Este blog veicula reflexões bíblicas feitas pelo Reverendo Eudes Lopes Cavalcanti
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
Uma panorâmica sobre 1º Samuel
O livro de 1º Samuel é, no seu inicio, uma continuação do período dos juízes que vai até o estabelecimento da monarquia que começa com Saul. O profeta Samuel foi o último juiz levantado por Deus antes do reinado.
O livro começa falando sobre o pai de Samuel, Elcana, efraimita que tinha duas mulheres Penina e Ana, sendo Ana estéril e Samuel, seu filho, uma resposta de Deus a um voto feito por ela. Quando Samuel nasceu foi entregue, após o desmame, ao sacerdote Eli, para o serviço no santuário em Siló.
Desde cedo Samuel estava envolvido com o serviço na casa do Senhor culminando com o seu chamado para o ministério profético. Através dele Deus mandou uma mensagem de juízo para a casa de Eli, devido aos desmando de seus dois filhos sacerdotes, que tiveram morte numa batalha contra os filisteus. Eli ao saber da morte de seus filhos e da tomada da arca da aliança pelos filisteus caiu da cadeira e quebrou o pescoço e morreu.
Samuel assumiu o sacerdócio e como profeta do Senhor arregimentou o povo de Deus para a batalha contra os filisteus e os venceu. Depois dessa vitória, Samuel levantou um memorial e disse as célebres palavras que até hoje ecoa como um brado de vitória do povo de Deus. “... Ebenézer;...: Até aqui nos ajudou o Senhor” 1 Sm 7.12.
Samuel envelheceu e os lideres israelitas pediram que ele ungisse um rei sobre o povo de Deus. O argumento dos lideres é que Samuel estava velho, seus filhos não andavam nos caminhos do Senhor e eles queriam ser semelhante às outras nações. Deus, de acordo com a sua vontade permissiva, escolheu Saul, da tribo de Benjamim. Saul começou bem o seu ministério e tinha tudo para fazer um bom reinado, mas cometeu dois graves erros que fizeram com que Deus o rejeitasse, e mandasse Samuel escolher um dos filhos de Jessé, da tribo de Judá, para reinar no lugar de Saul, que foi Davi, o caçula.
O livro trás o relato de uma batalha entre os filisteus e os israelitas em que Golias, o campeão filisteu, foi vencido por Davi quando ainda era jovem. O filisteu afrontava Israel quando os exércitos estavam esperando o inicio da batalha. Davi movido pelo Espirito de Deus foi ao encontro de Golias e o venceu com uma pedra atirada de sua funda. Antes do confronto, Davi disse a Golias: “Davi, porém, lhe respondeu: Tu vens a mim com espada, com lança e com escudo; mas eu venho a ti em nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado” 1 Sm 17.45. Depois desse episódio Davi foi grandemente exaltado no meio do povo de Deus e casou-se com a filha de Saul, Mical.
Saul que estava ainda como rei, colocou Davi como um dos lideres do seu exército e Davi conseguiu muitas vitórias para o povo de Deus, a ponto das mulheres cantarem: Saul matou os seus milhares e Davi os seus dez milhares. Isso incomodou muito a Saul e a partir daí começou uma perseguição contra Davi, o escolhido de Deus. O restante do livro fala das diversas perseguições de Saul a Davi obrigando-o a fugir e a viver escondido. Por duas ocasiões Saul ficou a mercês de Davi que lhe poupou a vida, pois no seu entendimento só Deus podia tocar num de seus ungidos. Davi temia a Deus.
No final do livro, os filisteus venceram os israelitas numa batalha e Saul e os seus filhos foram mortos, inclusive Jônatas, o amigo de Davi. A morte de Saul, deveu-se a consulta a mortos, não ter guardado a palavra do Senhor e não ter buscado ao Senhor (1 Cr 10.13,14).
Diversas lições podem ser extraídas desse livro, senão vejamos: O fato do pai ser piedoso não é garantia de que os filhos serão piedosos. Os filhos de Eli e de Samuel eram ímpios; Ninguém deve entrar numa área do ministério se Deus não o escolheu para isso. Saul, rei, ofereceu sacrifício em lugar de Samuel, sacerdote, por isso perdeu o reino; Obediência parcial aos mandamentos de Deus não é obediência. Aconteceu com Saul no caso dos amalequitas. Deus mandou fazer uma coisa e ele fez pela metade. Nos ungidos de Deus ninguém deve mexer, mesmo eles cometendo erros. Davi tinha um profundo respeito por Saul e entendia que só Deus podia tocar nele. A inveja é uma tragédia na vida de um homem. Aconteceu com Saul que invejava Davi porque Deus era com ele, e o tinha abandonado.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
sábado, 20 de dezembro de 2014
Uma panorâmica sobre Rute
A história de Rute deu-se no período dos juízes, conforme relatado no primeiro versículo do livro de Rute. “Nos dias em que os juízes governavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar no país de Moabe, ele, sua mulher, e seus dois filhos” Rt 1.1. O livro não identifica o seu autor, provavelmente a autoria do mesmo é do profeta Samuel.
Conforme o texto acima, a história começa com uma migração de uma família de Belém da Judéia para Moabe, um país vizinho de Israel. Moabe foi o filho incestuoso de Ló com a sua filha mais velha (o outro filho incestuoso foi Amom, filho da mais nova). (Gn 19.37,38).
Diz-nos o livro de Rute que a família que emigrou para Moabe compunha-se de quatro pessoas: Elimeleque, Noemi, Malom e Quiliom. Quando a família migrou teve de se desvencilhar de seus bens.
Na terra de Moabe os dois filhos casaram com duas moabitas, Ofra e Rute. Lá em Moabe morreram Abimeleque e seus dois filhos, ficando Noemi viúva e desfilhada.
Ao ser informado de que a fome da terra de seus ancestrais tinha cessado e que Deus dera novamente fartura ao seu povo, Noemi resolve voltar para a terra natal no que foi acompanhada até certo ponto pelas duas noras; foi quando Noemi orientou a voltarem para a casa de seus pais, mas Rute optou ficar com ela e disse estas célebres palavras: “Respondeu, porém, Rute: Não me instes a que te abandone e deixe de seguir-te. Porque aonde quer que tu fores, irei eu; e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei sepultada. Assim me faça o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” Rt 1.16,17.
A chegada de Noemi e Rute em Belém causou uma profunda comoção pelas desventuras que tinham acontecido com Noemi. Diziam eles: “Não é esta Noemi?”. “Ela, porém, lhes respondeu: Não me chameis Noemi;chamai-me Mara, porque o Todo-Poderoso me encheu de amargura. Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar. Por que, pois, me chamais Noemi, visto que o Senhor testemunhou contra mim, e o Todo-Poderoso me afligiu?” Rt 1.20,21.
Em Belém havia um parente de Noemi chamado Boaz que era proprietário de terra, e Rute pediu autorização a Noemi para apanhar as espigas que os segadores deixavam cair, pois esses não podiam mais apanhá-las porque aquilo era destinado aos pobres e estrangeiros, conforme a lei mosaica estabelecia. (Lv 19.9,10; 23.22).
A fama de Rute como mulher virtuosa impressionou Boaz que orientou aos seus segadores que de propósito deixassem cair espigas para ser apanhadas por Rute, surgindo dai uma simpatia que culminou em casamento.
Havia na sociedade israelita da época um costume baseado na lei mosaica em que a terra que alguém se desfizesse dela por necessidade poderia voltar à família por compra ou por decurso de tempo, mas quem poderia fazer isso seria um remidor credenciado (Lv 25.25-28), que no caso não era Boaz, sendo ele o segundo na linha de sucessão. Boaz tinha interesse em casar com Rute, mas esse direito de levirato (o irmão casar com a mulher do seu irmão falecido, para lhe suscitar descendência) pertencia ao sucessor. Esse sucessor, que a Bíblia não revela o nome, abre mão de seu direito porque na compra da propriedade tinha que aceitar Rute como esposa o que ele não tinha intenção de fazer. Daí Boaz comprar o terreno e casar com Rute, e com ela teve filhos sendo um deles Obede, avô do rei Davi.
