quinta-feira, 9 de julho de 2015

Uma panorâmica sobre Habacuque

O nome Habacuque significa abraçar. Esse profeta exerceu o seu ministério durante os reinados de Jeoiaquim e Zedequias, reis de Judá, no estertor daquele reino, portanto, no período entre 606 e 586 a. C., período esse caracterizado por intensa idolatria, arrogância e desobediência a Lei divina. Habacuque foi contemporâneo do profeta Jeremias sendo, como aquele profeta, testemunha ocular da degradação moral e espiritual do reino de Judá e da sua consequente destruição pelos caldeus, como ação punitiva de Deus. É bom lembrar que os caldeus (babilônicos), a potência militar da época, fizeram três investidas sobre o reino de Judá. A primeira foi em 606 a.C., quando foram levado cativos um grupo significativo de pessoas, dentre elas, Daniel, Hananias, Misael e Azarias, que tiveram os nomes mudados para Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abedenego, respectivamente. Na segunda investida, acontecida em 597 a.C., levaram outro grupo de cativos, dentre eles o profeta Ezequiel, e na última investida, acontecida em 586 a.C., destruíram a cidade e o templo de Jerusalém. O profeta Habacuque, que tinha uma visão profunda da santidade de Deus, ficou perplexo do porquê da demora de Deus em punir o seu povo por causa da avalanche de pecado cometido pelos judeus, principalmente pelas suas classes dominantes. É essa a primeira indagação do profeta Habacuque ao Senhor, quando Lhe pergunta até quando Deus toleraria tanta maldade no meio do Seu povo. Deus respondeu que iria usar os caldeus para punir o seu povo. Essa resposta divina deixou o profeta mais perplexo ainda, e ele pergunta a Deus por que Ele iria usar como instrumento de juízo sobre o Seu povo um povo mais ímpio do que ele. Em sua resposta Deus diz a Habacuque que os caldeus seriam punidos por Ele, no devido tempo, por causa de sua impiedade, idolatria e feitiçaria. Os caldeus seriam o instrumento de Deus para punir o Seu povo, mas isso não os eximia da responsabilidade moral pelos atos praticados. O livro de Habacuque tem três capítulos. Nos dois primeiros encontramos as indagações do profeta a Deus e a resposta do Senhor aquelas indagações como visto no paragrafo anterior. No terceiro capítulo encontramos um hino de exaltação ao Senhor em forma de oração. Nesse hino ou oração o profeta começa pedindo a Deus um avivamento espiritual no meio do Seu povo. “Oração do profeta Habacuque sob a forma de canto. Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” Hc 3.1,2. Ainda nessa oração, Habacuque exalta a Deus ressaltando a Sua glória, Sua soberania, e a Sua ação libertadora em favor do Seu povo. Diante da grandeza dessa revelação o profeta se humilha diante de Deus: “Ouvindo-o eu, o meu ventre se comoveu, à sua voz tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e estremeci dentro de mim; descanse eu no dia da angústia, quando ele vier contra o povo que nos destruirá” Hc 3.16. Depois, o profeta expressa a sua profunda confiança no seu Deus e faz a sua famosa declaração de fé: “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação” Hc 3.17,18. O livro de Habacuque traz uma frase que norteou a vida prática do profeta, que foi o viver pela fé. “...; mas o justo, pela sua fé, viverá” Hc 2. Esse tema abordado por Habacuque foi usado por Paulo duas vezes (Rm 1.17 e Gl 3.11) e pelo autor da carta aos Hebreus (Hb 10.38), para embasar a doutrina da justificação pela fé, doutrina essa basilar da reforma protestante (Sola Fide) encabeçada pelo monge agostiniano Martinho Lutero. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

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