,
identificando pontos positivos e negativos; 3) Uma advertência feita a Igreja
pelo seu Senhor sobre a necessidade de abandonar o pecado e voltar-se para Ele;
4) Uma promessa do Senhor ao vencedor.
A mensagem contida no
livro de Apocalipse e especialmente nas sete cartas é também para a Igreja da
atualidade, por isso iremos enfatizá-la no boletim da nossa Igreja.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
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