Dessa belíssima história se podem extrair algumas lições para a vida da Igreja, sendo umas delas a questão do estigma de que sogra é problema. Noemi foi uma sogra maravilhosa. A outra lição é a questão da severidade de Deus em punir o pecado do seu povo. Ainda outra lição é a providência de Deus em restituir os bens de seus servos. Também outra lição, a mais importante, é aquela de natureza espiritual que aponta Boaz como tipo de Cristo, que como remidor resgatou para si algo valioso, no caso de Boaz a propriedade, e no caso de Cristo a Igreja que Ele comprou com o seu próprio sangue (At 20.28). Rute, a exemplo de Raabe, duas gentias, faz parte da genealogia do Salvador, conforme Mt 1.5.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Uma panorâmica sobre Juízes
Depois da conquista da terra da promessa estabeleceu-se um período de trezentos anos, considerando algumas judicaturas simultâneas, em que cada tribo governava-se a si mesma, pois o povo de Deus não tinha uma liderança nacional, tendo em vista Josué ter falecido e não ter deixado sucessor nem orientado nessa direção.
No inicio da época contemplada pelo livro de Juízes as coisas iam bem (Jz 1.7), mas depois se complicaram, pois nos é dito nesse livro que toda aquela geração de conquistadores falecera e surgira outra geração que não conhecia ao Senhor nem os seus feitos. “O foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e após ela levantou-se outra geração que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel“ Jz 2.10.
Esse desconhecimento do povo em relação a Deus e aos seus feitos levou-o a fazer aquilo que era mau aos olhos do Senhor. Por causa disso Deus entregava o povo nas mãos de opressores. Quando o povo se arrependia e clamava ao Senhor, Deus levantava juízes para libertar Israel da opressão e julgar o povo durante o tempo de vida do juiz. É por isso que podemos resumir aquele período em quatro palavras: pecado, opressão, arrependimento e libertação.
Foram treze juízes considerando a judicatura em conjunto de Baraque e Débora e a do profeta Samuel que foi o último dos juízes. Dentre os juízes encontramos aqueles que exerceram judicatura plena (libertar e julgar) e aqueles que apenas julgavam o povo em época de paz. Os seus nomes foram, pela ordem: Eúde, Sangar, Debora/Baraque, Gideão, Tola Jair, Jefté, Ibsã, Elom, Abdom e Sansão. As informações sobre Samuel, o último juiz, que exerceu um tríplice ministério (juiz, profeta e sacerdote) encontram-se no livro de 1 Samuel. Os juízes que judicaram em época de paz, foram: Tola, Jair, Ibsã, Elom e Abdom. Os outros foram usados por Deus para libertar o Seu povo da opressão de povos vizinhos.
Os juízes mais famosos, excluindo Samuel, foram Gideão, Jefté e Sansão. Gideão ficou famoso por ter sido usado por Deus para libertar o povo da opressão de sete anos pelos midianitas. Com trezentos guerreiros Gideão venceu um exército poderoso. Outro juiz famoso foi Jefté, filho de uma concubina de seu pai, que libertou Israel da opressão dos amonitas. Ele ficou famoso também porque fez um voto a Deus de que se ajudado na batalha, quando voltasse para casa, ofereceria em holocausto o primeiro ser vivo que aparecesse na porta de sua casa, saindo sua filha única. O voto irrefletido causou muitas angústias aquele homem que fora usado por Deus numa obra de libertação. Talvez o mais famoso dos juízes tenha sido Sansão, notável pela sua força física, incapaz de ser vencido por quem quer que fosse. Com uma queixada de jumento ele destruiu o exército filisteu. Sansão tinha lá as suas fraquezas especialmente mulheres tendo uma delas, Dalila, traído o famoso juiz, traição essa que lhe custou à perda dos dois olhos e a morte prematura. “Então os filisteus pegaram nele, arrancaram-lhe os olhos e, tendo-o levado a Gaza, amarraram-no com duas cadeias de bronze;...” Jz 16.21. (Veja ainda Jz 16.26-31 que trata da morte de Sansão).
Uma mulher, Débora, também foi usada por Deus como juíza na época. Essa poderosa mulher levantou-se em Israel para libertar o povo de Deus da opressão dos cananeus. Ela movida pelo Espirito Santo convocou Baraque para comandar o exército do Senhor, e grande foi a vitória dada por Deus. Depois da vitória Débora fez um cântico exaltando ao Deus de Israel que dera vitória ao seu povo. (Jz 5.1-31).
Um triste episódio relatado no livro foi o de Abimeleque, filho de Gideão, que quis levantar-se a si mesmo como rei sobre o povo de Deus. Traiçoeiramente matou os seus setenta irmãos por parte de pai e foi aclamado rei pelos habitantes de Siquém e de Bete-Milo. Diz-nos Juízes que uma mulher lançou da muralha da torre que estava sitiada uma mó de moinho que rachou a cabeça de Abimeleque, ferindo-o mortalmente. Outro triste episódio foi o abuso sexual da mulher de um levita pelos habitantes de Gibeá levando-a a morte, com a conivência dos lideres daquela cidade, e que ocasionou uma guerra fraticida onde a tribo de Benjamim quase foi extinta.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Uma panorâmica sobre Josué
Por causa do pecado de desobediência de Moisés, Deus não permitiu que ele introduzisse Israel na terra da promessa. (Nm 20.12). A responsabilidade de introduzir Israel em Canaã foi dada a Josué, conforme Deus já tinha determinado (Dt 31.7; Js 1.1-3).
O livro de Deuteronômio nos apresenta Israel aquartelado na planície do Jordão se preparando para entrar em Canaã. Na época, nos diz o livro de Josué, o rio Jordão estava num período de cheia. Deus graciosamente represou o rio e o povo passou a pé enxuto, defronte de Jericó (Js 3.15,16)
Antes de entrar na terra prometida foi feito um acordo com as duas tribos e meia, que se estabeleceram no lado oriental do Jordão (Transjordânia), de que os guerreiros dessas tribos acompanhariam o restante do exército para ajudá-los na conquista da terra. (Leia Números 32).
Dois espias foram enviados por Josué para Jericó, e lá eles fizeram um acordo com Raabe, a prostituta, de livrá-la junto com a sua família da destruição que viria, porque ela os acolhera e os livrara dos seus perseguidores.
Ainda antes de empreender a conquista da terra houve um preparo de natureza espiritual: a circuncisão da nova geração de guerreiros e a celebração da Páscoa. (Js 5).
Na época da conquista, a terra de Canaã era densamente povoada. Nela habitavam cananeus, amorreus, jebuseus, heteus, girgaseus, heveus e fereseus. Nela havia trinta e uma cidades fortificadas, cada uma com o seu rei. (Leia Josué 12.7-24). Todas essas cidades foram conquistadas em três campanhas militares: centro, sul e norte.
A primeira conquista de Israel foi a cidade de Jericó. Nessa conquista Deus ordenou que os soldados rodeassem a cidade uma vez por dia em silêncio. No sétimo dia Deus ordenou que a cidade fosse rodeada sete vezes. Na sétima vez as trombetas tocaram e o povo gritou e os muros de Jericó ruíram miraculosamente. Deus tinha dito que a cidade de Jericó estava sob anátema e nenhum despojo poderia ser requisitado pelos soldados, mas um deles chamado Acâ pegou do anátema e o escondeu em sua tenda. Por causa disso o povo de Deus teve dificuldade de conquistar a cidade de Ai. O pecado de Acã foi descoberto e ele recebeu a devida punição e o povo continuou a sua obra de conquista.
Depois da conquista das duas primeiras cidades, em Siquém foi feita a leitura da Lei dada por Deus através de Moisés. Nessa leitura seis tribos ficaram em frente do monte Gerizim e seis defronte do monte Ebal, dizendo amém sobre as bênçãos oriundas da obediência e as maldições oriundas da desobediência, respectivamente.
Numa das campanhas militares Deus operou um milagre que tem desafiado a ciência, que foi o sol e a lua serem detidos em sua marcha natural. Aquele dia foi um dia especial, relatado assim por Josué: “Então Josué falou ao Senhor,..., e disse na presença de Israel: Sol, detém-se sobre Gibeão, e tu, lua, sobre o vale de Aijalom. E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos.... O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro. E não houve dia semelhante a esse, nem antes nem depois dele, atendendo o Senhor assim à voz dum homem; pois o Senhor pelejava por Israel” Js 10.12-14 .
