Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e
da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo;
nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado,
morto e sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está
sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os
vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal; na
comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida
eterna. Amém.
Muitos teólogos acham
estranho que numa declaração de fé se contenha uma informação histórica como tem
o Credo Apostólico, quando cita o nome do procurador romano Pôncio Pilatos sob
cujo governo padeceu Jesus Cristo. Hoje vemos como foi importante essa
informação, devido alguns negarem a historicidade de Jesus.
Segundo os historiadores, Pôncio Pilatos foi o quinto procurador romano
na Judéia, e governou aquela difícil província do império romano nos anos de 26
D.C. a 36 D.C. sendo destituído do cargo devido à excessiva força com que tratou
uma revolta entre os galileus (Lc 13.1,2).
Paulo escrevendo aos Gálatas (4.4) nos revelou que na plenitude dos
tempos Deus enviou o seu Filho nascido de mulher. Tratando-se da plenitude dos
tempos no programa divino, é preciso que nos reportemos ao livro do profeta
Daniel onde encontramos uma revelação sobre as grandes potencias que iriam
dominar o mundo conhecido, até ao primeiro advento de Cristo, pela ordem,
Caldeus, Persas, Gregos e Romanos (cabeça de ouro, tórax e braços de prata,
ventre e coxas de cobre, pernas de ferro e pés de ferro e de barro, da estátua
do sonho de Nabucodonosor). Dn 2.31-45.
As
pernas de ferro e os pés de ferro e de barro, que Daniel falou era o império
romano que depois de submeter o dilacerado império grego conquistou o mundo
todo.
Esse império é retratado ainda por Daniel
como o animal terrível do capitulo sete de sua profecia, que a tudo destruía. “Depois disto, eu continuava olhando nas
visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito
forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; e devorava e fazia em pedaços, e
pisava aos pés o que sobejava; e era diferente de todos os animais que apareceram
antes dele, e tinha dez pontas” Dn 7.7.
Como era grande a extensão física do império romano, para administrá-lo
os imperadores romanos nomeavam procuradores para representar o império nas
províncias conquistadas, cabendo a Pilatos a Judéia, a província mais difícil
de ser administrada, devido ao nacionalismo judaico alicerçado em sua religião
monoteísta.
Lucas
no início do seu evangelho trata de informar os lideres políticos da época em
que João Batista e, pouco depois, Jesus começaram os seus ministérios (Lc 3.1),
dentre eles Pilatos. Todos os quatro evangelhos dizem que o Senhor Jesus foi
apresentado a Pilatos pelas autoridades religiosas de Israel para ser dada a
sentença final já decidida pelo tribunal judaico (Mt 27.11-26; Mc 15.1-15; Lc
23.1-25; Jo 18.28-40; 19.1-16). Isso aconteceu devido Roma ter puxado para si a
decisão final quando se tratava de condenar alguém à morte, no âmbito do
império (Jo 18.31). Além disso, estava já determinado por Deus que a morte de
Seu filho seria por crucificação, que era a pena comum aplicada pelo império romano
aos piores criminosos (Mt 26.2; Jo 18.32; At 4.27,28). Se a pena de morte de
Jesus fosse executada pelos judeus, ele teria sido apedrejado e não crucificado
conforme mandava a lei mosaica, quando se tratava de pecado de blasfêmia – a
acusação contra Jesus (Lv 24.10-16,23).
Pilatos até tentou libertar Jesus, pois percebeu que a acusação fora
motivada por inveja (Mt 27.18; Mc 15.10). Além disso, sua mulher lhe revelara
que tivera um sonho e muito sofrera por isso, e aconselhou ao seu marido a não
se envolver com a causa daquele justo (Mt 27.19), mas devido a pressão dos
principais lideres religiosos de Israel e por conveniência politica, condenou
Jesus a morte por crucificação.
Segundo se infere do texto de Atos 4.27,28, Pilatos já tinha sido designado
por Deus para ser um dos instrumentos para levar Jesus à cruz, a fim de
realizar a obra redentora. O fato de ter sido usado por Deus com esse propósito
não o exime da responsabilidade moral pelo ato praticado.
Pr.
Eudes Lopes Cavalcanti
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