segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Entendendo a mensagem do Apocalipse


O livro de Apocalipse é o último livro do Canon do Novo Testamento. Ele foi escrito por João, apóstolo, quando estava exilado na Ilha de Patmos por causa do evangelho, sob o governo de Domiciano, provavelmente em 95 d.C. O livro foi escrito visando consolar a Igreja do Senhor Jesus que sofria oposição e perseguição por parte da potência mundial da época, o império romano. Ele foi escrito num estilo literário conhecido como apocalíptico em que, dentre outras coisas, a mensagem é apresentada através de símbolos e figuras. Esse estilo literário foi usado de forma abundante por escritores religiosos do período entre 100 a.C a 100 d.C. No Canon Sagrado temos o livro de Apocalipse escrito nessa linguagem, partes de Daniel, de Isaías, de Ezequiel, e de Zacarias. Existem ainda diversos outros livros que usam esse tipo de linguagem, mas apócrifos. A mensagem básica passada pelos apocalípticos era que o povo de Deus estava sofrendo nas mãos dos ímpios, mas que tivesse paciência porque Deus, no devido tempo, se manifestaria punindo os opressores e libertando o seu povo e dando-lhe um futuro feliz.
No meio acadêmico conhece-se quatro escolas de interpretação do livro de Apocalipse: a preterista, que trata os acontecimentos do livro como acontecidos no primeiro século da era cristã, ficando pendente apenas a consumação – segunda vinda do Senhor e o consequente juízo final. A historicista que identifica os acontecimentos do livro de Apocalipse com os acontecimentos ao longo da historia da humanidade a partir do século primeiro. A futurista que ensina que apenas os capítulos um, dois e três pertencem à história da Igreja, sendo o restante do livro objeto do futuro após o arrebatamento da mesma. A idealista que ensina que o livro de apocalipse trata de princípios revelados por Deus no que se refere ao sofrimento da Igreja, o cuidado de Deus sobre ela e o Seu juízo sobre os perseguidores da mesma, bem como o futuro glorioso do povo de Deus.
Fazendo uma análise crítica das escolas citadas no item anterior podemos chegar às seguintes conclusões: a preterista mostra o Apocalipse como um livro que é apenas um referencial e que não traz uma mensagem objetiva para a igreja, pois praticamente tudo é passado. Para essa escola o Apocalipse não serve para a igreja depois do século primeiro. Essa concepção faz do livro apenas uma fonte informativa sem mensagem para a Igreja a não ser uma vaga esperança escatológica. A historista cai no grave erro de tentar identificar os acontecimentos passados da história do mundo com os selos, trombetas e taças do Apocalipse, etc. Observem que para os autores dessa escola os acontecimentos referem-se praticamente ao mundo ocidental. A futurista faz do livro mais judaico do que cristão já que a igreja será arrebatada no final do capítulo terceiro, pois no capítulo quatro ela está nos céus com Jesus. Assim sendo, o livro perde o seu objetivo que é consolar uma igreja que enfrentou, enfrenta e enfrentará oposição neste mundo. Outra ênfase equivocada dessa escola é ensinar explicitamente que haverá mais de uma ressurreição corporal de mortos (a dos santos da velha dispensação, da igreja, dos salvos da grande tribulação e dos salvos do milênio - isto está subtendido no programa dessa escola, e dos ímpios). Ainda outro problema grave da escola futurista é enfatizar uma interpretação literal do livro em grande parte quando o mesmo foi escrito num estilo de linguagem em que a mensagem é transmitida através de símbolos e figuras de linguagem (literatura apocalíptica). Fica a escola idealista que vê o livro como uma forte mensagem para a igreja em todas as suas épocas até a sua consumação, visto que o mesmo é uma mensagem de conforto para a Igreja do Senhor que sofre no mundo com a oposição e perseguição do diabo, do mundo e da falsa religião. Segundo a escola idealista o livro de Apocalipse divide-se em duas partes: capítulos 1-11 que trata da luta do mundo político/econômico/social/militar posto no maligno contra a Igreja do Senhor; e 12-22 que trata da luta de satanás e seus aliados (as duas bestas, a prostituta, e os aliados da besta) contra Cristo e sua Igreja, ou seja, a luta aqui na terra é o reflexo de uma batalha maior no reino espiritual. Essa escola ainda identifica no livro sete seções paralelas (todas cobrem o mesmo período, do primeiro ao segundo advento de Cristo, sendo reveladas algumas coisas novas e variando outras de intensidade à medida que se aproxima do fim de todas as coisas), conforme explicitado pelo Dr. William Hendricksen no seu livro Mais que Vencedores (os mistérios do Apocalipse desvendados com profundidade e fidelidade), Editora Cultura Cristã: 1ª seção, capítulos 1.1-3.22 - Cristo no meio da sua igreja (sete candeeiros de ouro) ao longo de sua existência; 2ª seção, capítulos 4.1-7.17 - A visão do Céu e dos sete selos; 3ª seção, capítulos 8.1-11.19 - As sete trombetas; 4ª seção, capítulos 12.1-14.20 - o dragão perseguidor da igreja; 5ª seção, capítulos 15.1-16.21 - As sete taças; 6ª seção, capítulos 17.1-19.21 - A queda da Babilônia; 7ª seção, capítulos 20.1-22.21 - A grande consumação. Essa escola ainda considera que os juízos de Deus através dos sete selos, das sete trombetas e das sete taças, são eventos paralelos ou simultâneos e não seqüenciais, considerando que nos últimos setes (selos, trombetas e taças) encontram-se a descrição de um mesmo evento que é a consumação de todas as coisas com o segundo advento de Cristo.
