sábado, 28 de fevereiro de 2015

Uma panorâmica sobre Ester

O livro de Ester, o último dos livros históricos do Antigo Testamento, tem duas particularidades interessantes: É o único livro da Bíblia em que o nome de Deus (Elohim, Adonai, Yahweh) não é mencionado, mas nele se percebe a ação da providência divina em todo o seu conteúdo. A outra particularidade é que é o segundo livro que tem como heroína uma mulher, Ester, que dá o seu nome ao livro, a exemplo de Rute. A história de Ester se dar no período do cativeiro babilônico, quando governava o mundo os persas. A rainha persa Vastir, esposa de Assuero, recusa-se em obedecer a uma ordem de seu marido e por causa disso é destituída de sua posição e em seu lugar é escolhida rainha uma jovem judia chamada Hadassa (hebraico) ou Ester (persa). Ester, cujo pai falecera, fora criada por seu primo Mardoqueu. Esse Mardoqueu descobriu uma conspiração contra o rei Assuero por parte de dois de seus assessores próximos e os denunciou a Ester e essa ao seu marido, sendo ambos executados, mas a sua ação foi esquecida e ele não foi recompensado. Depois o livro fala de um importante homem chamado Hamã, extremamente vaidoso, que fora galgado a uma posição muito importante junto ao trono de Assuero. Esse homem por causa de sua alta posição e por causa do favoritismo que tinha junto à corte persa era reverenciado por todos, menos por Mardoqueu por causa de sua fé. Essa atitude de Mardoqueu gerou no coração de Hamã um ódio profundo e ele resolveu destruir a vida do servo de Deus bem como a de seu povo. Hamã consegue convencer a Assuero sobre a destruição dos judeus, alegando o seguinte: “... Existe espalhado e disperso entre os povos em todas as províncias do teu reino um povo, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não cumprem as leis do rei; pelo que não convém ao rei tolerá-lo. Se bem parecer ao rei, decrete-se que seja destruído; e eu pagarei dez mil talentos de prata aos encarregados dos negócios do rei, para os recolherem ao tesouro do rei” Et 3.8. A assinatura do decreto que autorizava a destruição dos judeus em todos os domínios persas (cento e vinte e sete províncias) causou um reboliço em todo o reino, levando Mardoqueu a pedir a Ester que intercedesse pelos judeus, sendo ela também judia. Ester no inicio relutou, mas Mardoqueu insistiu com ela: “... Não imagines que, por estares no palácio do rei, terás mais sorte para escapar do que todos os outros judeus. Pois, se de todo te calares agora, de outra parte se levantarão socorro e livramento para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se não foi para tal tempo como este que chegaste ao reino?” Et 4.13,14. Isto levou Ester a orientar a Mardoqueu que convocasse o povo a um jejum de três dias. Depois desse jejum Ester se apresenta ao seu marido, mesmo sem ser convidada, o que era uma falta grave na cultura persa. Assuero a recebe de boa vontade e promete atender a sua petição mesmo que fosse a metade do reino. Ela pede apenas que ela e o seu povo fossem poupados da destruição articulada por Hamã. A trama de Hamã é descoberta e ele é enforcado na forca que preparara para Mardoqueu. Antes de Ester fazer a sua petição, o rei perdeu o sono e mandou trazer as crônicas do reino e nelas leu o que Mardoqueu fizera e descobriu que aquela bondade não fora recompensada. De imediato o rei manda Hamã beneficiar a Mardoqueu com a própria sugestão que Hamã fizera pensando que se tratava de si mesmo. Hamã foi obrigado a acompanhar a Mardoqueu perante o povo de Susã, capital do reino persa, que estava montado numa montaria real e vestido regiamente. Para resolver o problema, Assuero emite outro decreto no qual autoriza aos judeus a se defenderem e matarem aos que procuravam matá-los. Com a importância que Mardoqueu alcançara, o decreto autorizando a defesa dos judeus foi executado com sucesso em todo o reino persa, e os judeus para comemorar essa grande vitória instituiu a festa do Purim, que significa sorte. “Mardoqueu escreveu estas coisas, e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto e aos de longe, ordenando-lhes que guardassem o dia catorze do mês de adar e o dia quinze do mesmo, todos os anos” Et 9.20,21. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Uma panorâmica sobre Neemias

