sábado, 15 de novembro de 2014

Uma panorâmica sobre Levítico

O título do livro de Levítico refere-se às instruções dadas por Deus para o ministério levítico no santuário. No livro de Êxodo encontramos, dentre outras coisas, como vimos no boletim passado, a entrega da Lei à Israel, a instituição do sacerdócio e a construção do santuário móvel, o tabernáculo. No livro de Levítico encontramos as instruções dadas por Deus para o ministério sacerdotal, como deveria funcionar a religião que agradasse a Deus, especialmente em relação ao culto dentro do santuário. Esse livro divide-se em duas partes distintas e também interligadas entre si, quais sejam: a primeira parte (1-16) trata das instruções como o povo de Israel deveria se aproximar de Deus, através dos diversos sacrifícios e festividades, chamado de Código Levítico, e a outra parte (17-25) trata das diversas instruções para um relacionamento sadio entre o povo e Deus e entre o próprio povo de Deus, chamado de Código de Santidade. A chave para a compressão do livro de Levítico é a santidade. Deus habitava no meio do povo de Israel, cumprindo a sua parte da aliança que fizera com Israel. Segundo revelado na Bíblia esse Deus santo, perfeito habitava no meio do Seu povo. Para se aproximar desse Deus glorioso nos encontros no santuário, Deus definira certos critérios que deveriam ser seguido à risca. Dois filhos de Arão, Nadabe e Abiú, foram fulminados dentro do santuário por terem oferecido fogo estranho no altar do incenso (usaram ingredientes na composição do incenso diferentes daqueles estipulados por Deus). (Veja Levítico 10.1-11). A lição que se extrai desse triste episódio é que o culto a Deus deve ser feito conforme estipulado por Ele em sua Palavra e não conforme a imaginação humana. As diversas classes de ofertas estipuladas pelo Senhor visavam uma purificação do povo de Deus para uma convivência sadia entre Ele e o Seu povo. Levítico fala sobre as ofertas queimadas (holocaustos), ofertas de cereais e ofertas de paz (ofertas de adoração – Lv 1-3); oferta pelo pecado e oferta pela culpa (ofertas de restauração – Lv 4-7), duas aves e a novilha vermelha (ofertas cerimoniais de purificação – Lv 14). Todas essas ofertas eram oferecidas a Deus no tabernáculo e intermediadas pelos sacerdotes do Senhor. O livro de Levítico fala ainda sobre as diversas festividades que deveriam ser observadas por Israel. Essas festividades eram encontros proporcionados por Deus com os seguintes objetivos: Politico – manter a nação unida por meio de convocações regulares; Social – Renovar amizades nas festas da colheita; religioso – Adorar a Deus e lembrar o relacionamento com ele baseado na aliança. Essas festas eram: a festa da Páscoa e a dos Pães Asmos realizadas na mesma semana (a festa da Páscoa era realizada no primeiro dia da festa dos Pães Asmos); a festa de Pentecostes; a Festa das Trombetas; o Dia da Expiação; e a festa dos Tabernáculos. Quanto ao Dia da Expiação, dois bodes eram oferecidos a Deus sendo um sacrificado e o outro solto no deserto depois de receber a transferência dos pecados do povo. No Dia da Expiação, o Sumo Sacerdote entrava no lugar Santo dos santos do tabernáculo com o sangue do bode sacrificado que era aspergido sobre a arca da aliança, para expiar os pecados da nação. Com o livro de Levítico o culto, em suas diversas nuances, é organizado. É definida também a responsabilidade dos oficiantes dentro do santuário, cabendo isso somente os sacerdotes da casa de Arão. Quanto a Cristologia esse livro é riquíssimo em figuras e tipos de Cristo: Arão tipificava a Cristo como Sumo Sacerdote da nova ordem. O cordeiro da Páscoa simbolizava Cristo como o Cordeiro de Deus que seria imolado na cruz. As ofertas queimadas simbolizavam a consagração do corpo de Cristo a Deus. A oferta de paz simbolizava a Jesus como o Príncipe da Paz. A oferta pelo pecado simbolizava a provisão continua de Cristo para o pecado confessado. A oferta pela culpa simbolizada a oferta de Cristo a Deus como compensação pelos danos do pecado. As ofertas das duas aves e da novilha vermelha simbolizavam a purificação proporcionada por Cristo por contaminações diversas. (Alguns dados foram colhidos e adaptados do livro Conheça Melhor o Antigo Testamento, de Stanley Ellisen). Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