Tratando do livro em si, ele começa com a identificação da autoria divina do mesmo (revelação de Jesus Cristo), do meio utilizado para trazer essa mensagem (pelo seu anjo) e do instrumento humano que iria lançar mão da pena para escrevê-lo (João). Em seguida o livro identifica os destinatários do mesmo (as sete igrejas da Ásia Menor: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia). Ainda no capítulo primeiro nos é apresentado o Senhor da Igreja, glorificado, através de uma figura aterradora (cabelos brancos como a neve, olhos como chamas de fogo, espada que sai da boca, pés semelhante a latão reluzente, etc), Tendo cada descrição um significado aderente aos atributos e ofícios de Cristo (onisciência, onipotência, onipresença, santidade, eternidade, ofícios sacerdotal e real, supremo juiz, etc).
Nos capítulos dois e três encontramos a parte epistolar do livro, as sete cartas destinadas às sete igrejas da Ásia Menor. Nessas cartas encontramos quatro coisas em comum: 1) uma apresentação de Jesus a Igreja tirada do capitulo primeiro; 2) uma análise da vida interna de cada igreja onde são identificados pelo Senhor os pontos positivos e os negativos delas; 3) uma advertência a Igreja; 4) e uma promessa ao vencedor. Ainda em cada carta encontramos frases em comum, como segue: ao anjo da Igreja escreve; eu sei as tuas obras; quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz as Igrejas; e, ao que vencer, dar-lhe-ei. Quanto à análise interna, em duas delas não foram identificados pontos negativos (Esmirna e Filadélfia) e numa não foram identificados pontos positivos (Laodicéia). Quanto ao destinatário imediato das cartas (anjo da igreja) eles são os responsáveis humanos pelas comunidades locais (o pastor auxiliado pelos presbíteros. Veja At 20.28; 1 Pe 5.1-4).
No capitulo quatro encontramos uma visão do trono de Deus. Nessa visão é descrita o fulgor do trono de Deus e os seres que estavam diante dele (seres celestiais - quatro seres viventes, e seres humanos glorificados, vinte e quatro anciãos que representam o povo de Deus da antiga e da nova dispensação). Nesse capítulo é proclamada a santidade de Deus pelos seres viventes e também Deus é exaltado e celebrado pela sua obra criadora. “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” Ap 4.11.
No capitulo cinco é visto na mão direita do que está assentado no trono um livro selado com sete selos. Esse livro contém o programa de Deus para o mundo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, que é revelado, paulatinamente, com a abertura de cada selo. A seguir a visão dominante do capítulo é a do Cordeiro que foi morto, que com a sua dignidade e com o que Ele fez (redenção do povo de Deus pelo sacrifício de si mesmo) o credencia a abrir o livro e a desatar os seus sete selos. Isto quer dizer que o Senhor Jesus é o Senhor da história e que as coisas que aconteceram, acontecem e acontecerão na história do mundo principalmente aquelas relacionadas à Igreja estão sob o Seu controle ou comando. Ainda na visão do Cordeiro que foi morto são realçados dois atributos Seus: a onipotência (sete chifres) e a onisciência (sete olhos). Ainda nesse capitulo o Cordeiro é reverenciado e adorado por anjos e pelos homens redimidos representados pelos vinte e quatro anciãos. Nessa celebração a Cristo é dada ênfase a sua obra redentora realizada na cruz do Calvário. “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação; e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” Ap 5.9,10.