Um episódio interessante aconteceu nessa época de conquista que foi a questão dos gibeonitas que enganaram a Josué e não foram destruídos por ele. Josué fez um acordo com eles pensando se tratar de um povo que não fazia parte da terra de Canaã. (Js 9.1-27).
Depois da conquista da terra, que durou sete anos, houve a divisão da mesma entre as nove tribos e meia, pois as outras duas tribos e meia já tinham recebido o seu quinhão na Transjordânia. Cada tribo tinha a responsabilidade de acabar a limpeza da terra em seus territórios. Foi por isso que Josué disse que ainda faltava muita terra para conquistar.
Há uma questão ética na conquista da terra que foi a destruição daquelas nações (homens, mulheres, jovens e crianças). Acontece que aquele povo tinha descido ao mais baixo nível moral e espiritual e Deus já os tinha condenado (Gn 15.16). Israel fora o instrumento humano que Deus usara para punir os pecados e limpar aquela terra das maldades dos habitantes de Canaã.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Uma panorâmica sobre Deuteronômio
Vimos no livro de Números que toda aquela geração de israelitas que fora recenseada no Sinai (o primeiro censo) fora condenada por Deus a perecer no deserto, por causa dos pecados de incredulidade e rebeldia. A missão de conquistar a terra fora dada por Deus a nova geração, aos que tinham menos de vinte anos quando do primeiro censo. “Dize-lhes: Pela minha vida, diz o Senhor, certamente conforme o que vos ouvi falar, assim vos hei de fazer: neste deserto cairão os vossos cadáveres; nenhum de todos vós que fostes contados, segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, que contra mim murmurastes, certamente nenhum de vós entrará na terra a respeito da qual jurei que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. Mas aos vossos pequeninos, dos quais dissestes que seriam por presa, a estes introduzirei na terra, e eles conhecerão a terra que vós rejeitastes” Nm 14.28-30.
Conforme Êxodo, a lei fora dada por Deus e lida diante da nação de Israel, e logo após a leitura fora firmada uma aliança entre Deus e o Seu povo. Como a nova geração não tinha conhecimento do importante código de conduta estipulado pelo próprio Deus, surgiu à necessidade de que Moisés, na planície de Moabe, fronteira com o rio Jordão, repetisse a lei aos ouvidos da nova geração. Eis aí a razão de ser do livro de Deuteronômio, que significa a segunda lei ou repetição da Lei.
A mensagem do livro de Deuteronômio foi apresentada por Moisés em forma de discursos, contendo o livro quatro discursos, incluindo o de sua despedida, pois Deus já tinha revelado que ele não entraria na terra da promessa por ter desobedecido ao Senhor quando feriu a rocha pela segunda vez (Nm 20.10-12).
Nesses discursos Moisés relembra a trajetória do povo de Deus no deserto em demanda de Canaã, enfatizando o cuidado, proteção e as provisões de Deus bem como relembrando os fracassos da nação israelita.
Ainda no livro, Moisés repete a lei dada por Deus no Sinai em seus pontos mais importantes, inclusive o Decálogo (Dt 5.1-21). As outras leis encontradas em Êxodo, em Levítico e em Números são condensadas e apresentadas por Moisés em Deuteronômio.
Moisés é veemente em afirmar que o segredo da vitória do povo de Deus para a conquista da terra e a permanência dentro dela era a obediência aos mandamentos divinos, e o fracasso e a expulsão da terra seriam o resultado da desobediência aos mandamentos do Senhor. “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os preceitos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te, a fim de que os cumprisses na terra a que estás passando: para a possuíres; para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e para que se prolonguem os teus dias. Ouve, pois, ó Israel, e atenta em que os guardes, para que te vá bem, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te prometeu o Senhor Deus de teus pais” Dt 6.1-3. Quanto ao resultado da desobediência ao padrão estabelecido por Deus, o livro diz: “Se, porém, não ouvires a voz do Senhor teu Deus, se não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que eu hoje te ordeno, virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão” Dt 28.15.
Com relação às bênçãos e as maldições, é importante que se leia todo o capítulo 28 de Deuteronômio. As bênçãos que acompanharia a obediência seriam pronunciadas sobre o monte Gerizim e as maldições sobre o monte Ebal, dois montes em Israel.
Quanto a Cristologia, o livro fala sobre um profeta semelhante a Moisés que seria levantado por Deus no futuro (Dt 18.15-18). O livro ainda estabelece as diretrizes básicas para o futuro rei de Israel (Dt 17.14-20), o rei temporal olhando para o Rei Eterno.
Deuteronômio ainda determina que a lei divina seja lida perante o povo de Deus de sete em sete anos.
O livro termina com um cântico de Moisés e a benção dispensada por ele para o povo de Deus. O capitulo 34 que fala sobre a morte de Moisés pode ter sido escrito por Josué, seu sucessor. Esse livro foi o mais usado por Jesus em seu ministério.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
domingo, 23 de novembro de 2014
Uma panorâmica sobre Números
O livro de Números tem o seu nome decorrente dos dois censos registrados no livro, o primeiro realizado na planície do Sinai (Nm 1) e o outro, trinta e nove anos depois, na planície do rio Jordão antes da entrada do povo na terra prometida (Nm 26).
No livro de Êxodo a Lei divina fora entregue ao povo de Israel e baseada nela o estabelecimento de uma aliança entre Deus e o seu povo. Foi também construído o tabernáculo e instituído o sacerdócio. No de Levítico encontramos as instruções para os sacerdotes levitas.
No livro de Números encontramos a organização militar de Israel. O objetivo do censo ficou bem claro nessa intenção. “Da idade de vinte anos e para cima, todos os que saem à guerra em Israel; a estes contareis segundo os seus exércitos, tu e Arão” Nm 1.3.
O primeiro censo teve um total de 603.550 homens capazes de sair para guerra, sendo excluídos os menores de vinte anos, os idosos, as mulheres e os levitas, e o segundo censo teve 601.730 homens.
O livro de Números ainda registra a organização do acampamento israelita, cada tribo com a sua bandeira. As doze tribos foram divididas em quatro grupos de três sob a liderança das tribos de Dã (Dã, Aser e Naftali), Efraim (Efraim, Manassés e Benjamim), Ruben (Ruben, Simeão e Gade), e Judá (Judá, Issacar e Zebulom). As tribos marchavam e acampavam segundo a ordem divina. Quando caminhavam, a arca da aliança levada pelos levitas ia à frente, seguida pelas tribos comandadas por Judá, Ruben, Efraim e Dã, nessa ordem. Quando acampavam o tabernáculo era instalado no centro cercado pelas tribos (três na frente, três atrás e três de cada lado). A ordem para acampar ou levantar acampamento era dada pelo Senhor através da nuvem que pairava sobre o acampamento de dia e a coluna de fogo à noite. Quando elas alçavam, o povo levantava acampamento e partia.
O livro de Números ainda registra um triste episódio na vida do povo de Israel que protelou a viagem em trinta e nove anos, que foi o pecado da incredulidade. O povo de Deus partiu do Sinai, devidamente organizado e ao chegar a Cades Barnéia, região fronteiriça a terra de Canaã, Moisés designou doze espias para olhar a terra Prometida. O relatório dado pelos espias foi o mais promissor possível no que se refere à qualidade da terra. A postura de dez dos espias foi contrária à possibilidade do povo conquistar a terra. Só dois espias tiveram uma postura diferente. Não negaram as dificuldades da conquista, mas creram que Deus lhes daria vitória. Por causa da decisão do povo em querer voltar para o Egito, Deus condenou toda aquela geração recenseada no Sinai a morrer no deserto e deu o privilégio de entrar na terra somente a Josué e Calebe e aos que tinham menos de vinte anos na época. O pecado de rebelião, entre outros, atraiu o juízo divino e a condenação daquela geração, que teve de voltar para o Sinai e caminhar em círculo até que todos os condenados morressem.