Os livros de Esdras e Neemias tratam de uma obra de reconstrução realizada no meio do povo de Deus. Zorobabel reconstruiu o templo, Esdras restaurou o culto, e Neemias reconstruiu a cidade de Jerusalém, representada pela reconstrução de seus muros. O livro de Neemias começa falando que o personagem Neemias era copeiro do rei persa Artaxerxes, e trabalhava em Susã, capital daquele reino. Através de seu irmão Hanani, Neemias tomou conhecimento do deplorável estado em que se encontravam os judeus e a cidade de Jerusalém. “Eles me responderam: Os restantes que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande aflição e opróbrio; também está derribado o muro de Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo” Ne 1.3. Essas informações deixaram Neemias transtornado, levando-o a buscar a presença de Deus e em seguida pedir ao rei que o enviasse para Jerusalém a fim de reconstruir a cidade de seus pais. Segundo a boa mão do Senhor sobre ele, o rei atendeu a solicitação de Neemias e ele vai para Jerusalém a fim de reconstruí-la. Ao chegar lá, Neemias faz uma averiguação in loco e constata a dimensão da obra. Segundo a bondade de Deus, ao conversar com os líderes judeus, consegue a sua adesão ao projeto que Deus colocara em seu coração e a obra é iniciada. Logo que a obra é iniciada três indivíduos se levantaram para dificultar o trabalho de reconstrução: Sambalate, o horonita, Tobias, o amonita, e Gesem, o arábio. Apesar dessa oposição, inclusive com ameaças de fazer parar a obra à força, o trabalho de reconstrução é concluído em um tempo recorde para a época, cinquenta e dois dias (Ne 6.15). Neemias usou de algumas estratégias para a execução da obra, sendo uma delas: cada pessoa construía a parte em frente de sua casa, inclusive sacerdotes e mulheres. Houve aquelas pessoas que fizeram mais do que o convencionado. Uma expressão comum no livro retrata bem como a obra foi executada “E ao seu lado reparou”. Essa expressão mostra a colaboração do povo de Deus em fazer aquela obra. No capitulo três do livro de Neemias encontramos a relação desses preciosos colaboradores e a parte do trabalho que fizeram. Como os inimigos não conseguiram impedir a obra tentaram incutir temor no coração de Neemias, inclusive subornando alguns israelitas para sugerir a ele que se escondesse na parte interna do santuário, para escapar de um atentado, mas Neemias, discerniu a questão e entendeu que aquela sugestão não vinha de Deus. “Fui à casa de Semaías,..., que estava em recolhimento; e disse ele: Ajuntemo-nos na casa de Deus, dentro do templo, e fechemos as suas portas, pois virão matar-te; sim, de noite virão matar-te. Eu, porém, respondi: Um homem como eu fugiria? e quem há que, sendo tal como eu, possa entrar no templo e viver? De maneira nenhuma entrarei. E percebi que não era Deus que o enviara; mas ele pronunciou essa profecia contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o haviam subornado” Ne 6.10-12. Depois da obra de reconstrução do muro, Neemias o consagrou numa bonita festa com a presença de cantores que louvavam e exaltavam o Deus dos Céus. Neemias ainda corrigiu alguns abusos que eram praticados pelos ricos e potentados, que oprimiam os pobres cobrando juros exorbitantes de empréstimos. Em seguida, Neemias resolveu registrar as genealogias dos remanescentes do cativeiro babilônico e graças a essa obra pode constatar que alguns indivíduos que não eram da casa de Arão estavam exercendo o sacerdócio indevidamente, os quais foram expulsos. O livro fala ainda de uma obra de natureza espiritual realizada por Esdras que foi a leitura da lei que provocou uma comoção profunda no povo de Deus, seguida da celebração da festa dos tabernáculos. O povo impactado pela palavra de Deus arrependeu-se e fez confissão de pecado, abandonando os pecados de casamento misto, de desprezo à obra de Deus, e da não guarda do sábado. O livro ainda enfoca a relação de pessoas que optaram em morar na Jerusalém reconstruída, bem como nas cidades de Judá. O livro de Neemias ainda trata sobre a remoção por parte de Neemias de diversos abusos que estavam sendo praticados pelos judeus da época. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

