sábado, 20 de dezembro de 2014

Uma panorâmica sobre Rute

A história de Rute deu-se no período dos juízes, conforme relatado no primeiro versículo do livro de Rute. “Nos dias em que os juízes governavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar no país de Moabe, ele, sua mulher, e seus dois filhos” Rt 1.1. O livro não identifica o seu autor, provavelmente a autoria do mesmo é do profeta Samuel. Conforme o texto acima, a história começa com uma migração de uma família de Belém da Judéia para Moabe, um país vizinho de Israel. Moabe foi o filho incestuoso de Ló com a sua filha mais velha (o outro filho incestuoso foi Amom, filho da mais nova). (Gn 19.37,38). Diz-nos o livro de Rute que a família que emigrou para Moabe compunha-se de quatro pessoas: Elimeleque, Noemi, Malom e Quiliom. Quando a família migrou teve de se desvencilhar de seus bens. Na terra de Moabe os dois filhos casaram com duas moabitas, Ofra e Rute. Lá em Moabe morreram Abimeleque e seus dois filhos, ficando Noemi viúva e desfilhada. Ao ser informado de que a fome da terra de seus ancestrais tinha cessado e que Deus dera novamente fartura ao seu povo, Noemi resolve voltar para a terra natal no que foi acompanhada até certo ponto pelas duas noras; foi quando Noemi orientou a voltarem para a casa de seus pais, mas Rute optou ficar com ela e disse estas célebres palavras: “Respondeu, porém, Rute: Não me instes a que te abandone e deixe de seguir-te. Porque aonde quer que tu fores, irei eu; e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei sepultada. Assim me faça o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” Rt 1.16,17. A chegada de Noemi e Rute em Belém causou uma profunda comoção pelas desventuras que tinham acontecido com Noemi. Diziam eles: “Não é esta Noemi?”. “Ela, porém, lhes respondeu: Não me chameis Noemi;chamai-me Mara, porque o Todo-Poderoso me encheu de amargura. Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar. Por que, pois, me chamais Noemi, visto que o Senhor testemunhou contra mim, e o Todo-Poderoso me afligiu?” Rt 1.20,21. Em Belém havia um parente de Noemi chamado Boaz que era proprietário de terra, e Rute pediu autorização a Noemi para apanhar as espigas que os segadores deixavam cair, pois esses não podiam mais apanhá-las porque aquilo era destinado aos pobres e estrangeiros, conforme a lei mosaica estabelecia. (Lv 19.9,10; 23.22). A fama de Rute como mulher virtuosa impressionou Boaz que orientou aos seus segadores que de propósito deixassem cair espigas para ser apanhadas por Rute, surgindo dai uma simpatia que culminou em casamento. Havia na sociedade israelita da época um costume baseado na lei mosaica em que a terra que alguém se desfizesse dela por necessidade poderia voltar à família por compra ou por decurso de tempo, mas quem poderia fazer isso seria um remidor credenciado (Lv 25.25-28), que no caso não era Boaz, sendo ele o segundo na linha de sucessão. Boaz tinha interesse em casar com Rute, mas esse direito de levirato (o irmão casar com a mulher do seu irmão falecido, para lhe suscitar descendência) pertencia ao sucessor. Esse sucessor, que a Bíblia não revela o nome, abre mão de seu direito porque na compra da propriedade tinha que aceitar Rute como esposa o que ele não tinha intenção de fazer. Daí Boaz comprar o terreno e casar com Rute, e com ela teve filhos sendo um deles Obede, avô do rei Davi. Dessa belíssima história se podem extrair algumas lições para a vida da Igreja, sendo umas delas a questão do estigma de que sogra é problema. Noemi foi uma sogra maravilhosa. A outra lição é a questão da severidade de Deus em punir o pecado do seu povo. Ainda outra lição é a providência de Deus em restituir os bens de seus servos. Também outra lição, a mais importante, é aquela de natureza espiritual que aponta Boaz como tipo de Cristo, que como remidor resgatou para si algo valioso, no caso de Boaz a propriedade, e no caso de Cristo a Igreja que Ele comprou com o seu próprio sangue (At 20.28). Rute, a exemplo de Raabe, duas gentias, faz parte da genealogia do Salvador, conforme Mt 1.5. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

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