O livro de Números ainda informa das dificuldades que Moisés teve com o povo na caminhada para Canaã, especialmente da rebelião de Coré, Datã e Abirão, três líderes que reivindicavam privilégios que Deus não lhes dera. O resultado disso foi que morreram 14.700 pessoas como juízo divino, inclusive os três líderes e as suas famílias que foram engolidos vivos pela terra. Paulo fala sobre os pecados de Israel na época (1 Co 10.1-11) e avisa para que os cristãos não caiam no mesmo erro.
Números também registra a conquista por Israel de dois territórios na parte oriental do Jordão: o reino de Ogue, de Basã e o reino de Seom, dos amorreus. Nessas duas regiões conquistadas se estabeleceram as tribos de Rúben, Gade e a meia tribo de Manassés.
Números ainda cita as cidades de refúgio, três de cada lado do rio Jordão, aonde o homicida que matasse alguém sem dolo se abrigasse até o seu julgamento.
O livro trata também da questão dos moabitas que alugaram o profeta Balaão para amaldiçoar a Israel. Balaão não conseguiu o seu intento porque Deus o proibira, através de uma burra falante, que refreou a insensatez do profeta. Mais tarde Balaão orienta a Balaque, rei moabita, como impedir Israel de prosseguir, que foi fazendo uma festa onde os servos de Deus se prostituíram.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
sábado, 15 de novembro de 2014
Uma panorâmica sobre Levítico
O título do livro de Levítico refere-se às instruções dadas por Deus para o ministério levítico no santuário.
No livro de Êxodo encontramos, dentre outras coisas, como vimos no boletim passado, a entrega da Lei à Israel, a instituição do sacerdócio e a construção do santuário móvel, o tabernáculo. No livro de Levítico encontramos as instruções dadas por Deus para o ministério sacerdotal, como deveria funcionar a religião que agradasse a Deus, especialmente em relação ao culto dentro do santuário.
Esse livro divide-se em duas partes distintas e também interligadas entre si, quais sejam: a primeira parte (1-16) trata das instruções como o povo de Israel deveria se aproximar de Deus, através dos diversos sacrifícios e festividades, chamado de Código Levítico, e a outra parte (17-25) trata das diversas instruções para um relacionamento sadio entre o povo e Deus e entre o próprio povo de Deus, chamado de Código de Santidade.
A chave para a compressão do livro de Levítico é a santidade. Deus habitava no meio do povo de Israel, cumprindo a sua parte da aliança que fizera com Israel. Segundo revelado na Bíblia esse Deus santo, perfeito habitava no meio do Seu povo. Para se aproximar desse Deus glorioso nos encontros no santuário, Deus definira certos critérios que deveriam ser seguido à risca. Dois filhos de Arão, Nadabe e Abiú, foram fulminados dentro do santuário por terem oferecido fogo estranho no altar do incenso (usaram ingredientes na composição do incenso diferentes daqueles estipulados por Deus). (Veja Levítico 10.1-11). A lição que se extrai desse triste episódio é que o culto a Deus deve ser feito conforme estipulado por Ele em sua Palavra e não conforme a imaginação humana.
As diversas classes de ofertas estipuladas pelo Senhor visavam uma purificação do povo de Deus para uma convivência sadia entre Ele e o Seu povo. Levítico fala sobre as ofertas queimadas (holocaustos), ofertas de cereais e ofertas de paz (ofertas de adoração – Lv 1-3); oferta pelo pecado e oferta pela culpa (ofertas de restauração – Lv 4-7), duas aves e a novilha vermelha (ofertas cerimoniais de purificação – Lv 14). Todas essas ofertas eram oferecidas a Deus no tabernáculo e intermediadas pelos sacerdotes do Senhor.
O livro de Levítico fala ainda sobre as diversas festividades que deveriam ser observadas por Israel. Essas festividades eram encontros proporcionados por Deus com os seguintes objetivos: Politico – manter a nação unida por meio de convocações regulares; Social – Renovar amizades nas festas da colheita; religioso – Adorar a Deus e lembrar o relacionamento com ele baseado na aliança. Essas festas eram: a festa da Páscoa e a dos Pães Asmos realizadas na mesma semana (a festa da Páscoa era realizada no primeiro dia da festa dos Pães Asmos); a festa de Pentecostes; a Festa das Trombetas; o Dia da Expiação; e a festa dos Tabernáculos. Quanto ao Dia da Expiação, dois bodes eram oferecidos a Deus sendo um sacrificado e o outro solto no deserto depois de receber a transferência dos pecados do povo. No Dia da Expiação, o Sumo Sacerdote entrava no lugar Santo dos santos do tabernáculo com o sangue do bode sacrificado que era aspergido sobre a arca da aliança, para expiar os pecados da nação.
Com o livro de Levítico o culto, em suas diversas nuances, é organizado. É definida também a responsabilidade dos oficiantes dentro do santuário, cabendo isso somente os sacerdotes da casa de Arão.
Quanto a Cristologia esse livro é riquíssimo em figuras e tipos de Cristo: Arão tipificava a Cristo como Sumo Sacerdote da nova ordem. O cordeiro da Páscoa simbolizava Cristo como o Cordeiro de Deus que seria imolado na cruz. As ofertas queimadas simbolizavam a consagração do corpo de Cristo a Deus. A oferta de paz simbolizava a Jesus como o Príncipe da Paz. A oferta pelo pecado simbolizava a provisão continua de Cristo para o pecado confessado. A oferta pela culpa simbolizada a oferta de Cristo a Deus como compensação pelos danos do pecado. As ofertas das duas aves e da novilha vermelha simbolizavam a purificação proporcionada por Cristo por contaminações diversas. (Alguns dados foram colhidos e adaptados do livro Conheça Melhor o Antigo Testamento, de Stanley Ellisen). Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
sábado, 8 de novembro de 2014
Uma panorâmica sobre Êxodo
O Livro
de Êxodo segue naturalmente ao livro de Gênesis não só na sequência dos livros
da Bíblia, mas também por causa do assunto dos últimos capítulos daquele livro.
Como foi dito acima, para se ter uma compreensão
melhor do Êxodo faz-se necessário que
nos reportemos ao último capítulo de Gênesis onde encontramos a família de Jacó
estabelecida na planície de Gosen, estuário do rio Nilo, no Egito. Ali o povo
sob a benção de Deus cresceu de uma maneira extraordinária (Gn 47.27), pois se
estima que por ocasião do Êxodo houvesse umas 2.500.000 pessoas.
Com esse crescimento vertiginoso, cresceu
também a preocupação do faraó vigente, e a partir dai começou uma opressão
muito grande contra o povo de Deus, fazendo com que ele clamasse ao Deus
Altíssimo. Deus graciosamente ouviu o clamor do povo e lhe levantou um
libertador na pessoa de Moisés. Moisés escapara miraculosamente da sentença de
morte vigente no Egito, na época, sobre as crianças judias de sexo masculino.
Esse levita, filho de Anrão e Joquebede,
teve que fugir do Egito aos quarenta anos porque matara um egípcio que
espancava um judeu. No deserto de Midiã Moisés se casou com Zípora filha de
Jetro. No deserto como pastor de ovelhas Moises passou quarenta anos. Aos
oitenta anos teve a famosa visão de Deus na sarça ardente, quando foi convocado
pelo Senhor para tirar o Seu povo do Egito.
A libertação de Israel da escravidão
egípcia deu-se através de tremendo juízo de Deus sobre aquele povo, através das
dez pragas. Por ocasião da última praga, a morte dos primogênitos, o povo de
Israel saiu do Egito, após celebrar a páscoa, que por sinal foi a primeira
delas.
Quando Israel saiu do Egito, o primeiro
obstáculo foi o Mar Vermelho que Deus, com o seu poder, dividiu em dois para
que Israel passasse por ele a pé enxuto. Depois o povo enfrentou outro grande
obstáculo, que foi o primeiro confronto militar, no caso contra os amalequitas.
Na jornada para o monte Sinai o povo de
Deus
Ao chegar à
planície do Sinai, o povo de Deus se aquartelou enquanto Moisés foi convocado
por Deus para subir ao monte onde lhe foi entregue as tábuas da Lei, os Dez Mandamentos.
Pelo fato de Moisés ter demorado quarenta dias, o povo de Israel obrigou a Arão,
o irmão de Moisés, a fazer um bezerro de Deus. Quando Moisés desceu do Sinai o
povo desenfreado estava cultuando o bezerro de ouro. Moisés irado quebrou as tábuas
da Lei, o que o obrigou a subir novamente ao Sinai e lá Deus escreveu de novo o
Decálogo.