No capítulo seis encontramos os sete selos, que revelam o juízo de Deus sobre o mundo ímpio perseguidor da Igreja. Esses juízos são derramados (foram, estão sendo, e serão) na história do período da igreja, desde o seu nascedouro até a sua consumação. Os cavaleiros montados nos cavalos branco, vermelho, perto e amarelo, representam respectivamente Cristo vencendo através da pregação do Evangelho, a guerra contra a Igreja, o desequilíbrio da economia provocado pela guerra e a morte que se segue a guerra e a fome. Observem que Deus pune os homens sempre em função do seu povo, no caso a sua Igreja. Ainda nesse capítulo encontramos a revelação da vida após a morte (imortalidade da alma) naquelas almas debaixo do altar quando se abre o quinto selo. Na abertura do sexto selo encontramos cataclismos na natureza semelhantes aos mencionados por Jesus no seu sermão escatológico que antecederão de imediato a segunda vinda do Senhor (Mt 24.29).
No capítulo sete encontramos duas visões parentéticas (entre as duas séries de juízos de Deus através de selos e trombetas), ambas falando da Igreja do Senhor. A primeira visão, a dos 144.000 selados refere-se à Igreja do Senhor, o novo Israel de Deus, que está sendo selada pelo Espírito Santo ao longo da sua história. Na visão a Igreja é apresentada com todos os seus componentes. A visão seguinte refere-se à igreja completa, vencedora, nos céus, composta de todos os salvos de todas as épocas e de todas as tribos, povos, línguas e nações. Esses amados vieram de grande tribulação durante as suas existências e, principalmente, no período de intensa tribulação que ocorrerá antes da segunda vinda do Senhor.
Nos capítulos oito e nove e parte do onze encontramos a visão dos toques das sete trombetas que engloba o mesmo período contemplado pelos sete selos (o panorama da história da Igreja delineado, desde o seu nascedouro até a sua consumação). Observem que o sexto selo (Ap 6.12-17) é similar a sétima trombeta (Ap 11.15-19). Ambos terminam com a segunda vinda do Senhor e o consequente juízo final. Nas trombetas nos é mostrado acontecimentos mais detalhados do que nos sete selos.
No capítulo dez e parte do capítulo onze, encontramos outras duas visões parentéticas, a do livrinho comido por João e a das duas testemunhas, referindo-se as duas ao mesmo assunto que é o testemunho da Igreja ao longo de sua história. Um testemunho que traz prazer aos que são alcançados pela mensagem do Evangelho e perspectiva de juízo para quem não aceita (doce ao paladar e amargo no ventre), e o testemunho que é dado pela Igreja no poder do Espírito, mas que recebe oposição e enfrenta martírio provocado pelo diabo, seus aliados e pelo mundo que jaz no maligno (as duas testemunhas). Em momentos da história da Igreja o seu testemunho é parecido como se ela tivesse sido morta, mas em outros momentos, vivo, poderoso como se tivesse ressuscitado, principalmente antes do fim da presente era.
Nos capítulos doze e treze nos é apresentado os formidáveis inimigos do povo de Deus que atuam contra ele ao longo da sua história, principalmente da história da Igreja, mui especialmente quando do final da sua existência aqui na terra: o dragão (satanás), a besta que sai do mar (o mundo político representado pelo anticristo), e a besta que sai da terra (as falsas religiões representadas pelo falso profeta). Nesse capítulo nos é revelado o ódio que o dragão tem pela Igreja, não lhe dando trégua, mas revela também a proteção divina sobre ela em seus momentos de perseguições.
No capitulo quatorze encontramos outra visão da Igreja glorificada após o seu traslado para os céus. Nessa visão a Igreja é novamente representada pelos 144.000 mil selados. Ainda nos é revelado que os seus componentes foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro e que estão sempre com Ele. “... estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus” Ap 14.4,5. Encontramos também uma descrição do terrível juízo de Deus por ocasião da consumação de todas as coisas com o segundo advento de Cristo.
Nos capítulos quinze e dezesseis encontramos a consumação da ira de Deus através do derramar de sete taças. Essas taças contemplam todo o período da história da Igreja, ou seja, é outra visão do mesmo juízo de Deus derramado sobre o mundo ímpio, opositor da Igreja. Isto quer dizer que os sete selos, as sete trombetas e as sete taças contemplam o mesmo período da história da Igreja desde o seu nascedouro em Pentecostes até a sua consumação por ocasião da segunda vinda do Senhor. Observem que os juízos de Deus através de selos, trombetas e taças trazem certa similaridade, e as diferenças que existem são mais luzes que se nos traz sobre o tratamento de Deus com o mundo ímpio perseguidor da Igreja. A questão da simultaneidade de selos, trombetas e taças, é similar aos relatos dos quatro evangelhos, quando um relato de um evangelista lança mais luz sobre o mesmo relato feito por outro evangelista, dando-nos no todo, na análise conjunta, um relato completo daquilo que Deus queria nos revelar.