Uma panorâmica sobre Esdras

O livro de Esdras começa com as mesmas palavras do final do livro de 2ª Crônicas, e isto nos dá indício de que quem escreveu Esdras escreveu também os livros de Crônicas, e ninguém estava mais qualificado para isso, na época, do que o sacerdote escrita Esdras. O livro de 2ª Crônicas termina com a autorização de Ciro, rei persa, para o retorno dos judeus do cativeiro babilônico, e o de Esdras conta a mesma história no seu início. O livro em apreço é um livro que trata da restauração do templo e do culto após o retorno dos cativos para a terra de Israel, depois de setenta anos de cativeiro. O rei Ciro fora usado por Deus para autorizar o retorno dos judeus cativos à sua terra natal. A ordem de Ciro envolvia também a liberação das peças que eram usadas no culto judaico no templo quando o mesmo existia, e que tinham sido levadas para a Babilônia. O livro de Esdras mostra a relação da primeira leva de judeus que voltaram do cativeiro e que vieram sob o comando de Zorobabel. Em seguida, o livro revela o início da reconstrução do templo sendo o altar do holocausto a primeira peça colocada. Em seguida é lançado o alicerce do templo. Nessa ocasião houve uma intensa emoção, relatada assim pelo escritor sacro: “Muitos, porém, dos sacerdotes e dos levitas, e dos chefes das casas paternas, os idosos que tinham visto a primeira casa, choraram em altas vozes quando, a sua vista, foi lançado o fundamento desta casa; também muitos gritaram de júbilo; de maneira que não podia o povo distinguir as vozes do júbilo das vozes do choro do povo; porque o povo bradava em tão altas vozes que o som se ouvia de mui longe” Ed 3.12,13. O trabalho de reconstrução do templo teve a oposição dos samaritanos (povo misto remanejado pela politica expansionista assíria, quando destruíra o reino do Norte-Israel). A partir desse episódio, começou o cisma samaritano que perdurou por séculos, inclusive na época em que viveu Jesus de Nazaré. Por causa dessa oposição a reconstrução do templo foi interrompida por um determinado tempo, só sendo retomada quando o rei Dario, persa, autorizou a continuação do trabalho. Nesse ínterim, dois profetas estimularam o povo a continuar a obra de reconstrução do templo (Ageu e Zacarias), e quando a obra foi acabada houve um culto de consagração seguido da celebração da festa da Páscoa. Depois o livro trata do retorno de Esdras da Babilônia para a terra de Israel com a finalidade de ensinar ao povo a lei do Senhor. Esdras, o sacerdote escrita, estava bem qualificado para essa obra, conforme relato do próprio livro: “este Esdras subiu de Babilônia. E ele era escriba hábil na lei de Moisés, que o Senhor Deus de Israel tinha dado;...” Ed 7.6. “Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar e cumprir a lei do Senhor, e para ensinar em Israel os seus estatutos e as suas ordenanças” Ed 7.10. Antes de empreender a viagem, Esdras proclamou um jejum para pedir a proteção divina na longa caminhada de Babilônia para a terra de Israel. Deus abençoou de uma maneira especial e o povo chegou em paz ao seu destino (Ed 8.21-23). Logo após a sua chegada, Esdras constatou algumas irregularidades na vida do povo de Deus, dentre elas o casamento misto, ou seja, o casamento de judeus com mulheres hetéias. Após repreender o povo com argumentos tirados da Palavra de Deus, Esdras fez uma oração intercessória por eles. Impactados pela poderosa ação da palavra divina e pela oração do sacerdote Esdras o povo de Deus (os infratores) resolveu despedir as suas mulheres estrangeiras. “Agora, pois, façamos um pacto com o nosso Deus, de que despediremos todas as mulheres e os que delas são nascidos, conforme o conselho do meu Senhor, e dos que tremem ao mandamento do nosso Deus; e faça-se conforme a lei” Ed 10.3. Após esse posicionamento, os infratores, de fato, fizeram o que prometeram ao Senhor, e o livro termina apresentando a relação dos envolvidos nesse episódio. Podemos extrair desse livro algumas lições: 1) o cuidado com as coisas espirituais vem em primeiro lugar; 2) Uma obra de restauração sempre encontra oposição; 3) Para ser usado por Deus como Esdras foi, é preciso de um preparo; 4) É preciso se conformar (obedecer) com a lei divina. Pr. Eudes L. Cavalcanti