Ainda no
Sinai, segundo Êxodo, aconteceram alguns eventos importantíssimos na vida de
Israel, quais sejam: a construção do santuário móvel e a instituição do
sacerdócio. O santuário construído por Moisés tinha três partes distintas, a
saber: o átrio, o lugar santo e o lugar Santo dos santos. No primeiro ficavam
duas peças sagradas: o altar dos holocaustos e a pia de lavar. No lugar santo
ficavam três peças: o candelabro de ouro, a mesa com os pães da proposição e o
altar do incenso. No Santo dos santos ficava somente a arca da aliança que tinha
uma tampa de ouro maciço com a figura de dois querubins, um olhando para o
outro. Naquele local só poderia entrar o sumo sacerdote uma vez por ano para
fazer expiação pela nação de Israel.
Outra
instituição importante para a vida do povo de Deus foi o sacerdócio arônico,
instituído também ali na planície do Sinai. Deus escolhera Arão e seus quatro
filhos para oficiar no tabernáculo e deu a sua descendência esse privilégio (Ex
28.1; Hb 5.4). Com a organização do exército,
o que ocorreu no primeiro censo, objeto do livro de Números, o povo de Deus
poderia ser chamado, a partir de então, de uma nação, um reino de sacerdotes,
um povo santo (Ex 19.6).
Tudo o
que aconteceu no Sinai, a entrega da Lei, a construção do tabernáculo, a
instituição do sacerdócio e o primeiro censo, seguiram a uma ordem divina.
O livro
de Êxodo termina com a consagração do templo móvel e a descida da glória de Deus
sobre ele, enchendo aquele santuário. Daí por diante a presença de Deus estava
sobre os querubins da arca da aliança, e que acompanharia Israel em suas
jornadas para a terra da promessa, Canaã.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Uma panorâmica sobre Gênesis
O
primeiro livro da Bíblia Sagrada chama-se Gênesis, que significa origem,
começo. O titulo é bem apropriado ao
assunto básico desenvolvido pela primeira parte do livro, pois nele encontramos
as origens dos céus, da terra, do ser humano, do pecado, etc.
A autoria do livro é atribuída a Moisés, o
grande líder levantado por Deus para libertar Israel do cativeiro egípcio. Tudo
indica que Moisés o escreveu quando estava com o povo de Deus no deserto após a
saída do Egito.
Os personagens humanos mais salientes desse
livro são Adão e Eva, Caim e Abel, Enoque, Noé, Abraão, Melquisedeque, Ló, Isaque, Esaú, Jacó e José. Também são mencionados os nomes de famosas
mulheres: Eva, Sara, Rebeca, Lia, Raquel e Diná.
O livro de Gênesis divide-se em duas partes
chamadas de Era Pré Patriarcal (1 a 11) e era Patriarcal (12 a 50). Na primeira
parte encontramos o relato da criação, especialmente da criação do ser humano
que foi feito a imagem e semelhança de Deus. Depois o livro trata da questão da
queda de nossos primeiros pais quando desobedeceram a uma ordem expressa de
Deus. Em seguida o livro trata de um drama familiar quando Caim, primeiro filho
do casal Adão e Eva, assassina por motivo fútil seu irmão Abel. Depois o livro
de Gênesis nos mostra o desenvolvimento da geração antediluviana e a sua
destruição através do dilúvio como juízo divino por causa do pecado. Depois o
livro fala sobre o crescimento da geração pós dilúvio, que se desenvolveu
através dos filhos de Noé, Sem, Cão e Jafé. O livro trata também da confusão
das línguas como juízo por causa da pretensão egoísta daquela geração que não
queria povoar a terra e sim se estabelecer num determinado local.
Na segunda parte do livro o enfoque é
dado nos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. O livro ainda dá um destaque
especial a um dos doze filhos de Jacó, José, que Deus usou para proteger a
família de Jacó por ocasião de uma grande
fome que varreu o mundo conhecido.
Quanto ao
patriarca Abraão o livro ressalta a aliança que Deus fez com ele, que
contemplou duas descendências, uma humana e outra espiritual. Abraão é
conhecido como pai dos judeus e pai da fé, daqueles que são chamados pelo
Evangelho de Cristo. Ainda em relação ao primeiro patriarca o livro fala de seu
filho Isaque que nasceu da sua velhice, pois tanto Abraão como Sara eram
bastante idosos e ela estéril. A promessa que Deus fizera a Abraão, além dos
temas citados, contemplava também a concessão de uma porção de terra no Oriente Médio,
a terra de Canaã. A promessa de Deus perpassa para os seu filho Isaque e para o
seu neto Jacó, herdeiros da mesma promessa.
Deus é
revelado através desse livro como o Deus Todo Poderoso que tudo criou do nada.
Revela-se ainda como o Deus que tem um programa estabelecido na eternidade e
que começou a se cumprir no tempo com a criação do ser humano. Ainda se revela
Deus como o Deus santo e justo e que pune o pecado, pois o ser humano criado
tem responsabilidade moral perante Ele. O livro ainda nos mostra um Deus
gracioso e provedor no cumprimento do seu eterno propósito envolvendo os
homens. Ainda Deus é revelado como o Deus dos milagres quando interveio em
algumas ocasiões de forma miraculosa para abençoar o seu povo.
Quanto a
Cristologia, o livro de Gênesis nos apresenta as promessas ainda que de forma
embrionária da vinda do Messias a este mundo. Em Gênesis 3.15 nos é dito que o
Messias seria um descendente da mulher, que esmagaria a cabeça da serpente,
fazendo uma alusão velada da grande vitória de Cristo sobre a antiga serpente,
o diabo, na cruz do Calvário. Na promessa que Deus fez a Abraão em Gênesis 12 e
renovada em Gênesis 17, o livro nos fala de Cristo como o descendente de
Abraão. Em Gênesis 49.10 nos é dito que o Messias seria da tribo de Judá, um
dos filhos de Jacó. Além dessas profecias diretas encontramos Cristo
prefigurado através de pessoas, objetos, instituições, etc.
Os patriarcas
viveram uma vida nômade, como peregrinos na terra de Canaã, muito antes de sua
conquista pelo líder guerreiro Josué, mas sempre mantiveram uma devoção
profunda ao Deus dos Céus que os escolhera.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
OS CRENTES EM CRISTO E O RESULTADO DAS ELEIÇÕES
Os
crentes em Cristo sabem pelas Sagradas Escrituras que Deus é soberano, Senhor
do Universo e que a terra e tudo o que nela existe, inclusive os seres humanos
pertencem a Ele. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e
aqueles que nele habitam” Sl 24.1.
Em relação ao pleito eleitoral realizado
no domingo passado em nosso País, o soberano Senhor do universo fez a sua
vontade reconduzindo uns, aprovando outros e reprovando a quem Ele quis
reprovar, em relação aos cargos eletivos, pois Ele é quem estabelece reis e
depõe reis. “Ele muda
os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá
a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos” Dn 2.21.
A postura do servo de Deus, daqui por diante, é
respeitar a ordem estabelecida por Deus no designo de sua vontade e obedecer
aos líderes que Ele instituiu pela sua graça e vontade, exceto na questão do
pecado.
“Toda alma
esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não
venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste
à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si
mesmos a condenação” Rm 13.1,2. Veja ainda o que diz outra Escrituras sobre o
assunto: “Sujeitai-vos, pois, a toda a
ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; Quer aos
governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor
dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis
a boca à ignorância dos homens insensatos; Como livres, e não tendo a liberdade
por cobertura da malícia, mas como servos de Deus. Honrai a todos. Amai a
fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei” 1 Pe 2.13-17.
Estamos
assistindo nas redes sociais ministros do evangelho de renome neste País,
mostrando sua indignação pelo fato de seu candidato não ter sido eleito. Esses
líderes com essa postura de insubmissão a vontade de Deus instigam os seus seguidores
a transgredirem a santa Palavra de Deus se posicionando contra aquilo que foi
estabelecido por um pleito democrático no qual Deus manifestou a Sua soberana vontade.