sábado, 8 de novembro de 2014

Uma panorâmica sobre Êxodo


      O Livro de Êxodo segue naturalmente ao livro de Gênesis não só na sequência dos livros da Bíblia, mas também por causa do assunto dos últimos capítulos daquele livro.
     Como foi dito acima, para se ter uma compreensão  melhor do Êxodo faz-se necessário que nos reportemos ao último capítulo de Gênesis onde encontramos a família de Jacó estabelecida na planície de Gosen, estuário do rio Nilo, no Egito. Ali o povo sob a benção de Deus cresceu de uma maneira extraordinária (Gn 47.27), pois se estima que por ocasião do Êxodo houvesse umas 2.500.000 pessoas. 
      Com esse crescimento vertiginoso, cresceu também a preocupação do faraó vigente, e a partir dai começou uma opressão muito grande contra o povo de Deus, fazendo com que ele clamasse ao Deus Altíssimo. Deus graciosamente ouviu o clamor do povo e lhe levantou um libertador na pessoa de Moisés. Moisés escapara miraculosamente da sentença de morte vigente no Egito, na época, sobre as crianças judias de sexo masculino.
     Esse levita, filho de Anrão e Joquebede, teve que fugir do Egito aos quarenta anos porque matara um egípcio que espancava um judeu. No deserto de Midiã Moisés se casou com Zípora filha de Jetro. No deserto como pastor de ovelhas Moises passou quarenta anos. Aos oitenta anos teve a famosa visão de Deus na sarça ardente, quando foi convocado pelo Senhor para tirar o Seu povo do Egito.
     A libertação de Israel da escravidão egípcia deu-se através de tremendo juízo de Deus sobre aquele povo, através das dez pragas. Por ocasião da última praga, a morte dos primogênitos, o povo de Israel saiu do Egito, após celebrar a páscoa, que por sinal foi a primeira delas.
     Quando Israel saiu do Egito, o primeiro obstáculo foi o Mar Vermelho que Deus, com o seu poder, dividiu em dois para que Israel passasse por ele a pé enxuto. Depois o povo enfrentou outro grande obstáculo, que foi o primeiro confronto militar, no caso contra os amalequitas.
     Na jornada para o monte Sinai o povo de Deus enfrentou diversos problemas, tais como a falta de alimento e de água, que Deus supriu miraculosamente.
   Ao chegar à planície do Sinai, o povo de Deus se aquartelou enquanto Moisés foi convocado por Deus para subir ao monte onde lhe foi entregue as tábuas da Lei, os Dez Mandamentos. Pelo fato de Moisés ter demorado quarenta dias, o povo de Israel obrigou a Arão, o irmão de Moisés, a fazer um bezerro de Deus. Quando Moisés desceu do Sinai o povo desenfreado estava cultuando o bezerro de ouro. Moisés irado quebrou as tábuas da Lei, o que o obrigou a subir novamente ao Sinai e lá Deus escreveu de novo o Decálogo.
    Ainda no Sinai, segundo Êxodo, aconteceram alguns eventos importantíssimos na vida de Israel, quais sejam: a construção do santuário móvel e a instituição do sacerdócio. O santuário construído por Moisés tinha três partes distintas, a saber: o átrio, o lugar santo e o lugar Santo dos santos. No primeiro ficavam duas peças sagradas: o altar dos holocaustos e a pia de lavar. No lugar santo ficavam três peças: o candelabro de ouro, a mesa com os pães da proposição e o altar do incenso. No Santo dos santos ficava somente a arca da aliança que tinha uma tampa de ouro maciço com a figura de dois querubins, um olhando para o outro. Naquele local só poderia entrar o sumo sacerdote uma vez por ano para fazer expiação pela nação de Israel.
    Outra instituição importante para a vida do povo de Deus foi o sacerdócio arônico, instituído também ali na planície do Sinai. Deus escolhera Arão e seus quatro filhos para oficiar no tabernáculo e deu a sua descendência esse privilégio (Ex 28.1; Hb 5.4).  Com a organização do exército, o que ocorreu no primeiro censo, objeto do livro de Números, o povo de Deus poderia ser chamado, a partir de então, de uma nação, um reino de sacerdotes, um povo santo (Ex 19.6).
     Tudo o que aconteceu no Sinai, a entrega da Lei, a construção do tabernáculo, a instituição do sacerdócio e o primeiro censo, seguiram a uma ordem divina.
     O livro de Êxodo termina com a consagração do  templo móvel e a descida da glória de Deus sobre ele, enchendo aquele santuário. Daí por diante a presença de Deus estava sobre os querubins da arca da aliança, e que acompanharia Israel em suas jornadas para a terra da promessa, Canaã.         
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Uma panorâmica sobre Gênesis