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Uma panorâmica sobre 2ª Crônicas

2ª Crônicas detém-se basicamente sobre os reis da casa real de Davi, Reino de Judá ou do Sul, a exceção é a referência feita a Acabe, rei de Israel, com quem Josafá, rei de Judá fez aliança, aliança essa condenada pelos profetas Micaías e, especialmente, Jeú (2 Cr 19.1-3). 2ª Crônicas começa fazendo referência ao reinado de Salomão e dedica a esse rei nove de seus capítulos. Nesses nove capítulos nos é informado que aquele rei teve duas visões de Deus sendo que na primeira Deus perguntou a ele o que ele queria, pois isso Ele lhe daria. Salomão pediu a Deus sabedoria para governar o Seu povo (2 Cr 1.7-12) A outra visão foi quando Salomão construiu o santuário de Jerusalém e o consagrou (2 Cr 7.11-22). Depois o livro trata sobre Roboão, filho de Salomão, em cujo reinado houve a divisão do reino em dois reinos, o de Judá (02 tribos) e o do reino de Israel (10 tribos). A causa da divisão do reino foi os pecados de Salomão e a intransigência de Roboão em atender a uma reivindicação justa do povo que estava oprimido com os pesados tributos taxados por Salomão. Como vimos de relance acima, o livro de 2ª Crônicas destaca a monumental obra realizada por Salomão que foi a construção do tão almejado santuário. O templo construído seguiu a mesma estrutura básica do tabernáculo: o átrio, o lugar santo e o lugar santo dos santos. No primeiro se encontravam duas peças: a bacia de lavar e o altar do holocausto. No lugar santo, três peças: o candelabro de ouro, a mesa dos pães da proposição e o altar de incenso. No santo dos santos, a arca da aliança. A sabedoria dada por Deus a Salomão o tornou famoso no mundo antigo (proferiu 3.000 provérbios, fez 1005 cânticos dentre eles o mais famoso, Cantares, e dissertou sobre os reinos animal e vegetal), vindo governantes do mundo de então para ouvir a sua sabedoria, dentre eles a famosa rainha de Sabá, conforme relato de 2 Cr 9.1-12. Como foi dito no inicio, o livro em questão enfoca a dinastia de Davi, fazendo menção de um rei de Israel, Acabe, por causa da aliança que Josafá fez com ele. Dentre os reis elencados, temos os reis Abias, Asa e Uzias, famosos pelas obras que realizaram, mas os mais famosos do ponto de vista espiritual foram os reis Josafá, Ezequias e Josias, todos eles empreendedores de reforma da vida religiosa do povo de Israel. Josafá teve um cuidado especial em abolir a idolatria e instruir o povo de Deus na lei divina, e para isso utilizou-se dos levitas. Dentre as vitorias de Josafá temos a mais decantada que foi a vitória sobre os filhos de Moabe, Amom e de Seir. Nessa peleja, segundo a ordem divina, Josafá não teve de pelejar, apenas levou o povo a um momento de adoração, enquanto o anjo do Senhor destruía o exército inimigo. “Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados e vede o livramento que o Senhor vos concederá, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor está convosco”. 2ª Cr 20.17. Ezequias teve por pai Acaz um rei ímpio, mas não seguiu os seus passos. Esse grande homem de Deus empreendeu também uma poderosa obra reformatória no meio do povo de Deus. Purificou o templo profanado por seu pai Acaz, restabeleceu o culto a Deus, instruiu o povo na lei divina, celebrou de uma forma especial a páscoa em Jerusalém convidando todo o seu reino para essa festividade. Depois dessa obra, o rei da Assíria, a potência mundial da época, depois de destruir o reino de Israel, intentou fazer o mesmo com o reino de Judá, cercando Jerusalém, mas Deus deu uma vitória estrondosa ao seu povo; um anjo enviado por Deus destruiu o exército assírio (185.000 homens). Josias teve também por pai um rei ímpio, Amom, mas como Ezequias não seguiu os passos de seu pai, ao contrário, andou nos caminhos do Senhor e fez uma grande obra no meio do povo de Deus. Pena que, por uma decisão política errada sua, tenha sido morto prematuramente pelo faraó Neco. O livro em apreço também fala, em seu final, da destruição de Jerusalém, do templo e do cativeiro babilônico na época de Zedequias, e fala também do retorno do cativeiro babilônico, autorizado por Ciro, rei persa. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