Lembramos aos irmãos da Igreja do Senhor Jesus
espalhada no Brasil que reflitam sobre a postura desses líderes e pensem muito
antes de dizer “amém” aos seus posicionamentos políticos, pois muitos deles já
perderam há muito tempo a visão do Deus soberano que governa o universo. As Sagradas Escrituras, única regra de
fé e prática dos cristãos, recomendam que os crentes em Cristo orem pelas
autoridades constituídas por Deus para que tenhamos uma vida sossegada e
tranquila, conforme o texto a seguir: “Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas,
orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por
todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade, pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso
Salvador” 1 Tm 2.1-3.
Pr.
Eudes Lopes Cavalcanti
Outubro
de 2014
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
Uma panorâmica sobre os livros da Bíblia
A
Bíblia Sagrada, a santa Palavra de Deus, é uma coleção de sessenta e seis
livros, sendo trinta e nove do Antigo Testamento e vinte e sete do Novo
Testamento. Nela Deus se revela de uma forma especial, aquilo que Ele quis
revelar acerca do Seu Ser, de Seus atributos, do Seu caráter e, sobretudo, de
Sua vontade para o ser humano em geral e especialmente para os seus servos,
aqueles que creram e aceitaram a Jesus Cristo como Filho de Deus, Salvador e
Senhor de suas vidas.
O Antigo Testamento tem a seguinte classificação:
O Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio); os Livros Históricos
(Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias
e Ester); os livros Poéticos (Jó, Salmos, provérbios, Eclesiastes e Cantares) e
os livros Proféticos (Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel,
Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque,
Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias). O Novo Testamento é classificado assim:
os Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João); o Livro Histórico (Atos dos Apóstolos);
as Epístolas Paulinas (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses,
Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom); a Epístola aos
Hebreus; as Epistolas Gerais (Tiago, 1 e 2 Pedro; 1,2, e 3 João e Judas); e o
livro de Apocalipse.
Diversos servos de Deus foram usados por Ele
para escrever o Cânon Sagrado. Todos eles foram inspirados pelo Espírito Santo
para produzir esse tesouro maravilhoso. “sabendo
primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular
interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens,
mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo” 2 Pe
1.20,21. (Veja ainda 2 Tm 3.16,17).
A inspiração das Escrituras
fez com que ela se tornasse infalível, verdade absoluta, Palavra de Deus, única
regra de fé e prática do cristão.
Para se ter uma compreensão melhor das Escrituras
faz-se necessário que o leitor entenda que a mesma foi escrita em diversos
estilos literários, e que não podemos interpretar tudo ao pé da letra como se
diz. Nela são usadas muitas figuras de linguagem, metáforas, parábolas,
profecias, linguagem apocalíptica, etc.
Uma
especial atenção deve ser dada a questão da progressividade da revelação, ou
seja, Deus não revelou tudo de uma só vez, ao contrário, foi-se revelando aos
poucos, ao longo do tempo, aproximadamente dezesseis séculos. Nessa revelação
os profetas tiveram um papel preponderante, sendo instrumentos de Deus para isso.
“Havendo Deus antigamente falado muitas
vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a
nós nos falou pelo Filho...” Hb 1.1,2 A revelação completou-se com os
escritos apostólicos. As muitas coisas que o Senhor Jesus disse que ainda diria
aos seus apóstolos, mas que seriam ditas depois foram ditas pelos escritores do
Novo Testamento (Jo 16.12).
No que se
refere à vontade de Deus revelada nos dois Testamentos, deve-se observar que
muitas coisas que foram reveladas no Antigo Testamento ao Israel etnia para
observância daquele povo caducou, já cumpriram o seu papel histórico e
profético, e só tem serventia para o Novo Israel, a Igreja, como figuras, tipos
e exemplos a serem seguidos. Veja, por exemplo, os rituais e sacrifícios
constantes do livro de Levítico, tudo aquilo foi cumprido na vida, ministério e
obra realizada por Jesus.
Ninguém está autorizado a pegar um texto do
Antigo Testamento, isolá-lo do contexto, e quere-lo aplicar para a vida da
Igreja como se fosse Palavra de Deus para os cristãos. As coisas registradas no
Antigo Testamento para serem observadas pela Igreja como regra de fé e prática devem
ter o respaldo do Novo Testamento.
Nos boletins que se seguem, pretendemos pela graça divina dissertar de
forma panorâmica sobre cada um dos livros das Sagradas Escrituras. Pretendemos ainda
com isso despertar nos irmãos que fazem a III IEC/JPA e aos que nos leem através
do Site da Igreja o interesse em ler a Palavra de Deus. Cremos que com essa
leitura o leitor terá um apego maior as Escrituras, crescerá no conhecimento do
Senhor, bem como terá sabedoria suficiente para viver de um modo que agrade a
Deus.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
sábado, 18 de outubro de 2014
As Sete Igrejas do Apocalipse (II)
Dissemos
no primeiro boletim sobre as sete cartas do Apocalipse (24/08/14) que existem
pelo menos quatro escolas que interpretam o livro de Apocalipse (Preterista, Historicista,
Futurista e Idealista).
Em relação às sete Igrejas essas escolas
veem as igrejas do Apocalipse como: Igrejas históricas (Escola Preterista, Escola
Historicista e Escola Idealista); Sete períodos da história da igreja (Escola
Futurista).
Quanto à Escola Futurista, os seus mentores
ensinam que as Igrejas do Apocalipse são
Igrejas históricas, mas que também representam sete períodos da história da
Igreja, a saber: A Igreja de Éfeso – Igreja Apostólica (30 – 100 d.C.); A
Igreja de Esmirna – Igreja Perseguida (100 a 313 d.C.); A Igreja de Pérgamo –
Igreja Estatal (313 a 590 d.C.); A Igreja de Tiatira – Igreja Papal (590 a 1517
d.C.); A Igreja de Sardes – A Igreja da Reforma Protestante (1517 a 1730 d.C.);
A Igreja de Filadélfia – A Igreja Missionária (1730 a 1900 d.C.); A Igreja de
Laodicéia – A Igreja Apóstata (1900 até a época atual...).
Outros veem que na história da Igreja,
desde o Pentecostes até a época do seu arrebatamento, toda Igreja local tem parte
de crentes tipo Éfeso, que já perderam o
seu primeiro amor; de crentes tipo Esmirna, que são fiéis a Deus a ponto de dar
a sua própria vida por causa do Evangelho; de crentes tipo Pérgamo, que estão
comprometidos com as coisas do mundo e seguem ensinos errados; de crentes tipo Tiatira,
que também como os de Pérgamo vivem comprometido com as coisas deste mundo e
que são fascinados por coisas misteriosas; de crentes tipo Sardes, que não negam
a fé, mas não abandonam o mundo, tem nome de quem vive, mas está morto; de crentes
tipo Filadélfia, que guardam a Palavra de Deus e que são guardados por Ele em
época de tribulação; de crentes tipo Laodicéia, que não são quentes nem frios,
mas mornos e que estão prestes a ser vomitado da boca do Senhor, por Lhe causar náuseas.
Nas sete
cartas, além das quatro coisas comuns que já falamos nos boletins anteriores (uma
apresentação de Jesus tirada do capitulo 1 do livro de Apocalipse,
principalmente da visão que João teve do Senhor glorificado; uma análise da
vida interna de cada igreja feita pelo Seu Senhor, identificando pontos
positivos e negativos, uma admoestação a cada Igreja, e uma promessa ao
vencedor), encontramos algumas expressões comuns as sete Igrejas, quais sejam: “Ao anjo da Igreja... escreve”. Uns acham
que esses anjos são seres espirituais designados por Deus para cuidar da
Igreja, mas isso é muito improvável, pois os anjos de Deus são santos, puros, e
em cinco delas, exceto Esmirna e Filadélfia, o Senhor os censura. Tal censura
seria uma incoerência em se tratando de seres espirituais santos e puros. A
melhor interpretação é que esses anjos sejam os presbíteros da Igreja (docente
– Pastor, e regentes – não pastores). Essa nossa afirmação baseia-se nos textos
de At 20.28 e 1 Pe 5.1-4 onde os presbíteros são constituídos pelo Espirito
Santo para o pastoreio da Igreja do Senhor.