      O primeiro livro da Bíblia Sagrada chama-se Gênesis, que significa origem, começo.  O titulo é bem apropriado ao assunto básico desenvolvido pela primeira parte do livro, pois nele encontramos as origens dos céus, da terra, do ser humano, do pecado, etc.
     A autoria do livro é atribuída a Moisés, o grande líder levantado por Deus para libertar Israel do cativeiro egípcio. Tudo indica que Moisés o escreveu quando estava com o povo de Deus no deserto após a saída do Egito.
    Os personagens humanos mais salientes desse livro são Adão e Eva, Caim e Abel, Enoque, Noé, Abraão, Melquisedeque,  Ló, Isaque, Esaú, Jacó e José.  Também são mencionados os nomes de famosas mulheres: Eva, Sara, Rebeca, Lia, Raquel e Diná.
   O livro de Gênesis divide-se em duas partes chamadas de Era Pré Patriarcal (1 a 11) e era Patriarcal (12 a 50). Na primeira parte encontramos o relato da criação, especialmente da criação do ser humano que foi feito a imagem e semelhança de Deus. Depois o livro trata da questão da queda de nossos primeiros pais quando desobedeceram a uma ordem expressa de Deus. Em seguida o livro trata de um drama familiar quando Caim, primeiro filho do casal Adão e Eva, assassina por motivo fútil seu irmão Abel. Depois o livro de Gênesis nos mostra o desenvolvimento da geração antediluviana e a sua destruição através do dilúvio como juízo divino por causa do pecado. Depois o livro fala sobre o crescimento da geração pós dilúvio, que se desenvolveu através dos filhos de Noé, Sem, Cão e Jafé. O livro trata também da confusão das línguas como juízo por causa da pretensão egoísta daquela geração que não queria povoar a terra e sim se estabelecer num determinado local.
      Na segunda parte do livro o enfoque é dado nos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. O livro ainda dá um destaque especial a um dos doze filhos de Jacó, José, que Deus usou para proteger a família de Jacó por ocasião de   uma grande fome que varreu o mundo conhecido. 
  Quanto ao patriarca Abraão o livro ressalta a aliança que Deus fez com ele, que contemplou duas descendências, uma humana e outra espiritual. Abraão é conhecido como pai dos judeus e pai da fé, daqueles que são chamados pelo Evangelho de Cristo. Ainda em relação ao primeiro patriarca o livro fala de seu filho Isaque que nasceu da sua velhice, pois tanto Abraão como Sara eram bastante idosos e ela estéril. A promessa que Deus fizera a Abraão, além dos temas citados, contemplava também a concessão de uma porção de terra no Oriente Médio, a terra de Canaã. A promessa de Deus perpassa para os seu filho Isaque e para o seu neto Jacó, herdeiros da mesma promessa.
   Deus é revelado através desse livro como o Deus Todo Poderoso que tudo criou do nada. Revela-se ainda como o Deus que tem um programa estabelecido na eternidade e que começou a se cumprir no tempo com a criação do ser humano. Ainda se revela Deus como o Deus santo e justo e que pune o pecado, pois o ser humano criado tem responsabilidade moral perante Ele. O livro ainda nos mostra um Deus gracioso e provedor no cumprimento do seu eterno propósito envolvendo os homens. Ainda Deus é revelado como o Deus dos milagres quando interveio em algumas ocasiões de forma miraculosa para abençoar o seu povo.
   Quanto a Cristologia, o livro de Gênesis nos apresenta as promessas ainda que de forma embrionária da vinda do Messias a este mundo. Em Gênesis 3.15 nos é dito que o Messias seria um descendente da mulher, que esmagaria a cabeça da serpente, fazendo uma alusão velada da grande vitória de Cristo sobre a antiga serpente, o diabo, na cruz do Calvário. Na promessa que Deus fez a Abraão em Gênesis 12 e renovada em Gênesis 17, o livro nos fala de Cristo como o descendente de Abraão. Em Gênesis 49.10 nos é dito que o Messias seria da tribo de Judá, um dos filhos de Jacó. Além dessas profecias diretas encontramos Cristo prefigurado através de pessoas, objetos, instituições, etc.
   Os patriarcas viveram uma vida nômade, como peregrinos na terra de Canaã, muito antes de sua conquista pelo líder guerreiro Josué, mas sempre mantiveram uma devoção profunda ao Deus dos Céus que os escolhera.     
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