Nos capítulos dezessete, dezoito e parte do capítulo dezenove (19.1-10), encontramos uma descrição sobre Babilônia, a grande prostituta que seduz os homens com os seus encantos. Encontramos ainda a revelação do juízo de Deus sobre Ela e a repercussão desse juízo entre aqueles que se prostituíram com ela. Essa grande Babilônia não é uma cidade física e sim o mundo com o seu encanto e sedução, que está sob a influência do diabo. Esse mundo posto no maligno (Mt 4.8,9; Ef 2.2; 1 Jo 5.19) é expressado pelos grandes impérios que dominaram o mundo (assírio, babilônico, persa, grego, romano, etc), que seduziram a alma do homem e perseguiram o povo de Deus. Ainda nessa visão é revelado o regozijo nos Céus quando da execução do juízo de Deus sobre o mundo perseguidor da Igreja (Ap 19.1-10).
No capítulo dezenove (19.11-21) encontramos um relato da segundo vinda do Senhor em glória para buscar a sua Igreja e para trazer juízo sobre o mundo ímpio na grande batalha de Armagedom. O Senhor vem nessa visão como um guerreiro poderoso, com os seus anjos para trazer juízo sobre os aliados do dragão. Observem os dois símbolos desse juízo: a espada que sai da boca do Senhor para ferir as nações, e as vestes salpicadas de sangue. O juízo de Deus é descrito assim: “E vi um anjo que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde e ajuntai-vos à ceia do grande Deus, para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam, e a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes. E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército. E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre. E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes” Ap 19.17-21. Nesse juízo é dada ênfase sobre o julgamento do anticristo e do falso profeta. (Ap 19.20), representantes máximos, respectivamente, do mundo e da falsa religião..
No capitulo vinte encontramos uma solene descrição do juízo final quando todos irão comparecer diante de Deus para prestar conta dos seus atos enquanto viveram. Neste capitulo encontramos uma ênfase sobre o castigo imputado ao diabo e seus anjos (subtendido em relação aos anjos caídos) bem como aos seus adeptos. É-nos dito nesse capitulo (Ap 20.1-3) que o diabo estava sobre certo castigo de Deus durante a dispensação da Igreja (amarrado por mil anos, o tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo), tendo o seu raio de ação limitado, pois Cristo o venceu na cruz e o expôs ao desprezo e a ignomínia, conforme nos foi revelado por Paulo (Cl 2.15) e por Pedro (1 Pe 3.22). Esse capítulo ainda fala sobre a libertação do diabo depois de sua prisão por mil anos. Significa que lhe será dada mais liberdade para atuar nos dias que antecederem de imediato a segunda vinda do Senhor. Isso quer dizer que quando da aproximação da vinda de Jesus a ação diabólica será mais intensa. Isso se coaduna com o que está escrito no capítulo 9 de Apocalipse com o toque da quinta trombeta (Ap 9.1-12). Ainda nesse capítulo há uma referência a um reino de mil anos. Considerando que a linguagem do apocalipse é uma linguagem simbólica, entende-se esses mil anos como o tempo total da história da Igreja quando a mesma reina com Cristo na esfera espiritual (Ef 2.6; Cl 3.1; Ap 1.6; 5.10). Entende-se ainda que esse milênio simboliza a vida perfeita que os crentes goza no reino espiritual, assentados nos lugares celestiais com Cristo Jesus, gozando de salvação, paz com Deus graças a poderosa obra do Espírito Santo em suas vidas. Há ainda uma referência a uma primeira e a uma segunda ressurreição dos mortos. A primeira ressurreição, no entendimento dos teólogos reformados, refere-se à ressurreição espiritual quando da conversão do pecador a Cristo. Observe que o texto diz que sobre esses a morte não tem poder algum, coadunando-se assim com o que disseram o Senhor Jesus (Jo 5.25) e Paulo (Ef 2.1,5; Rm 8.1,2). A segunda ressurreição identificada nesse capitulo é a ressurreição corporal dos mortos (salvos e perdidos) num bloco só conforme explicitado por Daniel (Dn 12.2), pelo Senhor Jesus (Jo 5.28,29) e por Paulo (At 24.15).