Outra expressão que merece uma atenção
especial é o insistente apelo para que se ouça o que o Espírito diz as Igrejas.
Essa expressão comum às sete Igrejas falou tanto para as igrejas históricas da
época como fala para a Igreja do Senhor em todas as épocas. Todos já têm ciência de que o Espírito Santo
foi derramado no dia de Pentecostes sobre a Igreja e individualmente, a partir
daquele dia, sobre cada novo convertido a Cristo (Jo 7.37-39; Ef 1.13; 1 Co
12.13; Tt 3.5,6).
O Senhor prometeu que o Espírito
Santo seria enviado para estar sempre com a Igreja até o dia do seu
arrebatamento. “E eu rogarei ao Pai, e
ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre. A saber, o
Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o
conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós” Jo 14.16,17.
Faz-se necessário que os
crentes em Cristo fiquem atentos para o
que se diz na Igreja, procurando ouvir a voz do Espirito, que fala através dos
cânticos, das pregações, das orações, da manifestação dos dons espirituais,
tudo isso passando pelo crivo da Santa Palavra de Deus.
Pr. Eudes Lopes
Cavalcanti
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
A Igreja de Laodicéia (Ap 3.14-22)
A
cidade de Laodicéia situava-se na Ásia Menor e teve o seu nome dado em
homenagem a Laodice, esposa do rei Antíoco II, sírio, que estendera o seu
domínio até aquela parte do mundo. Uma fonte de agua quente abastecia a cidade
que, devido ao seu percurso, chegava a ela, morna. Nessa próspera cidade havia indústrias
de lã bem como uma florescente indústria farmacêutica onde o colírio para
tratar doenças de olhos era famoso.
A Igreja em Laodicéia, tudo indica, fora
fundado por Epafras um dos obreiros contemporâneo de Paulo. O apóstolo Paulo
escrevera uma carta a essa Igreja, mas ela não faz parte do Cânon Sagrado (Cl
4.16). Era ela uma Igreja rica, pois a maioria de seus membros tinha uma
condição social elevada, e ela se regozijava por isso.
O Senhor Jesus se apresentou
aquela Igreja como o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da
criação de Deus. “Ao anjo da igreja em
Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio
da criação de Deus” Ap 3.14. Com essa apresentação o Senhor Jesus se revelou
aquela Igreja como uma pessoa digna de crédito pelo que iria dizer para ela.
Amém significa assim seja; o que é verdadeiro; concordo com o que se é dito. Ele
ainda se revelou como o principio da
criação de Deus, ou seja, como aquele por quem tudo foi criado, e existe. “Todas as coisas foram feitas por intermédio
dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” Jo 1.3. (veja ainda Cl 1.15-17).
Na análise
que o Senhor Jesus fez da vida interna da Igreja de Laodicéia não foi
identificado nenhum ponto positivo, aliás, é a única das sete Igrejas do
Apocalipse em que isso acontece. “Conheço
as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente! Assim,
porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.
Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não
sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”Ap3.15-17. Jesus, conhecedor da
vida íntima da Igreja, disse que ela não era fria nem quente, mas morna e isso
lhe causava náuseas e que estava prestes a vomitá-la de sua boca, fazendo referência
à água morna que chegava a Laodicéia e que causava náuseas em seus habitantes.
Essa mornidão espiritual era o resultado da vida dos laodicenses comprometidas
com as coisas do mundo. Eles amavam mais as coisas do mundo do que as coisas de
Deus, o que acontece com muitos que fazem a Igreja na atualidade, que amam mais
as coisas da presente época do que as coisas do Reino de Deus. (Leia Tg 4.4; 1
Jo 2.15-17).
O Senhor advertiu a Igreja, que se julgava rica e próspera, para que ela
buscasse dele as verdadeiras riquezas espirituais que satisfazem de fato a alma
humana. “aconselho-te que de mim compres
ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te
vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de
ungires os teus olhos, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quanto
amo: sê, pois, zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém
ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e
ele comigo” Ap 3.18-20. As vestes brancas falam de pureza que o sangue de
Jesus produz na vida daqueles que se arrependem de seus erros. Os olhos curados
pelo colírio divino falam de uma visão espiritual restaurada. O Senhor revelou
que estava a porta daqueles corações querendo que eles gozassem de comunhão com
Ele. Ainda o Senhor diz que Ele é aquele que disciplina os membros faltosos,
caso não se arrependam de seus pecados.
Finalmente o Senhor fez uma
promessa ao vencedor, dizendo que aquele que vencesse se assentaria com ele em
seu trono, como ele venceu. “Ao que
vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci,
e me assentei com meu Pai no seu trono” Ap 3.21. O Jesus que venceu com a sua morte e
ressurreição garante vitória aos crentes fiéis, bem como os recompensa com
bênçãos divinas no Reino vindouro.
A carta termina com a
insistente declaração do Senhor para que se dê ouvidos a voz do Espirito que
habita na Igreja.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
sábado, 4 de outubro de 2014
A Igreja de Filadélfia (Ap 3.7-13)
A
cidade de Filadélfia foi fundada por um homem chamado Átalo Segundo, em 140
a.C. Átalo tinha um irmão chamado Eumenes, ambos tinham o sobrenome Filadelfo,
e por amor ao seu irmão deu a cidade o nome de Filadélfia, que significa amor
fraternal. Essa cidade, atual Alasehir na Turquia, pelo fato de ter sido
fundada próxima a uma área vulcânica era suscetível à ocorrência de terremotos,
inclusive houve um deles que quase a destruiu, mas foi reconstruída com o
auxilio do imperador romano Tibério que doou dinheiro para a sua reconstrução e
a isentou de tributos, e como gratidão a cidade construiu um templo em sua homenagem.
Por causa do constante perigo que corria, as suas portas eram continuamente
abertas para evacuar a população quando da ocorrência de possíveis terremotos. Quando
Jesus disse que tinha colocado uma porta aberta diante da Igreja, os irmãos de
Filadélfia sabiam, por experiência própria, da importância de uma porta aberta, por onde havia escape diante do perigo iminente.
Quanto o Senhor Jesus fez a análise da
vida interna daquela Igreja não encontrou nenhum ponto negativo que precisasse
de uma reprimenda.
O Senhor Jesus se apresentou aquela Igreja como
aquele que é Santo e Verdadeiro e que tem a chave e a autoridade para abrir e
fechar. “E ao anjo da igreja que está em
Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a
chave de Davi, o que abre, e ninguém fecha, e fecha, e ninguém abre”. Ap 3.7. Com essa declaração, o Senhor quis
dizer que Ele é santo, puro, prefeito, e que é a verdade absoluta, nele não há
mentira nem falsidade. Quis dizer também que só Ele tem a autoridade real para
abrir e fechar e a porta que Ele abre ninguém fecha, e a que Ele fecha ninguém
abre, pois é Senhor, Rei, Soberano e
todas as coisas obedecem ao Seu comando.
Ao analisar a vida interna da Igreja,
Jesus identifica a fidelidade da Igreja em
guardar a Palavra de Deus e em não negar o Seu precioso nome diante de uma
sociedade corrompida pelo pecado, inclusive diante da oposição que os judeus
faziam ao progresso do Evangelho em Filadélfia. “Eu sei as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e
ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra e não
negaste o meu nome. Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás (aos que se
dizem judeus e não são, mas mentem), eis que eu farei que venham, e adorem
prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo. Como guardaste a palavra da
minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre
todo o mundo, para tentar os que habitam na terra” Ap 3.8-10. Na análise
que Jesus fez, Ele revela que a Igreja é amada por Ele e que a guardaria na
hora da tribulação que se aproximava. Os irmãos pré-tribulacionistas
interpretam esse texto dizendo que a Igreja será arrebatada (guardada,
removida) antes de se instalar a Grande Tribulação. Outros acham que guardar
nesse texto significa preservar durante.
Em seguida, Jesus faz uma advertência a
Igreja de sua volta iminente e que ela deveria guardar o que tinha recebido de
Deus para que não perdesse a recompensa, que Deus dará aos seus servos fiéis. “Eis que venho sem demora; guarda o que tens,
para que ninguém tome a tua coroa” Ap 3.11.