OS CRENTES EM CRISTO E O RESULTADO DAS ELEIÇÕES

                       
    Os crentes em Cristo sabem pelas Sagradas Escrituras que Deus é soberano, Senhor do Universo e que a terra e tudo o que nela existe, inclusive os seres humanos pertencem a Ele. Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam” Sl 24.1.

     Em relação ao pleito eleitoral realizado no domingo passado em nosso País, o soberano Senhor do universo fez a sua vontade reconduzindo uns, aprovando outros e reprovando a quem Ele quis reprovar, em relação aos cargos eletivos, pois Ele é quem estabelece reis e depõe reis. “Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos” Dn 2.21.

     A postura do servo de Deus, daqui por diante, é respeitar a ordem estabelecida por Deus no designo de sua vontade e obedecer aos líderes que Ele instituiu pela sua graça e vontade, exceto na questão do pecado.   “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação” Rm 13.1,2. Veja ainda o que diz outra Escrituras sobre o assunto: “Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; Quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos; Como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus. Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei” 1 Pe 2.13-17.
   
    Estamos assistindo nas redes sociais ministros do evangelho de renome neste País, mostrando sua indignação pelo fato de seu candidato não ter sido eleito. Esses líderes com essa postura de insubmissão a vontade de Deus instigam os seus seguidores a transgredirem a santa Palavra de Deus se posicionando contra aquilo que foi estabelecido por um pleito democrático no qual Deus manifestou a Sua soberana vontade.
  
     Lembramos aos irmãos da Igreja do Senhor Jesus espalhada no Brasil que reflitam sobre a postura desses líderes e pensem muito antes de dizer “amém” aos seus posicionamentos políticos, pois muitos deles já perderam há muito tempo a visão do Deus soberano que governa o universo. As Sagradas Escrituras, única regra de fé e prática dos cristãos, recomendam que os crentes em Cristo orem pelas autoridades constituídas por Deus para que tenhamos uma vida sossegada e tranquila, conforme o texto a seguir:Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade, pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador” 1 Tm 2.1-3.

Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
Outubro de 2014



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Uma panorâmica sobre os livros da Bíblia


      A Bíblia Sagrada, a santa Palavra de Deus, é uma coleção de sessenta e seis livros, sendo trinta e nove do Antigo Testamento e vinte e sete do Novo Testamento. Nela Deus se revela de uma forma especial, aquilo que Ele quis revelar acerca do Seu Ser, de Seus atributos, do Seu caráter e, sobretudo, de Sua vontade para o ser humano em geral e especialmente para os seus servos, aqueles que creram e aceitaram a Jesus Cristo como Filho de Deus, Salvador e Senhor de suas vidas.
      O Antigo Testamento tem a seguinte classificação: O Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio); os Livros Históricos (Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester); os livros Poéticos (Jó, Salmos, provérbios, Eclesiastes e Cantares) e os livros Proféticos (Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias). O Novo Testamento é classificado assim: os Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João); o Livro Histórico (Atos dos Apóstolos); as Epístolas Paulinas (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom); a Epístola aos Hebreus; as Epistolas Gerais (Tiago, 1 e 2 Pedro; 1,2, e 3 João e Judas); e o livro de Apocalipse.
     Diversos servos de Deus foram usados por Ele para escrever o Cânon Sagrado. Todos eles foram inspirados pelo Espírito Santo para produzir esse tesouro maravilhoso. “sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo” 2 Pe 1.20,21. (Veja ainda 2 Tm 3.16,17).

     A inspiração das Escrituras fez com que ela se tornasse infalível, verdade absoluta, Palavra de Deus, única regra de fé e prática do cristão.
     Para se ter uma compreensão melhor das Escrituras faz-se necessário que o leitor entenda que a mesma foi escrita em diversos estilos literários, e que não podemos interpretar tudo ao pé da letra como se diz. Nela são usadas muitas figuras de linguagem, metáforas, parábolas, profecias, linguagem apocalíptica, etc.
  Uma especial atenção deve ser dada a questão da progressividade da revelação, ou seja, Deus não revelou tudo de uma só vez, ao contrário, foi-se revelando aos poucos, ao longo do tempo, aproximadamente dezesseis séculos. Nessa revelação os profetas tiveram um papel preponderante, sendo instrumentos de Deus para isso. “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho...” Hb 1.1,2 A revelação completou-se com os escritos apostólicos. As muitas coisas que o Senhor Jesus disse que ainda diria aos seus apóstolos, mas que seriam ditas depois foram ditas pelos escritores do Novo Testamento (Jo 16.12).
  No que se refere à vontade de Deus revelada nos dois Testamentos, deve-se observar que muitas coisas que foram reveladas no Antigo Testamento ao Israel etnia para observância daquele povo caducou, já cumpriram o seu papel histórico e profético, e só tem serventia para o Novo Israel, a Igreja, como figuras, tipos e exemplos a serem seguidos. Veja, por exemplo, os rituais e sacrifícios constantes do livro de Levítico, tudo aquilo foi cumprido na vida, ministério e obra realizada por Jesus.
   Ninguém está autorizado a pegar um texto do Antigo Testamento, isolá-lo do contexto, e quere-lo aplicar para a vida da Igreja como se fosse Palavra de Deus para os cristãos. As coisas registradas no Antigo Testamento para serem observadas pela Igreja como regra de fé e prática devem ter o respaldo do Novo Testamento.
    Nos boletins que se seguem, pretendemos pela graça divina dissertar de forma panorâmica sobre cada um dos livros das Sagradas Escrituras. Pretendemos ainda com isso despertar nos irmãos que fazem a III IEC/JPA e aos que nos leem através do Site da Igreja o interesse em ler a Palavra de Deus. Cremos que com essa leitura o leitor terá um apego maior as Escrituras, crescerá no conhecimento do Senhor, bem como terá sabedoria suficiente para viver de um modo que agrade a Deus.                         
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

sábado, 18 de outubro de 2014

As Sete Igrejas do Apocalipse (II)