Nos capítulos vinte e um e vinte e dois encontramos uma descrição dos novos céus e da nova terra (o lugar eterno dos santos), resultado da purificação feita por Deus no mundo, conforme revelado também pelo apóstolo Pedro em sua segunda carta, (2 Pe 3.7,10-13). Encontra-se também nesse capítulo uma revelação surpreendente sobre a glória que envolve a Igreja do Senhor na consumação de todas as coisas (a nova Jerusalém, a esposa do Cordeiro - Ap 21.9-27). Ainda se encontra no capitulo vinte e dois um convite do Senhor ao pecador perdido para que ele aceite a mensagem do Evangelho pregada pela Igreja mediante o poder do Espírito, uma advertência para os leitores e uma reiteração da promessa da segunda vinda do Senhor e a ministração de uma benção sobre a vida da Igreja.
Ainda no livro de apocalipse encontram-se sete bem aventuranças:
“Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” Ap 1.3.
“Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam” Ap 14.13.
“Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas” Ap 16.15.
“E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus” Ap 19.9.
“Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos” Ap 20.6.
“Eis que presto venho. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro” Ap 22.7.
“Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas” Ap 22.14.
Quanto à numerologia da literatura apocalíptica, veja o quadro abaixo:
N.º
Significado
1
Idéia de unidade, ou de existência independente.
2
Fortaleza, confirmação, coragem e energia redobrada (as duas testemunhas)
3
N.º divino, Trindade
4
O mundo em que os homens vivem, labutam e morrem
5
Perfeição humana física (cinco dedos dos pés e mãos)
6
N.º de homem (falha, queda, derrota)
7
N.º divino, perfeição, inteireza (sete Espíritos, sete Igrejas, sete anjos, sete castiçais)
3 1/2
Coisa incompleta
10
(5x2)
Completo, poderio humano absoluto (dez reis, dez chifres, dez mandamentos)
12
Religião organizada no mundo (doze tribos, doze apóstolos, doze portas)
24
(12x2)
Espectro abrangente da religião organizada no mundo (24 anciãos)
70
(7x10)
Idéia de ilimitado (setenta discípulos, setenta anciãos, setenta membros do Sinédrio)
144.000
(12x12x10)
N.º representativo da religião perfeita (144.000 selados)
A literatura apocalíptica apresenta características peculiares, a seguir:
a) Significação Histórica - Toda a literatura apocalíptica está associada a uma contexto histórico bem definido. O conhecimento dessa situação facilita a compreensão da mensagem do autor.
b) Uso de Pseudônimo - Os autores desses escritos, geralmente, usavam pseudônimos, isto é, nomes de personagens importantes das Sagradas Escrituras e, quase nunca, os seus próprios nomes.
c) A Mensagem Apresentada por Meio de Visões - Os escritores desse tipo de literatura geralmente apresentavam a sua mensagem fazendo uso de visões, sendo esse um dos principais métodos para expressar aquilo que se queria dizer.
d) Uso do Elemento Preditivo - A literatura apocalíptica trata de acontecimentos futuros ou escatológicos. A predição é feita das coisas principais e se refere mais ao caráter do evento predito do que aos seus detalhes.
e) Uso Intensivo de Símbolos - Na literatura apocalíptica, encontramos um elaborado sistema de símbolos secretos e de figuras de linguagem para expressão das idéias espirituais. O uso da simbologia dificulta sensivelmente a interpretação da mensagem, principalmente, para quem não está com ela familiarizado.
f) Uso de Figura de Linguagem Dramática - A literatura apocalíptica é caracterizada pelo sentido de um iminente drama. Frequentemente, os símbolos são usados de forma dramática para enfatizar a seriedade da mensagem.
Observação: as divisões do livro de apocalipse em duas partes e em sete seções, o quadro com a numerologia e as informações sobre as características da literatura apocalíptica é fruto de pesquisa. Exceto os textos bíblicos transcritos, o restante é de autoria deste pastor.
Para uma compreensão mais detalhada desse extraordinário livro (Apocalipse) recomendamos a bibliografia abaixo, principalmente o livro de William Hendricksen:
- Apocalipse, o futuro chegou – Hernandes Dias Lopes, Editora Cultura Cristã
- Apocalipse – Simon Kistermaker, Editora Cultura Cristã
- A Igreja e as Últimas coisas – Dr. Martyn Lloyd-Jones, PES
- A Mensagem do Apocalipse – Michael Wilcock, ABU
- Mais que Vencedores (os mistérios do Apocalipse desvendados com profundidade e fidelidade) – William Hendricksen, Editora Cultura Cristã

Rev. Eudes Lopes Cavalcanti
Ministro congregacional da ALIANÇA

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