sábado, 28 de fevereiro de 2015

Uma panorâmica sobre Jó

O livro de Jó é o primeiro dos cinco livros chamados Livros Poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares). Por sua vez os Livros Poéticos dividem-se em livros de sabedoria (Jó, Provérbios e Eclesiastes) e livros hínicos (Salmos e Cantares). Os três primeiros tem objetivo didático, ou seja, promover o ensino visando um viver ético por parte do crente segundo a Palavra de Deus. Os outros dois tem o objetivo de ser utilizado como hinário para o povo de Deus, na época Israel. Tudo indica que o livro de Jó conta uma história que ocorreu no período patriarcal, pois nele não se fala sobre o templo, tanto o móvel como o fixo, sobre a lei mosaica, nem sobre o sacerdócio arônico nem tampouco sobre a nação de Israel (tribos, cidades, etc), e onde o próprio pai de família era o sacerdote do lar . É por isso que na Bíblia por Ordem Cronológica esse livro está inserido entre os capítulos 11 e 12 de Gênesis. O livro em apreço começa falando sobre o seu personagem principal e o identifica como um homem íntegro e temente a Deus, com uma família bem estruturada e possuidor de muitos bens, sendo considerado pelo escritor do livro como o maior do oriente antigo. Depois o livro fala sobre uma cena acontecida no Céu onde os personagens principais são Deus e o Diabo. Em seguida o livro fala sobre a desventura de Jó, que por instigação do Diabo tem os seus bens roubados por tribos guerreira que viviam de pilhagens. Continuando o relato das desventuras de Jó, o livro informa da perda de uma só vez dos seus dez filhos (a casa onde estavam se confraternizando caiu e todos morreram soterrados). Quando perdeu a sua família e os seus bens Jó adorou a Deus dizendo: “... Nu sai do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor” Jó 1.21. Ainda para aumentar as desventuras de Jó, em seu segundo capitulo, o livro fala que Jó foi acometido de uma doença maligna que tomou conta de todo o seu corpo, desde o alto da cabeça até a planta dos pés. Três amigos de Jó souberam de suas desventuras e vieram se condoer com ele (Elifaz, Bildade e Zofar) e mais tarde ajuntou-se outro (Eliú). A partir do capítulo três até ao capitulo 41 o livro mostra os discursos proferidos por esses personagens, terminando com o discurso de Deus respondendo as inquietações e dúvidas de Jó. Os discursos começam com o de Jó se lamentando pelo drama que estava passando. Os amigos de Jó o acusavam de pecado e Jó se defendia dizendo que não tinha cometido pecado. Na época a teologia predominante era a da causa-efeito, ou seja, se a pessoa prosperava era porque estava bem com Deus e se tivera perda e estava passando por sofrimento a causa desses males era necessariamente consequência do pecado cometido. Esse debate só ganha outra conotação quando o mais jovem dos quatro amigos de Jó, Eliú, discursa sobre o plano de Deus para a vida dos seres humanos, incompreensível ao homem, mas com uma finalidade benéfica, mesmo nas perdas e no sofrimento físico. A teologia de Eliú, que era a correta, teve mais tarde, a confirmação do apóstolo Paulo, que disse: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” Rm 8.28. Depois do discurso de Eliú, que não foi refutado por Jó, discursa o Deus dos Céus revelando a sua soberania e o seu propósito. Nas humildes palavras de Jó depois do discurso de Deus, podemos perceber que todo aquele drama teve uma finalidade benéfica para aquele homem, que foi o seu aprofundamento espiritual. “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” Jó 42.5,6. O livro termina com Deus restaurando a sorte de Jó, restituindo em dobro os bens perdido, a sua saúde, e dando-lhe novamente dez filhos. Não sabemos que se esses filhos foram com a mesma mulher que desesperada tinha dito ao seu marido que amaldiçoasse a Deus e se suicidasse ou se foi com outra mulher. Também encontramos no livro Jó orando e intercedendo pelos seus três amigos segundo uma ordem divina, porque eles não falaram o que era correto em relação a Deus. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

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