Uma panorâmica sobre 1ª Crônicas

Os livros de 1ª e 2ª Crônicas contam a história do povo de Israel no período dos reis, do ponto de vista sacerdotal, enquanto os livros de 1º e 2º Reis contam a história desse mesmo período na perspectiva profética, é por isso que 1ª Crônicas se ocupa nos primeiros oito capítulos com genealogias, inclusive, dos levitas e das tribos de Israel. Também esse livro não enfoca o grave pecado de adultério de Davi com Bate-Seba bem como o assassinato de seu esposo Urias, um dos heróis do exército de Israel, enquanto o livro de 2º Samuel os pinta com cores fortes. O livro 1ª Crônicas apresenta em seu primeiro capitulo a genealogia dos primórdios da raça humana indo de Adão a Noé e depois continua com a genealogia de Sem, filho de Noé, até Abraão e a genealogia de Abraão bem como a de Jacó (os seus doze filhos formaram as doze tribos de Israel). As genealogias são afuniladas com a genealogia de Judá e de Davi, descendente de Judá, o rei teocrático. Também o livro apresenta a genealogia de Davi, os reis seus sucessores, inclusive, os seus descentes no exilio. Outra genealogia importante enfocada nesse livro é a de Levi (filho de Jacó), tribo sacerdotal. Nessa genealogia há uma bifurcação sendo uma a dos levitas e a outros dos principais sacerdotes (é bom lembrar que todo o sacerdote israelita era levita, mas nem todo o levita era sacerdote, só os da casa de Arão). O livro em questão, no capitulo 10, faz uma retrospectiva da morte de Saul e de seus filhos no monte Gilboa, na batalha contra os filisteus, e revela porque Deus o puniu com uma morte prematura (não obedeceu a Palavra do Senhor, não o buscou em suas aflições, e por ter consultada uma necromante) 1 Cr 10.13,14. Em seguida o livro começa a falar sobre o rei Davi, de sua unção como líder da nação israelita, dos seus guerreiros e dos seus aliados. Depois o livro trata da arca da aliança que estava em Quiriate-Jearim e do seu transporte para a cidade de Jerusalém e do grave incidente ocorrido, em que um jovem chamado Uzá foi fulminado porque segurou a arca quando ela era transportada num carro de bois. Interpretando o incidente, podemos observar que houve um grave erro no episódio do transporte da arca. A arca só podia ser transportada nos seus varais que eram enfiados nas argolas de suas laterais pelos levitas, filhos de Coate, um dos filhos de Levi. Também ninguém poderia tocar na arca a não ser esses homens escolhidos por Deus. (1ª Cr 15.2,15). Quando do transporte da arca, agora de uma forma correta, Davi ia louvando e dançando diante do Senhor, e Mical, filha de Saul, sua mulher, o desprezou porque ele dançava no cortejo. Por causa disso Mical, punida por Deus, tornou-se infértil, por ter zombado do seu marido. Depois o livro trata do desejo de Davi de construir um templo para acomodar a arca do Senhor, símbolo da presença do Deus Altíssimo no meio do povo de Israel, mas Deus não permitiu porque Davi tinha feito muitas guerras e tinha derramado muito sangue nelas, cabendo essa honra a Salomão um dos seus filhos gerado de Bate-Seba, que tinha se tornado sua esposa, após a morte de seu marido Urias. O livro ainda relata o pecado de Davi por ter recenseado Israel sem autorização divina bem como a punição dada por Deus pelo erro daquele rei. Em relação à construção do templo, o livro informa que Davi preparou todo o material necessário para esse grande empreendimento bem como o projeto de construção do mesmo em seus detalhes. Depois o livro detalha a organização feita por Davi dos diversos ministérios que iriam operar quando o templo fosse construído (as turmas dos guardas do templo, dos cantores, dos porteiros, dos turnos dos sacerdotes, assim por diante). No final de seu ministério, relata o livro, que Davi aconselha a Salomão de como deveria se relacionar com o Deus verdadeiro: “E tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai, e serve-o de coração integro e espirito voluntário, porque o Senhor examina todos os corações, e conhece todas as intenções da mente...” 1 Cr 28.9. Depois o livro mostra a última oração feita por aquele ilustre homem de Deus, e relata a sua morte: “Ele morreu em boa velhice, com vida longa, riquezas e honra...” 1 Cr 29.28. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Uma panorâmica sobre 2º Reis