      Dissemos no primeiro boletim sobre as sete cartas do Apocalipse (24/08/14) que existem pelo menos quatro escolas que interpretam o livro de Apocalipse (Preterista, Historicista, Futurista e Idealista).
     Em relação às sete Igrejas essas escolas veem as igrejas do Apocalipse como: Igrejas históricas (Escola Preterista, Escola Historicista e Escola Idealista); Sete períodos da história da igreja (Escola Futurista).
    Quanto à Escola Futurista, os seus mentores ensinam que as  Igrejas do Apocalipse são Igrejas históricas, mas que também representam sete períodos da história da Igreja, a saber: A Igreja de Éfeso – Igreja Apostólica (30 – 100 d.C.); A Igreja de Esmirna – Igreja Perseguida (100 a 313 d.C.); A Igreja de Pérgamo – Igreja Estatal (313 a 590 d.C.); A Igreja de Tiatira – Igreja Papal (590 a 1517 d.C.); A Igreja de Sardes – A Igreja da Reforma Protestante (1517 a 1730 d.C.); A Igreja de Filadélfia – A Igreja Missionária (1730 a 1900 d.C.); A Igreja de Laodicéia – A Igreja Apóstata (1900 até a época atual...).
     Outros veem que na história da Igreja, desde o Pentecostes até a época do seu arrebatamento, toda Igreja local tem parte de crentes tipo Éfeso, que já  perderam o seu primeiro amor; de crentes tipo Esmirna, que são fiéis a Deus a ponto de dar a sua própria vida por causa do Evangelho; de crentes tipo Pérgamo, que estão comprometidos com as coisas do mundo e seguem ensinos errados; de crentes tipo Tiatira, que também como os de Pérgamo vivem comprometido com as coisas deste mundo e que são fascinados por coisas misteriosas; de crentes tipo Sardes, que não negam a fé, mas não abandonam o mundo, tem nome de quem vive, mas está morto; de crentes tipo Filadélfia, que guardam a Palavra de Deus e que são guardados por Ele em época de tribulação; de crentes tipo Laodicéia, que não são quentes nem frios, mas mornos e que estão prestes a ser vomitado da boca do Senhor,  por Lhe causar náuseas.
  Nas sete cartas, além das quatro coisas comuns que já falamos nos boletins anteriores (uma apresentação de Jesus tirada do capitulo 1 do livro de Apocalipse, principalmente da visão que João teve do Senhor glorificado; uma análise da vida interna de cada igreja feita pelo Seu Senhor, identificando pontos positivos e negativos, uma admoestação a cada Igreja, e uma promessa ao vencedor), encontramos algumas expressões comuns as sete Igrejas, quais sejam: “Ao anjo da Igreja... escreve”. Uns acham que esses anjos são seres espirituais designados por Deus para cuidar da Igreja, mas isso é muito improvável, pois os anjos de Deus são santos, puros, e em cinco delas, exceto Esmirna e Filadélfia, o Senhor os censura. Tal censura seria uma incoerência em se tratando de seres espirituais santos e puros. A melhor interpretação é que esses anjos sejam os presbíteros da Igreja (docente – Pastor, e regentes – não pastores). Essa nossa afirmação baseia-se nos textos de At 20.28 e 1 Pe 5.1-4 onde os presbíteros são constituídos pelo Espirito Santo para o pastoreio da Igreja do Senhor.
    Outra expressão que merece uma atenção especial é o insistente apelo para que se ouça o que o Espírito diz as Igrejas. Essa expressão comum às sete Igrejas falou tanto para as igrejas históricas da época como fala para a Igreja do Senhor em todas as épocas.  Todos já têm ciência de que o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes sobre a Igreja e individualmente, a partir daquele dia, sobre cada novo convertido a Cristo (Jo 7.37-39; Ef 1.13; 1 Co 12.13; Tt 3.5,6).
     O Senhor prometeu que o Espírito Santo seria enviado para estar sempre com a Igreja até o dia do seu arrebatamento. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre. A saber, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós” Jo 14.16,17.
     Faz-se necessário que os crentes em Cristo  fiquem atentos para o que se diz na Igreja, procurando ouvir a voz do Espirito, que fala através dos cânticos, das pregações, das orações, da manifestação dos dons espirituais, tudo isso passando pelo crivo da Santa Palavra de Deus.       
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A Igreja de Laodicéia (Ap 3.14-22)