Depois Jesus fez uma promessa ao vencedor
nesses termos: “A quem vencer, eu o farei
coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome
do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu,
do meu Deus, e também o meu novo nome”. Ap 3.12. O redimido pelo sangue do
Cordeiro receberá bênçãos extraordinárias derivadas da vida eterna, simbolizadas
no texto como “coluna do templo de Deus, que não será removida”, “o nome de
Deus, da santa cidade, o nome de Jesus será gravado na vida do redimido”.
Finalizando, Jesus, como faz nas sete
cartas, adverte para que se dê ouvidos ao que Espírito Santo estar dizendo a
Igreja, através das mensagens dessas cartas. “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” Ap
3.13.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti.
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
A Igreja de Sardes
Sardes, atual Sart na
Turquia, era na época duas cidades daí o nome Sardes (plural), sendo uma localizada
num monte com uma encosta íngreme onde estava a fortaleza e a outra ao pé desse
monte numa planície, sendo esta mais desenvolvida e rica devido estar
localizada também na rota comercial daquela parte da Ásia Menor. O personagem
Cresus, famoso pela sua fortuna, estava associado a essa importante cidade.
A Igreja nessa cidade estava praticamente
envolvida com a cultura pecaminosa da cidade, só umas poucas pessoas dentro
dela vivia realmente o evangelho na sua plenitude, o restante tinha contaminado
as suas vestes.
O Senhor Jesus se apresenta a essa igreja
como aquele que tinha os sete Espíritos e as sete estrelas. “E ao anjo da igreja que está em Sardes
escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas”
Ap 3.1a. Nessa apresentação de Jesus, os sete Espirito quer dizer o Espirito de
Deus em sua plenitude, pois o número sete no Apocalipse significa a coisa
completa, em sua plenitude, ou ainda, em sua sete manifestações, como
explicitado em Isaías 11.2. As sete estrelas que estão nas mãos de Jesus são os
pastores da Igreja (pastores e presbíteros), responsáveis por ela diante do
Senhor. (Veja Ap 1.20; At 20.28; 1 Pe 5.1-4).
O resultado da análise que Jesus fez da
igreja de Sardes não é muito positivo. Ele disse que ela tinha nome de quem vivia,
mas estava morta. Só umas poucas pessoas da Igreja não tinham se comprometido
com o mundo da época. “Eu sei as tuas
obras, que tens nome de que vives e estás morto” Ap 3.1b. “Mas
também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes e comigo
andarão de branco, porquanto são dignas disso” Ap 3.4. O mundo tinha
entrado na igreja e o testemunho dos crentes não era eficaz, é por isso que
Jesus fala sobre o Espírito Santo, pois é Ele quem dá vida a Igreja, renova,
rejuvenesce.
Depois da identificação
de pontos positivos e negativos da Igreja, Jesus faz uma gravíssima advertência
a ela e a chama ao arrependimento sob pena de vir contra ela numa hora que ela
não espera para puni-la pelos seus pecados. “Sê vigilante e confirma o restante que estava para morrer, porque não
achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do que tens
recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre
ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei” Ap 3.2,3. Nessa
advertência o Senhor Jesus fala sobre vigilância,
confirmar o restante, lembrar-se do que tem recebido e ouvido e
procurar guardar os ensinamentos da Palavra de Deus. Ele fala também do arrependimento, do retorno a Deus.
Depois, o Senhor Jesus faz uma promessa ao
vencedor: “O que vencer será vestido de
vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos” Ap 3.5. O vencedor será vestido de vestes brancas,
símbolo da pureza produzida pelo poder do sangue do Cordeiro, e terá o seu nome
confirmado no livro da vida, e diante do Pai e dos anjos o nome dele será pronunciado.
Aparentemente a expressão “e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do
livro da vida”, pode dar a impressão de que o crente pode perder a
salvação, mas o texto não quer dizer isso, pois iria entrar em contradição (a
Bíblia não se contradiz) com inúmeros
outros textos que asseguram a salvação eterna para quem a possui, como por
exemplo: “Tudo o que o Pai me dá virá a
mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” Jo 6.37. “Portanto,
agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam
segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em
Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” Rm 8.1,2. A salvação
não depende de nós e sim do Senhor. “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie” Ef 2.8,9.
A carta à igreja de Sardes termina com o
solene apelo para que se dê ouvido à voz do Espirito que está no meio da
Igreja.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
sábado, 20 de setembro de 2014
A Igreja de Tiatira (Ap 2.18-29)
A
cidade de Tiatira era um importante centro comercial da Ásia Menor. Ela estava
localizada numa posição estratégica, numa rota comercial entre outras
importantes cidades da época. Nela havia uma fortíssima associação comercial
que para fazer parte dela as empresas comerciais e industriais tinham que se
comprometer com a religião dominante na cidade, que era a do culto aos deuses
gregos.
Nessa cidade, a Igreja que talvez tenha
sido fundada por Lídia, vendedora de purpura, convertida através do ministério
de Paulo, era muito forte e foi elogiada por Jesus, por causa do seu amor por
Ele e pelos irmãos na fé, pelo seu serviço, pela sua fé e pela sua paciência,
virtudes essas abundantes naquele ministério.
O Senhor Jesus se apresenta aquela igreja como
o Filho de Deus, como aquele que tinha os olhos como chamas de fogo e os pés
semelhantes ao latão polido. “E ao anjo
da igreja de Tiatira escreve: Isto diz o Filho de Deus, que tem os olhos como
chama de fogo e os pés semelhantes ao latão reluzente” Ap 2.18. Tudo indica que naquela igreja, apesar de
suas virtudes, tinha um segmento de pessoas que não acreditava que Jesus fosse
o Filho de Deus, e como consequência não tinha consciência de que Jesus, com o
seu olhar penetrante, conhecia tudo o que se passava dentro dela. Os seus pés
semelhantes ao latão reluzente fala sobre a sua autoridade, o seu domínio, onde
tudo se encontra aos seus pés, fala também de sua autoridade para julgar.
Na
análise da vida interna da Igreja, depois de falar das suas grandes virtudes, o
Senhor Jesus revela que na Igreja havia uma mulher que Ele chamou de Jezabel, que
se dizia profetisa, e que era tolerada, e que ensinava e enganava aos crentes
que contextualizar-se com a sociedade da época, ou seja, praticar a imoralidade
sexual e comer das coisas sacrificadas aos ídolos, não era nenhum mal aos olhos
de Deus.
Em seguida, o Senhor
Jesus faz uma pesada advertência a Igreja, chamando a profetisa Jezabel e aos
crentes faltosos ao arrependimento sob pena de feri-los com enfermidade e
morte. “E dei-lhe tempo para que se
arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu. Eis que a porei numa
cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se
arrependerem das suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as
igrejas saberão que eu sou aquele que sonda as mentes e os corações. E darei a
cada um de vós segundo as vossas obras” Ap 2.21-23. A punição aos crentes
faltosos serviria para mostrar que Deus é o justo Juiz e que retribui a cada um
segundo as suas obras. Jesus ainda censura outro ensinamento de Jezabel que era
que os irmãos deveriam conhecer as profundezas de Satanás para poder
combatê-lo. “Mas eu vos digo a vós e aos
restantes que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina e não
conheceram, como dizem, as profundezas de Satanás, que outra carga vos não
porei” Ap 2.24.
Quanto à promessa que é
feita a Igreja, Jesus disse que ao vencedor seria dado poder sobre as nações e
que ele a governaria com vara de ferro e que também lhe daria a brilhante
estrela da manhã. “E ao que vencer e
guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações, e com
vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de oleiro; como também
recebi de meu Pai, dar-lhe-ei a estrela da manhã” Ap 2.26-28. Com essa
linguagem simbólica Jesus queria dizer que os crentes vencedores teriam
autoridade para subjugar as cidadelas do mal e que tudo estaria sob os seus pés,
através da autoridade delegada por Cristo a Igreja. Quanto a brilhante estrela
da manhã, essa expressão simbólica refere-se a Cristo “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas
igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a resplandecente Estrela da manhã”
Ap 22.16, e a glória real comunicada por Ele à Igreja, considerando que ela é a
comunidade composta de reis e sacerdotes. “e
nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, glória e poder para todo
o sempre. Amém!” Ap 1.6.
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
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