O livro de 2º Reis continua a história dos reis de Judá e de Israel começada no livro de 1º Reis. Lembremo-nos de que o povo de Deus na época estava dividido em dois reinos, devido Deus ter rasgado o reino das mãos de Roboão por causa dos pecados de Salomão. A partir dessa divisão, o povo de Deus estava dividido entre o reino de Judá (Sul) composto de duas tribos e o reino de Israel (Norte) composto de dez tribos. Por amor a Davi, Deus preservou a sua linhagem, por causa do seu propósito redentor através de Cristo descendente da casa de Davi. Os dois reinos tiveram dezenove reis cada um até o período do cativeiro assírio (reino de Israel) e do cativeiro babilônico (reino de Judá). No reino de Judá só teve uma dinastia que foi a de Davi. O reino de Israel teve diversas dinastias. Esses dois reinos continuaram até a destruição do reino de Israel pelos assírios em 722 a.C (2º Rs 17.1-41) e a do reino de Judá em 586 a.C, pelos caldeus (2º Rs 25.1-22), sendo os respectivos remanescentes levados em cativeiro, cumprindo-se as Escrituras que diziam que se os judeus não guardassem a aliança estabelecida por Deus eles seriam levados cativos (Dt 28.63,64; 2º Rs 17.7-23). No livro em questão nos é informado que o ministério do profeta Elias terminara e começara o de seu sucessor, Eliseu. Elias realizara sete milagres e Eliseu quatorze, por causa da porção dobrada do Espirito que estava sobre ele (2 Rs 2.9,10). Ainda nesse livro nos é relatada algumas histórias maravilhosas como, por exemplo, o caso da cura de Naamã, general sírio leproso (2º Rs 5.1-19) e, também, a história do aumento do azeite de uma viúva que estava na miséria e com esse milagre feito por Deus, através de Eliseu, ela pode pagar as suas dividas e viver com o restante do dinheiro com a venda do azeite (2º Rs 4.1-7). Uma questão interessante relatada no livro é a da origem dos samaritanos que no Novo Testamento nos é dito que os judeus não se comunicavam com eles. Essa animosidade começou quando os assírios, de acordo com a sua politica de conquista, tiraram quase todos os judeus do reino do Norte e trouxe povos de outros países conquistados e os colocou na terra de Israel, especialmente, na região de Samaria (Leia o capitulo 17 de 2º Reis). O problema agravou-se na época de Neemias quando os samaritanos dificultaram a obra de reconstrução da cidade de Jerusalém e do templo. Como foi dito na visão panorâmica de 1º Reis no reinado dos reis de Israel não teve um rei sequer piedoso, todos eles (dezenove) andaram nos caminhos de Jeroboão, o primeiro rei. No reino de Judá, da dinastia de Davi, tiveram alguns reis piedosos. No livro de 2º Reis temos os reis Ezequias e Josias, dois servos de Deus autênticos. Ezequias teve um ministério com mais tempo do que Josias porque Deus aumentou os seus dias de vida em quinze anos, após uma enfermidade mortal de que foi acometido. Depois da conquista do reino do Norte pelos assírios, o rei Senaqueribe voltou-se contra Judá na época de Ezequias. Esse rei piedoso buscou o auxilio divino e Deus destruiu o exército assírio sem ter havido nenhuma batalha. Um anjo do Senhor, despachado por Deus, destruiu todo o exército inimigo (2º Rs 19.35-37). O profeta Isaías foi contemporâneo de Ezequias e o ajudou espiritualmente nessa época de ameaça dos assírios. Ezequias também promoveu uma reforma religiosa no meio do povo de Deus, relatada também no livro de 2ª Crônicas. O rei Josias também fez uma reforma religiosa no meio do povo de Deus em sua época, inclusive fez uma obra de restauração do templo em Jerusalém que estava degradado pela ação dos reis anteriores, mas por causa de uma decisão politica errada sua foi morto em batalha aos trinta e nove anos, morte essa lamentada profundamente em Israel (2 Rs 23.28-30). O ultimo rei da casa de Davi foi o rei Zedequias, em cujo reinado a cidade de Jerusalém foi tomada pelos caldeus, o templo destruído, os seus filhos mortos em sua presença e teve vazado os seus olhos, sendo ele levado cativo para a Babilônia onde morreu. 2º Reis nos diz que a causa dessa tragédia foi a continua quebra da aliança que Deus estabelecera com o seu povo no Sinal, por ocasião da entrega da lei divina (2º Rs 24.3,4). Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