      A cidade de Laodicéia situava-se na Ásia Menor e teve o seu nome dado em homenagem a Laodice, esposa do rei Antíoco II, sírio, que estendera o seu domínio até aquela parte do mundo. Uma fonte de agua quente abastecia a cidade que, devido ao seu percurso, chegava a ela, morna. Nessa próspera cidade havia indústrias de lã bem como uma florescente indústria farmacêutica onde o colírio para tratar doenças de olhos era famoso.
      A Igreja em Laodicéia, tudo indica, fora fundado por Epafras um dos obreiros contemporâneo de Paulo. O apóstolo Paulo escrevera uma carta a essa Igreja, mas ela não faz parte do Cânon Sagrado (Cl 4.16). Era ela uma Igreja rica, pois a maioria de seus membros tinha uma condição social elevada, e ela se regozijava por isso.
     O Senhor Jesus se apresentou aquela Igreja como o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus. “Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” Ap 3.14. Com essa apresentação o Senhor Jesus se revelou aquela Igreja como uma pessoa digna de crédito pelo que iria dizer para ela. Amém significa assim seja; o que é  verdadeiro; concordo com o que se é dito. Ele ainda se revelou  como o principio da criação de Deus, ou seja, como aquele por quem tudo foi criado, e existe. “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” Jo 1.3.  (veja ainda Cl 1.15-17).

 Na análise que o Senhor Jesus fez da vida interna da Igreja de Laodicéia não foi identificado nenhum ponto positivo, aliás, é a única das sete Igrejas do Apocalipse em que isso acontece. “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca. Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”Ap3.15-17. Jesus, conhecedor da vida íntima da Igreja, disse que ela não era fria nem quente, mas morna e isso lhe causava náuseas e que estava prestes a vomitá-la de sua boca, fazendo referência à água morna que chegava a Laodicéia e que causava náuseas em seus habitantes. Essa mornidão espiritual era o resultado da vida dos laodicenses comprometidas com as coisas do mundo. Eles amavam mais as coisas do mundo do que as coisas de Deus, o que acontece com muitos que fazem a Igreja na atualidade, que amam mais as coisas da presente época do que as coisas do Reino de Deus. (Leia Tg 4.4; 1 Jo 2.15-17).
    O Senhor advertiu a Igreja, que se julgava rica e próspera, para que ela buscasse dele as verdadeiras riquezas espirituais que satisfazem de fato a alma humana. “aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quanto amo: sê, pois, zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” Ap 3.18-20. As vestes brancas falam de pureza que o sangue de Jesus produz na vida daqueles que se arrependem de seus erros. Os olhos curados pelo colírio divino falam de uma visão espiritual restaurada. O Senhor revelou que estava a porta daqueles corações querendo que eles gozassem de comunhão com Ele. Ainda o Senhor diz que Ele é aquele que disciplina os membros faltosos, caso não se arrependam de seus pecados.
   Finalmente o Senhor fez uma promessa ao vencedor, dizendo que aquele que vencesse se assentaria com ele em seu trono, como ele venceu. “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono” Ap 3.21.  O Jesus que venceu com a sua morte e ressurreição garante vitória aos crentes fiéis, bem como os recompensa com bênçãos divinas no Reino vindouro.
    A carta termina com a insistente declaração do Senhor para que se dê ouvidos a voz do Espirito que habita na Igreja.       
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti

sábado, 4 de outubro de 2014

A Igreja de Filadélfia (Ap 3.7-13)


