sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Uma panorâmica sobre Deuteronômio

Vimos no livro de Números que toda aquela geração de israelitas que fora recenseada no Sinai (o primeiro censo) fora condenada por Deus a perecer no deserto, por causa dos pecados de incredulidade e rebeldia. A missão de conquistar a terra fora dada por Deus a nova geração, aos que tinham menos de vinte anos quando do primeiro censo. “Dize-lhes: Pela minha vida, diz o Senhor, certamente conforme o que vos ouvi falar, assim vos hei de fazer: neste deserto cairão os vossos cadáveres; nenhum de todos vós que fostes contados, segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, que contra mim murmurastes, certamente nenhum de vós entrará na terra a respeito da qual jurei que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. Mas aos vossos pequeninos, dos quais dissestes que seriam por presa, a estes introduzirei na terra, e eles conhecerão a terra que vós rejeitastes” Nm 14.28-30. Conforme Êxodo, a lei fora dada por Deus e lida diante da nação de Israel, e logo após a leitura fora firmada uma aliança entre Deus e o Seu povo. Como a nova geração não tinha conhecimento do importante código de conduta estipulado pelo próprio Deus, surgiu à necessidade de que Moisés, na planície de Moabe, fronteira com o rio Jordão, repetisse a lei aos ouvidos da nova geração. Eis aí a razão de ser do livro de Deuteronômio, que significa a segunda lei ou repetição da Lei. A mensagem do livro de Deuteronômio foi apresentada por Moisés em forma de discursos, contendo o livro quatro discursos, incluindo o de sua despedida, pois Deus já tinha revelado que ele não entraria na terra da promessa por ter desobedecido ao Senhor quando feriu a rocha pela segunda vez (Nm 20.10-12). Nesses discursos Moisés relembra a trajetória do povo de Deus no deserto em demanda de Canaã, enfatizando o cuidado, proteção e as provisões de Deus bem como relembrando os fracassos da nação israelita. Ainda no livro, Moisés repete a lei dada por Deus no Sinai em seus pontos mais importantes, inclusive o Decálogo (Dt 5.1-21). As outras leis encontradas em Êxodo, em Levítico e em Números são condensadas e apresentadas por Moisés em Deuteronômio. Moisés é veemente em afirmar que o segredo da vitória do povo de Deus para a conquista da terra e a permanência dentro dela era a obediência aos mandamentos divinos, e o fracasso e a expulsão da terra seriam o resultado da desobediência aos mandamentos do Senhor. “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os preceitos que o Senhor teu Deus mandou ensinar-te, a fim de que os cumprisses na terra a que estás passando: para a possuíres; para que temas ao Senhor teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos, que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida, e para que se prolonguem os teus dias. Ouve, pois, ó Israel, e atenta em que os guardes, para que te vá bem, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te prometeu o Senhor Deus de teus pais” Dt 6.1-3. Quanto ao resultado da desobediência ao padrão estabelecido por Deus, o livro diz: “Se, porém, não ouvires a voz do Senhor teu Deus, se não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que eu hoje te ordeno, virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão” Dt 28.15. Com relação às bênçãos e as maldições, é importante que se leia todo o capítulo 28 de Deuteronômio. As bênçãos que acompanharia a obediência seriam pronunciadas sobre o monte Gerizim e as maldições sobre o monte Ebal, dois montes em Israel. Quanto a Cristologia, o livro fala sobre um profeta semelhante a Moisés que seria levantado por Deus no futuro (Dt 18.15-18). O livro ainda estabelece as diretrizes básicas para o futuro rei de Israel (Dt 17.14-20), o rei temporal olhando para o Rei Eterno. Deuteronômio ainda determina que a lei divina seja lida perante o povo de Deus de sete em sete anos. O livro termina com um cântico de Moisés e a benção dispensada por ele para o povo de Deus. O capitulo 34 que fala sobre a morte de Moisés pode ter sido escrito por Josué, seu sucessor. Esse livro foi o mais usado por Jesus em seu ministério. Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

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