Uma panorâmica sobre 1º Reis

O livro de 1º Reis começa informando sobre a velhice de Davi e a pretensão de Adonias, filho de Davi, em ocupar o trono de Israel em lugar de seu pai que estava à beira da morte. Graças à providência divina, o reino de Israel foi entregue a Salomão, conforme promessa de Davi a Bate-Seba no leito de morte. Salomão foi ungido rei por Zadoque o sacerdote, que estava acompanhado pelo profeta Natâ, segundo a ordem expressa de Davi. Salomão começa o seu reinado sob a benção do Deus Todo-Poderoso. Logo no início ao constatar a grande responsabilidade que tinha diante de Deus, humildemente o rei pede a Deus sabedoria para governar o Seu povo. Deus graciosamente responde a oração de Salomão e lhe dá sabedoria e riquezas sem par, sendo Salomão considerado um dos reis mais sábios que já existiu. Segundo o texto de 1 Rs 4.29-34, Salomão produziu três mil provérbios, mil e cinco cânticos, sendo o mais famoso o de Cantares. Dissertou também sobre os reinos animal e vegetal. A sua fama como homem sábio voou pelo mundo de então a ponto de potentados estrangeiros irem a Jerusalém para ouvir a sua sabedoria. Salomão teve o privilégio de duas vezes ter visões de Deus (1 Rs 3.5; 9.2), numa delas Deus disse: “Pede o que quiseres que te dê”. Conforme tinha sido determinado por Davi, seu pai, Salomão começa e conclui a construção do templo em Jerusalém, conhecido como o templo de Salomão. Quando da inauguração daquele santuário, após orar a Deus, a glória divina encheu aquela casa. Apesar dessa glória magnificente dispensada por Deus aquele homem, ele fraquejou numa área que Deus já tinha alertado através de Moisés quando falava sobre os privilégios e as responsabilidade do futuro rei de Israel (Dt 17.14-20). As muitas mulheres estrangeiras de Salomão (Ele teve mil, sendo setecentas princesas e trezentas concubinas) lhe perverteram o coração, fazendo com que ele se dobrasse diante de seus deuses, fazendo Salomão infringir o primeiro e o segundo mandamentos da Lei Divina. Por causa desse pecado Deus resolveu rasgar o reino de Israel em dois, o que aconteceu na época de Roboão, filho de Salomão que lhe sucedeu no trono. A partir dessa ruptura, o povo de Deus estava dividido em dois reinos: o reino de Judá (Sul) composto de duas tribos e o reino de Israel (Norte) composto de dez tribos. Por amor a Davi Deus preservou a linhagem davídica, por causa do seu propósito redentor através de Cristo descendente da casa de Davi. Os dois reinos tiveram dezenove reis cada um até o período do cativeiro assírio (reino de Israel) e do cativeiro babilônico (reino de Judá). No reino de Judá só teve uma dinastia que foi a de Davi. O reino de Israel teve diversas dinastias. Menção especial deve se fazer nesse período a atuação do grande profeta Elias, o tisbita. Elias profetizou na época de Acabe (rei do reino de Israel) cuja mulher Jezabel ficou famosa na história por sua maldade e por ter introduzido o culto a Baal em Israel. Elias ficou famoso pelo desafio que fez aos quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, vencendo-os quando Deus ouviu a sua oração e fez descer fogo do Céu que consumiu o holocausto oferecido por Elias. Diante dessa vitória o povo de Deus bradou: “Só o Senhor é Deus”. Deve-se observar que segundo os livros de Reis (1º e 2º) no reino de Israel (reino do norte) não se levantou nenhum rei piedoso. Todos eles seguiram as pegadas do primeiro rei Jeroboão, que foram as pegadas da idolatria e da impiedade, sendo esse rei um paradigma da maldade. Foi ele que com medo de que o povo de Deus aderisse ao reino da casa de Davi, fez dois bezerros de ouro e os instalou em lugares estratégicos em Israel (Betel e Dã), ordenando ao povo que os adorasse. Dois grandes reis que o livro de 1º Reis realça foram Asa e Josafá. De Asa, a Bíblia testifica: “Asa fez o que era reto aos olhos do Senhor, como Davi, seu pai” 1 Rs 15.11. Josafá foi contemporâneo de Acabe. Deus o abençoou muito e lhe deu grandes vitórias porque buscou a Deus de todo o seu coração. “Era Josafá da idade de trinta e cinco anos quando começou a reinar, e reinou vinte e cinco anos em Jerusalém... E andou em todos os caminhos de seu pai Asa; não se desviou deles, mas fez o que era reto aos olhos do Senhor” 1 Rs 22.42,43. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Uma panorâmica sobre 2º Samuel