      A cidade de Filadélfia foi fundada por um homem chamado Átalo Segundo, em 140 a.C. Átalo tinha um irmão chamado Eumenes, ambos tinham o sobrenome Filadelfo, e por amor ao seu irmão deu a cidade o nome de Filadélfia, que significa amor fraternal. Essa cidade, atual Alasehir na Turquia, pelo fato de ter sido fundada próxima a uma área vulcânica era suscetível à ocorrência de terremotos, inclusive houve um deles que quase a destruiu, mas foi reconstruída com o auxilio do imperador romano Tibério que doou dinheiro para a sua reconstrução e a isentou de tributos, e como gratidão a cidade construiu um templo em sua homenagem. Por causa do constante perigo que corria, as suas portas eram continuamente abertas para evacuar a população quando da ocorrência de possíveis terremotos. Quando Jesus disse que tinha colocado uma porta aberta diante da Igreja, os irmãos de Filadélfia sabiam, por experiência própria, da importância de uma porta aberta, por onde havia escape diante do perigo iminente. 
     Quanto o Senhor Jesus fez a análise da vida interna daquela Igreja não encontrou nenhum ponto negativo que precisasse de uma reprimenda.
    O Senhor Jesus se apresentou aquela Igreja como aquele que é Santo e Verdadeiro e que tem a chave e a autoridade para abrir e fechar. “E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi, o que abre, e ninguém fecha, e fecha, e ninguém abre”.  Ap 3.7. Com essa declaração, o Senhor quis dizer que Ele é santo, puro, prefeito, e que é a verdade absoluta, nele não há mentira nem falsidade. Quis dizer também que só Ele tem a autoridade real para abrir e fechar e a porta que Ele abre ninguém fecha, e a que Ele fecha ninguém abre, pois  é Senhor, Rei, Soberano e todas as coisas obedecem ao Seu comando.

     Ao analisar a vida interna da Igreja, Jesus identifica a fidelidade da Igreja em guardar a Palavra de Deus e em não negar o Seu precioso nome diante de uma sociedade corrompida pelo pecado, inclusive diante da oposição que os judeus faziam ao progresso do Evangelho em Filadélfia. “Eu sei as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás (aos que se dizem judeus e não são, mas mentem), eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo. Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra” Ap 3.8-10. Na análise que Jesus fez, Ele revela que a Igreja é amada por Ele e que a guardaria na hora da tribulação que se aproximava. Os irmãos pré-tribulacionistas interpretam esse texto dizendo que a Igreja será arrebatada (guardada, removida) antes de se instalar a Grande Tribulação. Outros acham que guardar nesse texto significa preservar durante.
    Em seguida, Jesus faz uma advertência a Igreja de sua volta iminente e que ela deveria guardar o que tinha recebido de Deus para que não perdesse a recompensa,  que Deus dará aos seus servos fiéis. “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” Ap 3.11.
    Depois Jesus fez uma promessa ao vencedor nesses termos: “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome”. Ap 3.12. O redimido pelo sangue do Cordeiro receberá bênçãos extraordinárias derivadas da vida eterna, simbolizadas no texto como “coluna do templo de Deus, que não será removida”, “o nome de Deus, da santa cidade, o nome de Jesus será gravado na vida do redimido”.
    Finalizando, Jesus, como faz nas sete cartas, adverte para que se dê ouvidos ao que Espírito Santo estar dizendo a Igreja, através das mensagens dessas cartas. “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” Ap 3.13.      
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti.

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