O livro de 1º Samuel termina com a morte de Saul e alguns de seus filhos no monte Gilboa, numa batalha contra os filisteus. No livro de Crônicas (1 Cr 10.13,14) nos é dito que Saul morreu, prematuramente, porque não guardou a palavra do Senhor, não buscou a Deus em seus momentos de aflição, e porque consultou uma necromante. Depois da morte de Saul, Isbosete, um de seus filhos foi escolhido rei sobre Israel e Davi foi ungido rei sobre Judá, começando a partir daí uma disputa pelo controle de todo o Israel, que durou sete anos. Depois da morte de Isbosete, Davi foi aclamado rei sobre todo o Israel, tendo o seu reinado durado quarenta anos (sete anos sobre Judá e trinta e três sobre todo o Israel). O livro de 2º Samuel se detém no reinado de Davi, o rei segundo o coração de Deus. É importante que nos reportemos ao Gênesis para entender melhor a questão do reino ser transferido da casa de Saul para a casa de Davi. Quando Jacó abençoou os seus filhos no leito da morte, uma benção especial foi dada a Judá. Nessa benção Jacó, inspirado pelo Espirito Santo, disse que o reino teocrático em Israel seria, por direito, dessa tribo (Gn 49.10). Em Davi, descendente da tribo de Judá começou a se cumprir a promessa dada por Deus, culminando o seu cumprimento com o Senhor Jesus, o Rei eterno, o leão da tribo de Judá, ou seja, o personagem mais forte e mais poderoso. Estabelecido o trono sobre todo o Israel, Davi começou uma obra de ampliação desse reino submetendo ao seu controle povos limítrofes: filisteus, moabitas, amonitas, edomitas, sírios, amalequitas, e outros. O livro de 2º Samuel registra um fato muito triste na vida desse extraordinário homem de Deus, que foi o seu pecado de adultério com Bate-Seba, a mulher de Urias, um dos seus heróis. Esse pecado o levou a cometer outro mais grave aos nossos olhos que foi o de perpetrar a morte daquele ilustre militar. Esses dois odiosos pecados foram tratados por Deus através do ministério do profeta Natã. Deus puniu o pecado de Davi com a morte do filho adulterino e das inúmeras dificuldades que surgiram na casa de Davi. O arrependimento de Davi e a sua penitencia está registrada no livro de 2º Samuel e no livro de Salmos (Salmos 32 e 51, que são chamados salmos penitenciais). Deus graciosamente perdoou o pecado de Davi, no entanto, as consequências perduraram, senão vejamos: a morte do filho adulterino, o incesto de Amom que forçou sexualmente a sua meia irmã Tamar, a morte de Amom por Absalão, a rebelião de Absalão e a fuga de Davi, a morte de Absalão, e lá mais adiante a morte de Adonias por seu meio irmão Salomâo. Davi cometeu outro erro quando recenseou Israel sem o consentimento divino, acarretando juízo de Deus sobre o povo, que só foi mitigado quando Davi comprou um terreno e ofereceu sacrifícios ao Senhor. Mais tarde nesse terreno foi construído o templo de Jerusalém. O livro ainda relata sobre o desejo de Davi em construir um santuário permanente em Jerusalém para o culto a Deus. Deus o proíbe por ele ser um homem de guerra e ter derramado muito sangue, mas Deus graciosamente fez com ele uma aliança dizendo que um dos seus descendentes construiria o templo almejado por ele. Nessa aliança, Deus estava se comprometendo com Davi, com Salomão, mas também com o Seu filho Jesus Cristo que iria estabelecer, no futuro, um reino com dimensão eterna. “Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei pai, e ele me será filho. E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens; mas não retirarei dele a minha benignidade como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre. 2 º Sm 7.12-16. No final de sua vida Davi preparou todo o material para a construção do templo e, junto com a planta, o entregou a Salomão. Ainda no final de sua vida Davi celebrou a Deus com um salmo, que é o Salmo 18, do livro de Salmos. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

Simão, o mágico (At 8.9-13) No relato do texto em apreço, nos é apresentada a figura de um homem famoso na cidade de Samaria, onde De...